Conquista: Câmara de Vereadores abre os trabalhos do Memorial do legislativo em 2019 com exposição histórica

Fotos: Roberto Dias

A Câmara Municipal de Vitória da Conquista (CMVC) realizou ontem (quinta-feira) a cerimônia de abertura dos trabalhos do Memorial Câmara nesse ano de 2019. A exposição “Personagens Conquistenses”, agregando valor à exposição permanente “Cenas Conquistenses – Câmara Municipal”, presta homenagem ao poeta, professor, jornalista e político, Maneca Grosso, ao tempo em que lembra outras figuras importantes que vivenciaram a política conquistense e estiveram envolvidas nas disputas entre Meletes e Peduros durante o período da República Velha, quando vigorou o mandonismo dos coronéis por essas bandas.

O evento, bastante prestigiado, reuniu figuras históricas de Conquista, políticos, vereadores, familiares de Maneca Grosso e imprensa. O presidente da Câmara, Luciano Gomes, recepcionou à todos e destacou que a sua gestão terá uma atenção voltada ao memorial.

Maneca Grosso- Manoel Fernandes de Oliveira, mais conhecido como “Maneca Grosso “ nasceu no dia 08 de maio de 1869, na então Imperial Vila da Vitória. Maneca Grosso pertencia à extensa família dos Gonçalves da Costa, era filho de Manoel Fernandes de Oliveira e Umbelina Maria de Oliveira, trineto de João Gonçalves da Costa (bandeirante que fundou o Arraial da Conquista) e neto de Luiz Fernandes de Oliveira (primeiro intendente e presidente da Câmara Municipal da Cidade de Conquista).

Após a morte de seu pai em 18 de fevereiro de 1876, sua mãe casou-se com Ernesto Dantas Barbosa, padrasto com quem teve excelente relação. Maneca Grosso não teve educação formal, mas, além de poeta, era professor, ensinava na escola que funcionava em sua fazenda “Baixa do Arroz” e ainda escrevia artigos para jornais (A Palavra, Diário de Notícias). Casou-se com Isidoria Ferraz de Oliveira com quem teve onze filhos: Mª Umbelina, Mª Gliceria, Mª Madalena, Mª Antoniela, Mª Ernestina, Mª Luiza, Laura, João, Joaquim, José e Cassiano.

Maneca Grosso também atuou na política conquistense, esta era marcada por inúmeras lutas políticas, as quais, na maioria das vezes envolvia membros da mesma família, situacionistas (Peduros) versus oposicionistas (Meletes). Os dois grupos tinham como seus porta-vozes os jornais “Conquistense” que representava os Meletes e “A Palavra” representante dos Peduros. Os Meletes não perdoaram as palavras de Maneca Grosso e no fatídico dia 05 de janeiro de 1919, quando o jornalista saia  da cidade rumo à fazenda “Baixa do Arroz”, sofreu uma emboscada juntamente com seu amigo Cirilo, este foi assassinado alí mesmo pelos pistoleiros e, Maneca Grosso, fortemente espancado, veio a óbito no dia 11 de fevereiro de 1919 em consequência dos ferimentos e grande dor moral que sofrera.

A Morte de Cirilo, o espancamento de Maneca Grosso bem como  as sucessivas publicações ofensivas entre os dois grupos culminou na Guerra entre Meletes e Peduros (1919). O fato é que, do dia 19 ao dia 21 de janeiro de 1919, a região central de Conquista virou uma verdadeira praça de Guerra, cuja luta armada completou um século nesse janeiro de 2019.

Um século também se passou da morte de Maneca Grosso, importante cidadão conquistense que deixou artigos e poesias publicadas e inéditas, assim como um livro de sua autoria. Nas palavras de Aníbal Viana (1985), Maneca Grosso foi um ilustre filho de Conquista que, autodidata, adquiriu sólida cultura tendo ensinado uma geração de jovens de sua época. Foi um jornalista brilhante e um primoroso poeta. Camilo de Jesus (1961) também homenageou o poeta: “…conquistense de velha têmpera, homem de lutas e de ideias – complexo singular de talento nativo e amalgamado à têmpera de bronze de uma lealdade sem peias e de uma coragem sem limites”.



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