Por Carolina Cordeiro, Giulia Santana, Isis Pereira, Luana Lopes, Mariana Aragão – Site Avoador
Jaciara* levou um soco no olho. Rita* foi ameaçada de perder a própria casa. Ester* sofreu uma tentativa de estrangulamento. Três mulheres, três histórias de violência no lar, um desfecho em comum: a denúncia contra seus agressores. No Brasil, de acordo com a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, entre 2015 e 2016, houve um aumento de 133% nas denúncias de violência doméstica e familiar – qualquer ação ou omissão baseada no gênero que cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial, como aponta definição prevista na Lei Maria da Penha.
Ao romperem o silêncio e registrarem ocorrências, as mulheres passam a enfrentar outros problemas: sofrem ameaças de morte, precisam abandonar a casa, o emprego, ficam sem dinheiro, perdem os filhos. Mas, antes mesmo de chegarem às instâncias criminais e jurídicas, as vítimas de violência doméstica enfrentam um longo caminho até concretizarem oficialmente a denúncia.
A psicóloga e professora do curso de Medicina da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), Monalisa Barros, acredita que “o que mais dificulta as denúncias é a existência de uma estrutura social que acoberta a violência contra a mulher e defende o homem”. Quando a vítima expõe sua situação à família, normalmente, ouve que não é bom manchar o nome do homem agressor ou que ninguém vai acreditar nela enquanto vítima.
Antes de apelar à Justiça, Rita, 38 anos, recorreu à família do ex. Ela entrou em contato com a sua cunhada pedindo ajuda, pois não queria denunciar o pai de sua filha. “Quando meu irmão ficou sabendo da situação, ele me aconselhou a ir à delegacia, mas fiquei insegura, porque eu também me sentia parte da família do meu então companheiro, daí eu mandei um áudio pelo WhatsApp para minha cunhada dizendo que ele estava me ameaçando e que estava muito violento”. A resposta, também em áudio, dizia que os irmãos iriam se reunir para discutir a situação e que conversariam com ele para que parasse com aquelas atitudes. “No entanto ele não parou e, a partir daí, por medo do que poderia acontecer comigo, eu denunciei”, conta.
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