Opinião – Cultura nós temos: nos falta um centro

Por Esmeraldino Correia 

Acertou em cheio o prefeito Herzem Gusmão ao fazer do Natal Conquista de Luz um grande palco para nossas expressões artísticas locais, ampliando o espaço geográfico da festa para três praças, inclusive no lado oeste da cidade. Foram noites inesquecíveis de primorosos concertos eruditos, rock e muita música popular brasileira. Assistimos a uma grande festa dos artistas conquistenses para a família conquistense. Crianças, jovens, adultos e idosos, todos puderam desfrutar de momentos mágicos. Puderam sentir o pulsar da cultura em plena praça pública.

Lastimavelmente, esses mesmos artistas – que tiveram pela primeira vez seu valor reconhecido pelo governo municipal – não estão merecendo o mesmo respeito do governador do Estado. Algo vergonhoso para uma cidade de quase 400 mil habitantes saber que nosso Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima caminha para cinco anos de absoluta falta de cultura. Ainda pior é o silêncio dos deputados da base do governo, sempre tão rápidos no gatilho contra o nosso governo, mas tão cordeiros e mansos quando a cidade realmente precisa de sua voz.

Fui presidente da Academia Conquistense de Letras e posso testemunhar a sede do nosso povo por cultura, por música, por teatro, por literatura. E quanta falta nos faz um espaço de convivência literária, um ambiente no qual principalmente a juventude possa apoiar-se para se exprimir por meio da arte. Ver o Centro de Cultura fechado é a certeza de que muito de nossa alma artística está obscurecida, sem alcançar o grande público local, sem gerar uma economia cultural própria e sem repercutir na autoestima coletiva.


Temos artistas. Por toda a cidade, cantores, compositores, atores, diretores, companhias de teatro, escultores, artistas plásticos. E temos uma plateia ávida por consumir esta produção artístico-cultural. As pessoas querem se encontrar e trocar informações. Nenhum lugar pode ser melhor que um centro cultural, onde estão instalados a Academia Conquistense de Letras, o teatro, a concha, as salas de exposição. Enfim, nos últimos quatro anos, o governador Rui Costa negou ao povo de Vitória da Conquista esse direito essencial: de acesso a cultura.

O nosso Teatro Castro Alves, construído em Salvador mas patrimônio de toda a Bahia, teve o devido cuidado. Ali foram investidos R$ 120 milhões em ampliação e a requalificação. O povo soteropolitano e toda população metropolitana merecem um TCA novo. Nada mais justo. Injusto da parte do governador é uma população de quase 400 mil habitantes sem o direito constitucional de acesso à cultura assegurado porque se resolve governar de costas para o interior. Vamos iniciar nossa luta pela construção do Centro Cultural Banco do Nordeste e lutar para que um governo com olhos para toda a Bahia possa nos acolher também como legítimos cidadãos baianos.



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