Opinião: O mercado fechou a porta. E o Racismo?

Por: Vilmar Rocha*

Em um dia da semana passada, o Carrefour fechou as portas para rever a sua política de vigilância e treinar os seus prepostos e terceirizados no sentindo que se melhorar este tipo de serviço dentro das suas lojas.

Isso ocorre depois da morte de João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, por dois seguranças do supermercado no último dia 19, véspera do Dia da Consciência Negra (G1). Esse triste fato foi amplamente divulgado pela mídia e causou indignação em muita gente, mas não em todo mundo.

Ao ser questionado sobre o fato, o Vice-Presidente da República declarou que não existe Racismo no Brasil (DW) e que se trata de algo que querem importar para cá, como se a História nos contasse algo bem diferente do que realmente aconteceu durante o período de escravidão no Brasil e dos episódios de cunho racista que ocorrem até hoje.

Vários desses episódios ilustram o fato de que o Racismo está presente na sociedade brasileira e muitos crimes ficam sem desfecho ou explicação, visto que, conforme indica um estudo feito pelo Ipea, em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, aponta que 75,9% dos jovens brasileiros mortos entre 2008 e 2018 eram negros.

É incoerente, de fato, a mais alta instância executiva do país dar uma declaração desse tipo, tendo em vista o que mostram as pesquisas e os acontecimentos que estão ao alcance do nosso olhar, e ainda, aqueles que não conseguimos enxergar.

Bom, mas a semana e o Dia da Consciência Negra já passaram. Estamos já em clima de Natal e as decorações já começam a aparecer. Sim, 20 de novembro já passou, mas esse é um assunto que devemos levar à pauta a todo momento e não apenas na data citada. Precisamos sempre lembrar para que, talvez assim, as pessoas mudem um pouco o pensamento da questão étnica para a questão humana.

Eu não concordo com a palavra Racismo, mesmo sendo um construto social, pois não consigo pensar a espécie humana dividida em raças, prefiro utilizar a semântica do étnico, mas isso é um projeto de dizer meu, pois a convenção está posta para ser utilizada e entendida.

Para finalizar, recomendo a leitura do livro Racismo Estrutural, do Silvio Almeida, ou até mesmo uma pesquisa sobre assunto para que tenhamos o entendimento sobre a institucionalização do Racismo. Quem sabe assim, não conseguimos uma sociedade mais justa e fraterna.

*Vilmar é licenciado em Letras pela Uneb e professor de português, como idioma vernáculo e inglês, como língua adicional. É especialista em Ensino de Línguas Mediado Por Computador pela UFMG e Mestre em Letras: Cultura, Educação e Linguagens pela Uesb.

Também é Administrador e Especialista em Gestão Empresarial. Além da sala de aula, orienta e coordena grupos de pesquisa. Também já trabalhou na gestão de contratos e desenvolveu projetos socioambientais.
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