Mulher convivia com 500 escorpiões em casa sem saber

Uma mulher descobriu que convivia com 500 escorpiões na casa onde mora em Montes Claros, Norte de Minas Gerais. Os animais peçonhentos foram encontrados quando uma equipe do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) foi até o imóvel, na Vila Exposição, para averiguar uma denúncia de que poderia haver focos do mosquito Aedes aegypti na residência.

“Recebemos a denúncia, fomos investigar nesta sexta-feira e nos deparamos com essa situação crítica. Ela tem 60 anos, mora sozinha e nos disse que não sabia disso e que nunca foi picada”, fala o coordenador do CCZ, Flamarion Cardoso.

Segundo Cardoso, a maior parte dos animais peçonhentos foi encontrada em uma porta de madeira e em restos de materiais de construção. Algumas das principais formas de evitar o aparecimento e reprodução desse tipo de bicho é manter o local limpo e evitar o acúmulo de materiais.

“Uma casa com essa quantidade de escorpiões acaba causando uma infestação muito maior. Tivemos relatos que os escorpiões estavam aparecendo na casa de vizinhos. A residência oferece as condições favoráveis como, umidade, calor e muito material acumulado”, completa o coordenador do centro.

Flamarion Cardoso acionou o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) para ajudar a mulher.

O G1 entrou em contato com a assessoria de comunicação da Prefeitura que informou que a equipe técnica do CRAS, formada por psicólogos e assistentes sociais, irá visitar a moradora, analisando sua situação e fazendo os encaminhamentos necessários para as redes municipais de Saúde e Assistência Social.

Cuidados com escorpiões devem ser redobrados no verão:

“Com as altas temperaturas, os escorpiões saem do abrigo para realizar a reprodução e procurar novos ninhos, os acidentes ocorrem nessa transição”, explica o pediatra Carlos Lopo. Com as chuvas, é ainda mais comum os animais saírem dos locais onde estão.

O médico destaca que o veneno do escorpião oferece maiores riscos para pessoas abaixo dos sete anos e acima dos 65. Segundo o médico, nessas faixas de idade o metabolismo é mais lento. No caso das crianças, a relação entre peso e a quantidade de veneno é um complicador. Já para os idosos, doenças preexistentes, como diabetes e hipertensão, podem agravar a situação.

Carlos Lopo destaca que em casos classificados como leves, o paciente sente apenas dor. “O veneno é neurotóxico, ou seja, afeta o sistema nervoso. Isso quer dizer que se uma pessoa leva uma picada na mão, pode sentir dor até no ombro”, complementa.

Nos casos moderados ou graves, pode haver sintomas como sudorese, palidez, alteração da circulação, vômitos, entre outros. O agravamento do quadro pode levar a edema do pulmão, insuficiência cardíaca, convulsão e derrame.

“Uma vez ferroado, o paciente deve ser levado o mais rápido para a unidade de saúde. Não deve-se passar nada no local, nem fazer torniquete ou cortes, que aumentam as chances de infecção. O soro é utilizado dentro da faixa de risco. Fora dela, avaliamos o quadro para verificar a necessidade”, diz o médico.

As espécies mais comuns na região são a Tityus bahiensis e a Tityus serrulatus, escorpiões preto e amarelo, respectivamente. O último é o mais preocupante, mas o tratamento é o mesmo para ambos.

“É preciso evitar acúmulo de materiais de construção, lixo e mato. Manter os ambientes limpos é a principal medida para evitar acidentes com animais peçonhentos de forma geral”, fala.

Lopo ainda diz que apesar do costume de se criar galinhas, elas têm hábito diurnos, enquanto os escorpiões são noturnos. A aplicação de produtos para o controle desses animais peçonhentos também não é recomendada, já que não provoca morte e pode fazer com que eles deixem os esconderijos, aumentando a chance de acidentes.

 



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