Do Blog de Giorlando Lima
Ela está no noticiário quase todo dia por ter assumido um ministério que o presidente Jair Bolsonaro criou para ser emblemático de seu governo, notoriamente conservador. Por muito tempo, o que qualquer pessoa, em qualquer cargo no governo atual do país, disser ou fizer vai ser notícia. As pouquíssimas mulheres – inclusive por serem pouquíssimas – são destacadas. Pelo que dizem, fazem, vestem, e até pelo que creem. Da primeira-dama, com seu vestido, seu discurso em Libras, sua idade, até Damares Alves, a advogada e pastora evangélica militante antiaborto, contra a ideologia de gênero e defensora da escola sem partido, que assumiu o ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, com sua visão de Jesus no pé de goiaba (isso só entendem os crentes ou quem já esteve na desesperada situação de se matar) e sua empolgação ao emprestar aos novos tempos bolsonarianos uma imagem contestada pelo movimento progressista da sociedade.
Virou meme a sua fala de que começou uma nova era, em que “menino veste azul e menina veste rosa”. Percebendo que propôs um estereótipo ultrapassado, a ministra explicou que fez apenas uma metáfora. “Fiz uma metáfora contra a ideologia de gênero, mas meninos e meninas podem vestir azul, rosa, colorido, enfim, da forma que se sentirem melhores”, disse ela por meio de sua assessoria de imprensa, sem consertar muito o que disse. Damares também foi castigada nas redes sociais por ter dito que “o Estado é laico, mas esta ministra é terrivelmente cristã”. Pegou mal o uso do adjetivo terrível, cujos significados todos são negativos. E outros virão, certamente. Frases e atitudes que serão contestadas, pela razão de manifestarem pensamento estranho à noção de governo e sociedade que se vinha construindo.
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