Médica alertou grávida morta antes de casamento para não viajar em lua de mel

A recém-nascida Sophia, filha da enfermeira Jéssica Victor Guedes, 30 anos, continua internada na UTI neonatal de um hospital de São Paulo. A mãe dela sofreu um AVC hemorrágico por conta de uma eclâmpsia minutos antes do casamento. Socorrida pelo noivo, Jéssica passou por uma cesárea de emergência e cirurgia para conter uma hemorragia abdominal, mas não resistiu e morreu. Sophia nasceu com apenas 1 kg, de 29 semanas, mas passa bem.

O tenente Gonçaves, pai da garota e noivo de Jéssica, diz que após o cancelamento do casamento a comida do buffet foi doada para crianças da comunidade Peri Alto, em São Paulo. Ele afirma ainda que perto do nascimento da primeira filha do casal, eles descobriram que o bebê tinha um problema de restrição de crescimento.

Em depoimento escrito para a Revista Crescer, Gonçalves conta que depois de sete anos de namoro Jéssica resolveu mudar o anticoncepcional. Foi quando ela parou por uns meses de tomar a medicação e acabou engravidando. “Foi inesperado, mas um momento de pura alegria, pois nosso objetivo era casar e ter filhos. Eu sabia que ela seria uma esposa maravilhosa e uma mãe mais ainda, pois era muito apegada a nossa sobrinha”, escreve o noivo.

A gravidez correu tranquia. Como enfermeira, Jéssica tinha as vacinas em dia e levava uma vida saudável, comendo bem, se exercitando e sem fumar ou beber.

O casamento inicialmente seria em 15 de novembro, mas por conta da gravidez não programada foi antecipada para o dia 15 de setembro, para que a filha nascesse só depois. Na última semana antes da festa, uma ultrassom apontou algo diferente. “A médica disse que a Sophia estava com restrição de crescimento e um exame que tinha que dar 10, estava 5 [o percentil teria que estar acima de 10]. Ela receitou algumas medicações e vitaminas e pediu para que voltássemos na sexta-feira; nosso casamento era no sábado”, lembra.

Ao voltar para a médica, o exame mostrava índice ainda mais baixo. A médica desconfiou que a tireoide poderia estar com problemas e a encaminhou para um endocrinologista. Também alertou Jéssica de que ela não poderia viajar na lua de mel, pois a reta final da gravidez precisaria ser acompanhada de perto. “O estado de saúde da nossa filha e o impedimento da viagem acabaram deixando a Jéssica emocionalmente abalada. Mas entendemos que era momento de cuidar da nossa pequena e a lua de mel ficaria para depois”, lembra o noivo.

O endocrinologista passou exames e medicamos para a tireoide, que, oscilante, poderia estar prejudicando o crescimento da bebê. Mesmo assim, Jéssica não sentia nenhum sintoma de que algo estava fora do normal.

No dia do casamento, ela acordou se sentindo mal por volta de 4 da manhã, com dor de estômago. O noivo levou Jéssica para o médico, mas a desconfiança era de que ela estava com problema na vesícula. Jéssica foi medicada e liberada, seguindo para se arrumar para a festa com as madrunhas. “O tempo todo eu ligava para saber como ela estava e, não contente em ouvir pela voz dela, também perguntava para as pessoas que estavam com ela. Tudo parecia ótimo. Eu passei o dia cuidando dos detalhes do salão de festa com meus amigos e me arrumei para ir à cerimônia”, lembra Gonçalves.



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