Aconteceu na Bahia: Família de mulher que morreu de Covid-19 não encontra corpo no hospital e suspeita que tenha sido enterrado por engano

A família de Arlete Santos, que morreu de Covid-19 na manhã da última segunda-feira (1º), no Hospital Espanhol, está à procura do corpo, que provavelmente foi enterrado por engano.

Depois de realizar todos os trâmites burocráticos, os familiares chegaram ao hospital junto com a funerária, entretanto descobriram que o corpo de Arlete não estava lá.

A suspeita, como contou ao G1 o irmão da vítima, Jairo Santos, é de que o corpo tenha saído com outra família por engano.

“Eles estão achando que outra família levou o corpo. Mas como? Sem documento, sem nada? Como uma pessoa vai chegar aqui, pegar o corpo de outra pessoa e levar?”, disse.

“Minha família toda está na frente do hospital”.

O Hospital Espanhol, de acordo com nota enviada pela assessoria de imprensa, afirma que houve um erro no procedimento de liberação do corpo, tanto da família da outra vítima, que fez o reconhecimento equivocado, quanto da unidade, que liberou o corpo.

“Existe um protocolo seguindo todas as normativas de segurança para que não ocorram incidentes como este. Neste caso específico, do reconhecimento do corpo da Sra Arlete dos Santos Reis, houve falhas humanas, nas duas etapas – tanto na conferência da etiqueta, por parte do hospital; como no reconhecimento do corpo, de forma visual, por parte de um único familiar, dentro das prevenções de contaminação da Covid-19”, afirmou o hospital.

Quando o paciente morre vítima de coronavírus, o hospital autoriza que apenas um familiar, devidamente paramentado com os equipamentos de proteção, realize a identificação do corpo.

Devidamente identificado, o corpo é lacrado e assim permanece até ser enterrado, com o caixão lacrado.

Jairo contou que a família que provavelmente levou o corpo por engano chegou ao hospital depois de realizar o enterro, mas não soube dizer se a pessoa enterrada era Arlete Santos.

“Eu perguntei ao cara se ele viu o corpo e mostrei a foto de minha irmã. Ele disse que não sabia se era ou não. Como é que pode você levar o corpo de uma pessoa sem reconhecer? Sem olhar documento nem nada? Isso que não estou entendendo”, disse.

Jairo Santos diz não entender como um equívoco como esse pode ter acontecido.

“Eu tive logo curiosidade de saber se era minha irmã ou não. E vi o documento também. Porque tem o documento, o nome da pessoa, quando você vai reconhecer”, disse.

“Eu não sei como saíram com o corpo de minha irmã sem olhar documento nem nada. A gente quer saber que mágica foi essa”.

Os familiares que provavelmente enterraram Arlete por engano já reconheceram que o corpo da pessoa correta é o que permaneceu no Hospital Espanhol.

Jairo afirma que a família de Arlete exige que seja feita a exumação do corpo para saber se realmente se trata da irmã.

“Queremos uma solução, uma resposta de alguém. Eu quero que faça a exumação do corpo. Se foi enterrado agora de manhã, seria prático, a gente tiraria a dúvida”, disse.

“Conversei com a enfermeira chefe. Ela me disse que não poderia fazer isso hoje, que teria que abrir sindicância, que o juiz teria que assinar”.

O Hospital Espanhol informou que “se desculpa pelo ocorrido, às famílias envolvidas e dentro da gravidade reconhecida, compromete-se a assumir todas as demandas necessárias para regularizar a situação”.

Confira a nota do Hospital Espanhol na íntegra:

Nos processos de rotinas hospitalares, existe um protocolo de Liberação de Óbito, onde o procedimento consiste na conferência da identificação do óbito do paciente, por meio da guia de sepultamento e das etiquetas que são fixadas, tanto no corpo do paciente, quanto na parte externa do saco envoltório que o guarda.

As etiquetas são conferidas pelo serviço de segurança e também por um familiar do paciente que participa deste processo de reconhecimento do corpo.

Existe um protocolo seguindo todas as normativas de segurança para que não ocorram incidentes como este. Neste caso específico, do reconhecimento do corpo da Sra Arlete dos Santos Reis, houve falhas humanas, nas duas etapas – tanto na conferência da etiqueta, por parte do hospital; como no reconhecimento do corpo, de forma visual, por parte de um único familiar, dentro das prevenções de contaminação da Covid-19. Nada justifica ou minimiza a gravidade das falhas ocorridas, de forma sucessiva. O fato já está sendo apurado, medidas sendo adotadas e providências tomadas pra que a ocorrência não se repita.

O Hospital Espanhol se desculpa pelo ocorrido, às famílias envolvidas e dentro da gravidade reconhecida, compromete-se a assumir todas as demandas necessárias para regularizar a situação. G1



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