Professor Cori: Carta aberta em defesa do Colégio Estadual Nilton Gonçalves

Por Vereador Coriolano Moraes (Professor Cori)

Por que lutar pelo não fechamento da escola e sim defender a sua continuidade até a construção de um novo prédio? O Colégio Estadual Nilton Gonçalves foi fundado no ano de 2000. São dezessete anos contribuindo com o crescimento econômico, social e educacional em Vitória da Conquista. Atualmente, com 603 alunos frequentes, possui uma equipe técnica com 45 profissionais entre professores, auxiliares administrativos e equipe de apoio. A escola está localizada em uma área geográfica que atende aos moradores das comunidades do Ibirapuera, do Nossa Senhora Aparecida, Bruno Bacelar, Alvorada e Nenzinha Santos.

Sua área de abrangência chega a uma população estimada em 17 mil pessoas, grande parte dela em situação de grave vulnerabilidade social. Como pode ser observado em blogs, jornais e revistas da nossa cidade, constata-se que é recorrente o número de jovens assassinados nesses bairros. Analisando o perfil socioeconômico dos alunos matriculados no colégio Nilton Gonçalves é possível verificar que grande parte deles necessita de uma maior presença do Estado, através de investimentos públicos e programas de inclusão social. Principalmente, pelos caminhos da educação, oferecendo oportunidades de promoção social e, como ressalta e assegura o Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu Capítulo IV, Artigo 53, inciso V, ofertando “acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência”.

O Nilton Gonçalves é uma escola viva, constituída de profissionais competentes e dedicados. Apesar da estrutura precária, isso não impediu que a realização de atividades de ensino, aprendizagem e formação humana fossem desenvolvidas com responsabilidade, seriedade e êxito. Vários projetos foram realizados, entre eles, destacam-se: “Do Planalto da Conquista ao Sertão: nas trilhas da Caatinga e nas curvas do Rio Gavião”, inspirado na obra de Elomar Figueira de Melo, que culminou com a visita desse poeta, cantador e menestrel; “Leitura Sertaneja”, projeto de exposição do artista plástico Silvio Jessé; “Vereda Cinzenta”, projeto de vivência no qual alunos e professores fazem visitas e debatem sobre a realidade dos povoados do Distrito de José Gonçalves. Destacamos também que a escola tem parceria com a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, através do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID, estimulando o aperfeiçoamento e a formação de professores para atuarem na educação básica.

Várias entidades se manifestaram contra o fechamento do Colégio: Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista; Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/ subseção Vitória da Conquista; Associação dos Docentes da UESB – ADUSB; Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia – APLB / Vitória da Conquista; Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior da Bahia – APUB; Sindicato do Magistério Municipal Público de Vitória da Conquista – SIMMP; Liga dos trabalhadores em Educação – LUTE; Frei Gilson Marinho – Igreja Católica / Seminário Nossa Senhora de Fátima; Carta aberta do Advogado e Professor Dr. Ruy Medeiros; Carta das Mães dos loteamentos Bruno Bacelar e Nenzinha Santos; notas nas redes sociais de alunos e ex-alunos; manifestações públicas dos professores e funcionários e de toda a comunidade escolar.

Como o movimento #SalveoNilton já afirmou, “o que pesa no fechamento de uma escola como o Nilton Gonçalves não são apenas questões como a transferência de alunos para outras escolas mais afastadas ou a mudança de professores para outras unidades. Pesa o impacto social que trará para comunidades carentes como as citadas acima. Pesa o rompimento de identidade e pertencimento de alunos que há anos estudam nesta escola. Pesa a intranquilidade de pais e mães quanto ao deslocamento de seus filhos para áreas mais distantes, sabendo da insegurança que toma conta dos bairros periféricos e da vida urbana de uma cidade. Pesa o fato de que, quando se fecha uma escola, única opção de Ensino Médio e de Educação de Jovens e Adultos (EJA), numa área tão populosa, abre-se um vazio social (…)”.

Assim, defender a continuidade do Colégio Estadual Nilton Gonçalves até a construção de um novo prédio escolar, adequado às demandas dessas comunidades, é garantir a presença efetiva do Estado por meio de uma política pública de educação. A continuidade até a construção do Colégio Estadual Nilton Gonçalves possibilitará manter acesa a esperança para os jovens e adultos de um futuro melhor. Portanto, defendo a continuidade do Colégio Estadual Nilton Gonçalves e a construção de um novo prédio escolar.

Professor Cori



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