Por Danillo Bittencourt
Mestrando em Relações Étnicas e Contemporaneidade – UESB
Pós-graduando em Direitos Humanos e Contemporaneidade – UFBA
Graduando em Pedagogia – UNIT
Bacharel em Comunicação Social – UESB
Descobre-se estranho. Não por si. Mas pelo outro e doí. Ver em outros olhos, sua caricatura. Quem entenderia tamanha loucura? Acreditar ser o que realmente se quer ser. Não lhe o que está (im)posto; pois, se desperta desgosto, nosso caminho é seguir do lado oposto. Lado que incomoda. Atirou-me na cabeça. Fim de festa. Se não deu pra ir mais longe, fui só mais uma, apenas essa satisfeita, mas longe do sonho que carreguei. Quem dera fosse o amor o sentimento que despertei!
São palavras tristes e chorosas, num momento de perda, mas que me proponho a falar de amor. Amor como sentimento vivo que conhecemos no caminhar da amizade, no cotidiano das risadas, dos compromissos, da luta por uma sociedade que nos entendesse, que nos respeitasse e nos enxergasse como humanos. O ódio, a ausência de políticas afirmativas, a exclusão, a alta vulnerabilidade, tiraram do nosso convívio, a nossa Raphaela!
Conheci Rafa, como carinhosamente a chamava, em 2011, quando retornei a Vitória da Conquista para assumir meu concurso junto à Prefeitura de Vitória da
Conquista. Ela era a primeira transexual funcionária da Secretaria de Desenvolvimento Social, atuando junto com o Programa Bolsa Família. Sua feminilidade, seu jeito sorridente, sua pele de jambo se destacavam naquele enorme salão. Foi ali que começou uma amizade e uma história de luta. Junto com Rafa, construímos a Assessoria de Diversidade Sexual, órgão que hoje é uma Coordenação de Políticas de Promoção da Cidadania e Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais.
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