Por Mariana Kaoos
Gente, para tudo e me explica uma coisa: Que evento mais lindo, cheio de força e significado como a Mostra Cinema Conquista é esse? Porque parece que é um sonho, mas não é. O Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima finalmente está sendo (muito bem) ocupado por um público vasto que compreende as mais diversas faixas etárias, condições sociais, gênero e etnia. A Mostra tem exibido uma gama de curtas e longas de excelentíssima qualidade e proporcionado aos consumidores do evento debates, reflexões, questionamentos acerca do fazer e estudar cinema. E a exposição em homenagem ao ator Paulo Tiago, poxa!, para falar dela chega faltam palavras, não é mesmo? Delicadíssima, de muito bom gosto, cuidadosa para com o seu trabalho, extremamente criativa e requintada. É uma exposição para comer. Comer com os olhos as pinturas de Paulo, comer com os ouvidos seus poemas, suas indagações e, mais ainda, comer com a alma a grandiosidade da sua obra e o grande homem que ele foi. Foi não. Se os seus frutos, cada vez mais, se perpetuam, então que possamos comer com a alma o grande homem que ele ainda é.
Voltando a falar da Mostra, a noite de ontem (06), por exemplo, foi transcendental. No horário das vinte horas, um dos curtas exibidos foi o intitulado J. C. D’Almeida: Uma Foto-síntese, dirigido pelo cineasta e professor do curso de Cinema e Audiovisual da Uesb, Rogério Luiz. J. C. é uma figura ímpar em Vitória da Conquista. Fotógrafo e livre pensador, ele é um dos nomes que fazem história dentro do nosso cenário cultural, movimentando-o com suas fotografias e ideias. Rogério, por sua vez, foi muito feliz e sensível ao pensar na importância de J. C. e na proposta de fazer um curta documentário acerca de sua vida. O resultado não poderia ser outro: o filme é belíssimo, engraçado e profundo. Filmado em preto e branco, ele tem como locação o sertão do sudoeste baiano e alguns pontos da França. Ontem, quando o filme foi exibido, tornou-se possível observar na expressão da plateia uma sensação de reconhecimento. Reconhecimento em Rogério, em J.C., no cenário, na expressão da fala, nos eventos pontuados no documentário. A Mostra acertou em cheio em abrir espaço de exibição para as produções locais que geram impacto e orgulho para os que são daqui e querem se ver retratados na telona do cinema.