Conquista: Audiência debate situação preocupante de proprietários de bares, restaurantes e artistas

Na manhã desta quinta-feira, 25, a Câmara Municipal de Vitória da Conquista (CMVC) promoveu uma audiência pública na qual discutiu os impactos da pandemia da Covid-19 na cultura e os espaços culturais de Vitória da Conquista. Músicos e representantes do cenário cultural da cidade expuseram as dificuldades enfrentadas nesse período.

A vereadora Nildma Ribeiro (PCdoB), uma das proponentes da audiência, explicou a necessidade dessa discussão, lembrando que a classe de músicos e artistas em geral está passando por dificuldades devido a pandemia. “Precisamos discutir ações que possam beneficiar e ajudar esses profissionais, eles estão passando por dificuldades”, comentou, explicando que a prefeitura proibiu a realização de lives que visam ajudar àqueles que mais precisam nesse momento. “A cultura tem crescido em nosso município, mas infelizmente tem gente que não valoriza”.

É preciso estabelecer critérios – O produtor cultural Osmar Bahia lamentou que a prefeitura, antes de estabelecer os devidos critérios para a realização das lives nos espaços culturais, tenha imposto o encerramento de uma transmissão que estava acontecendo no espaço Cultura Bacana, mesmo sem acesso do público, em prol de trabalhadores da área cultural e de bares e restaurantes da cidade. “Todo mundo deu as mãos para ajudar a essa classe que está desassistida. Fomos surpreendidos por alguns fiscais da prefeitura solicitando que a live fosse encerrada naquele momento”, relatou.

Para Bahia, não houve qualquer infração legal. “No meu entendimento não havia nenhuma infração. O decreto (que regulamenta a realização das lives) foi assinado no domingo, a live foi encerrada numa quinta”, apontou. “A prefeitura e os poderes devem sim usar do seu poder de polícia, que é legal, estabelecer normas, mas naquele momento não deveria, não através de imposição”, disse Osmar, defendendo o estabelecimento de critérios objetivos para a realização das lives.

A live tem o intuito de ajudar as pessoas – Jeanna Lopes, cantora e violonista, falou sobre o ocorrido durante a live realizada em prol das pessoas que trabalham em bares e restaurantes. “Fomos pegos de surpresa com a interrupção da live sem nenhuma explicação”, lamentou. Ela lembrou que seriam uma sequência de lives e que todas tiveram que ser canceladas. “Isso acarretou em prejuízo porque tínhamos pessoas prestando serviços e que tiveram de ser dispensados em cima da hora”. Até a live que aconteceria no sábado foi cancelada. A cantora lamentou a atitude da prefeitura e disse não entender a proibição, se o decreto só foi publicado no domingo e a live estava sendo realizada na quinta-feira: “A gente vai ao mercado, ao shopping e tem muito mais pessoas. A live foi na quinta e o decreto só saiu no domingo, não houve descumprimento de decreto. A live é solidária, estamos ajudando pessoas”, finalizou.

Descaso do Governo – O vereador Cícero Custódio (PT) lamentou o descaso do Governo Herzem com o setor cultural da cidade. “Cadê o secretário de Cultura, Turismo Esporte e Lazer? O Poder Executivo não está nem aí para os músicos, donos de bares, garçons e cozinheiras”, disse o parlamentar. “A gente vê como a Cultura é discriminada. A gente vê os prejuízos financeiros incalculáveis”, disse Custódio.

Segundo o vereador, as lives estão sendo o recurso alcançável pelos músicos nesse momento da pandemia, que atingiu fortemente o setor de produção cultural. “As lives são uma ajuda pra os músicos”, disse ele, defendendo que as transmissões sejam respeitadas pelo poder público.

A gente fica sem entender qual a motivação da proibição – A cantora da Banda Mulheres do Samba, Lanny Cerqueira, disse que os músicos foram pegos de surpresa: “Sempre fomos resistentes à realização da live porque somos uma banda de 10 pessoas, precisávamos pensar em uma estrutura e nos preparamos pra isso”, contou. Ela disse que no momento da live estavam todos felizes, “porque havíamos conseguindo muita ajuda para os garçons, cozinheiros de restaurantes, pessoas que precisam”. Ela lamentou dizendo que “se depender do município, infelizmente não vamos conseguir, graças a Deus temos pessoas que nos apoiam”.

Segundo ela, a cultura tem que acontecer o tempo inteiro, o ano todo. “Infelizmente estamos vivendo um momento crucial em que as pessoas precisam de ajuda cada dia mais”. Finalizou lamentando a forma como a live foi interrompida e disse que “já que saiu o decreto, vamos fazer a live em cima do decreto e ver no que vai dar. A gente faz arte por amor e para contribuir com quem precisa”.

Falta de sensibilidade do Governo – O vereador Danillo Kiribamba (PCdoB) lamentou a falta de sensibilidade que levou a prefeitura a interromper a live que estava sendo realizada no Cultura Bacana e a sequer enviar representantes para a discussão, mesmo tendo sido convidada a participar da audiência. “Com a cultura eles não têm sensibilidade nenhuma. O secretário Adriano Gama é músico e não mandou um representante para estar aqui com a gente. É uma coisa corriqueira da prefeitura”, disse Kiribamba. “A insensibilidade foi tremenda”, emendou.

Conforme Danillo Kiribamba, os empresários que apoiam as lives estão dando o apoio que a prefeitura insiste em não oferecer àqueles que estão sendo severamente prejudicados pela pandemia. “Coisa que eles (Prefeitura Municipal) não fazem: ajudar os artistas, donos de bar, garçons, cozinheiros”, analisou o parlamentar.

Artista precisa de trabalho – O músico e produtor musical Vadinho Barreto iniciou seu pronunciamento dizendo que “cesta básica não funciona para artista, artista tem que trabalhar”. Ele contou que no próximo sábado, dia 27, ele (Vadinho), Jânio Arapiranga e a Rádio Clube estarão realizando uma live. “Temos que dar um jeito para o artista trabalhar”. Concluiu dizendo que “a Secretaria de Cultura nunca tem dinheiro, não vem verba pra cultura” e pediu ajuda não só do poder público, mas também dos empresários.



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