Por Gabriel José – Estudante de Cinema da Uesb
Quando o amor se faz pleno, esse sentimento é capaz de enfrentar as dúbias convenções morais e sociais, destituir tradições e desonrar mandamentos em prol de que duas pessoas possam se amar livres de qualquer empecilho. Em Louca Paixão (Turks Fruit, 1973), obra seminal que apresentou o cinema de Paul Verhoeven para o mundo, é a extrema exemplificação imagética da força de duas pessoas que se amam sem medidas, à flor da pele, sem se importarem com as coisas e pessoas que as rodeiam, enfrentando o mundo e se isolando dele por meio da paixão irrefreável que os destroem. O caminho que casal de Ferrugem e Osso percorre é justamente o contrário do que é presenciado em Louca Paixão.
No filme de Jacques Audiard, os dois personagens, que a principio não se conhecem, se encontram a ponto de se autodestruírem, em um doloroso declínio, ora físico, ora emocional, que desmorona sobre eles, seja de forma trágica ou por falta de adequação a uma vida não realizada, e que só não os implodem por que eles se encontram e resolvem se ajudar de forma mutua, sem exibirem qualquer sentimento de lástima ou comiseração um pelo outro.