Opinião: A elegância nas nossas escolhas lexicais e construções sintáticas

Por *Vilmar Rocha

Nos meus últimos escritos, intitulados Tempos Estranhos, fiz menção a alguns fatos ocorridos no contexto nacional e em nossa cidade que, de certa forma, me causaram incômodos pelo fato de irem de encontro ao meu pensar e ao que construí como consciência no decorrer da minha existência.

Pois bem, trata-se, certeiramente, de um texto de opinião, afinal este gênero ao qual faço uso é isso mesmo: opinião, que por sua vez, se veicula neste canal de comunicação de massa e que se aqui está, obviamente, está sujeito ao crivo de quem o lê.

Construo esta coluna baseado em observações realizadas nos últimos tempos, uma vez que, a opinião individual e coletiva está disponível a qualquer um e a qualquer tempo. Depois das redes sociais e da democratização de acesso a elas, essas mesmas opiniões estão mais ainda veiculadas sem qualquer pudor.

Bom, em relação ao meu último texto, visualizei algumas críticas partidas de leitores que me deram a honra de dedicar o seu tempo para a leitura. O que me chamou a atenção não foi exatamente o teor da crítica, mas as escolhas lexicais utilizadas para fazê-las. Foram palavras pouco elegantes e o tom me pareceu de ataque.

Eu sempre alerto os meus alunos e os mais próximos: tomem cuidado com as suas escolhas lexicais e com a carga semântica daquilo que é enunciado, pois, é típico de uma pessoa polida dizer o que precisa ser dito, contudo, de forma elegante e respeitosa.

Saindo do meu texto e remetendo às observações que citei anteriormente, noto que as redes sociais estão se tornando um ringue em que farpas são trocadas pelo simples fato de haver a discordância da(s) opinião(ões) alheia(s). Afinal, me parece que estamos nos esquecendo dos bons modos por conta de não estarmos frente-a-frete com a pessoa discordada, fazendo da tela do computador ou do celular um escudo?

É como se as pessoas pensassem: “Bom, não estou na frente da pessoa e ela não irá revidar imediatamente e, caso revide, eu terei tempo suficiente para pensar numa boa resposta, a altura! ”  Pode parecer loucura, mas a presença do outro faz com que haja uma reflexão maior antes de se socializar um pensamento, por diversos motivos, e a ausência causa justamente o efeito contrário.

Então, termino com o convite à reflexão no sentido de nos questionarmos onde está a nossa elegância no momento de emitirmos a nossa opinião quando é para discordar da opinião do outro. Entendo que por mais que as gerações se evoluam e quanto mais as tecnologias nos estejam disponíveis, não podemos perder o fino trato com aqueles que nos ouvem ou leem, afinal, os bons modos cabem em qualquer lugar.

*Vilmar Rocha é licenciado em Letras pela Uneb e professor de português, como idioma vernáculo e inglês, como língua adicional. É especialista em Ensino de Línguas Mediado Por Computador pela UFMG e Mestrando em Letras: Cultura, Educação e Linguagens na Uesb. Também é Administrador e Especialista em Gestão Empresarial. Já trabalhou na gestão de contratos e desenvolveu projetos socioambientais.



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