O Mundo dos fortificados – Vinho do Porto

Por Aline Oliveira*

Aline Oliveira é sommeliere em formação pela Faculdade Ruy Barbosa DeVry Universiy, em Salvador, e enófila eterna. Apaixonada por vinhos e todos os seus mistérios e sabores

Portugal é um lar de muitas riquezas e uma delas são seus vinhos fortificados. Falando especificamente da majestosa região do douro, temos o Vinho do Porto e toda rica história.

Para começarmos, vamos esclarecer que todo vinho fortificado é aquele que foi adicionado água aguardente vínica, tornando-se mais alcoólico e licoroso. O álcool de uma bebida destilada é capaz de matar as leveduras presentes, tornando-se tóxico para ela, ao atingir 18C° de concentração média em um vinho fortificado.

A tarefa da levedura é transformar o açúcar em álcool e consequentemente, o processo de fermentação é interrompido e assim restando uma quantidade de açúcar não convertida em álcool, resultando em um vinho com alto teor alcoólico, mas, ao mesmo tempo, mais doce e mais forte.

Hoje falaremos sobre o vinho do porto que é uma D.O.C. (Denominação de Origem Controlada) e produzido apenas na região demarcada do Douro em Portugal.

A história desta bebida começa curiosa, desde o seu surgimento. Por volta do século XVIII os vinhos tranquilos – todo aquele que não contém gás, ao contrário dos vinhos espumantes e frisantes, como os Vinhos Verdes – eram transportados em navios e eram consumidos pelos navegantes. Para que o vinho tivesse uma melhor conservação durante as longas viagens, era adicionada aguardente vínica ou conhaque de uva, para que a fermentação fosse interrompida e o vinho tivesse uma boa conservação durante a viagem, pois o etanol contido nas bebidas destiladas é um antisséptico natural e evita a oxidação dos vinhos. (falaremos mais tarde sobre o processo de sulfitagem).

O Vinho do Porto foi assim chamado, pois a bebida era exportada a partir da Vila Nova de Gaia no Douro. Os ingleses queriam tomar posse desta descoberta e fazer desta uma bebida britânica, já que eram eles quem adicionavam o brandy à bebida.

Mas esse método de conservação já era realizado pelos portugueses desde a época do descobrimento. Outro fator que faz com que Portugal e especificamente a região do Douro tenha domínio sobre a produção da bebida, é o fato de que as uvas da elaboração do vinho sejam produzidas lá e estejam dentro da legislação do I.V.D.P. (Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto), que determina a autenticidade do vinho.

Em termos de doçura, o vinho do porto pode ser doce até extra seco. A doçura do vinho constitui em uma opção do enólogo e condicionada pelo momento de interrupção da fermentação.

Vinhos fortificados existem em todo o mundo dentro dos padrões do processo de produção de cada região. Os Vinhos do Porto podem ser divididos em categorias do tipo de envelhecimento:

Ruby: O nome faz referencia a sua coloração, é característico os aromas mais frutados e que remetem a jovialidade. Este estilo não foi elaborado para abrir e demorar de consumir toda a garrafa, embora eles tenham bastante potencial em envelhecer dentro delas ainda fechada.

Neste caso, trata-se dos Ruby, Reserva, Late Bottled Vintage (LBV) e Vintage. E principalmente os Vintages e os LBV tem excelentes potenciais de guarda.

Os ruby’s são elaborados com uvas tintas e os mais simples tem envelhecimento de 2 ou 3 anos em carvalhos. Os rubys reservas, L.B.V. e Vintage são envelhecidos em carvalho por volta de 2 ou 6 anos e tem potencial de aguarda para mais de 20 anos em garrafa. Uma sugestão é presentar alguém especial com um vinho do Porto Ruby Vintage com o ano da safra, que é o mesmo do ano de nascimento da pessoa presenteada. São opções mais caras, mas com um significado inestimável.

Tawny: Elaborado também com uvas tintas e envelhecido em pipas de carvalho por volta de 2 ou 3 anos como um Ruby, com a diferença de ser posteriormente, levado para barricas de carvalho, ampliando o contato do vinho com a madeira e com o oxigênio. Esse processo acelera a oxidação do vinho, deixando sua cor mais próxima do âmbar, de topázio queimado, e os sabores se aproximam de amêndoas, nozes e outros frutos secos. Assim, se transforma num vinho mais elegante e não envelhece na garrafa, assim como os demais Tawnys. É um vinho em que a cor apresenta evolução entre um tinto alourado até um alourado claro.

Quando são engarrafados estão prontos para serem consumidos. Aconselham-se os vinhos das categorias Tawny com Indicação de Idade e Colheita.

Branco ou White: Elaborado exclusivamente com uvas brancas, passando pelo carvalho durante 2 ou 3 anos. Não evolui depois de engarrafado. Normalmente são vinhos jovens e frutados, podendo ser encontrados doces ou secos.

São vinhos com aromas florais e complexos, com um teor alcoólico mínimo de 16,5% (Vinho do Porto Branco Leve Seco) capazes de responder à procura de vinhos menos ricos em álcool.

Rosé: Ideal para tomar puro ou na preparação de drinks, esse estilo de vinho do Porto tem cor rosada obtido por maceração pouco intensa de uvas tintas e em que não se promovem fenômenos de oxidação durante a sua conservação.

São vinhos para serem consumidos novos, apresentam aromas de frutas vermelhas bem frescas como cereja, framboesa e morango. Na boca são suaves e agradáveis. Podem ser apreciados frescos ou com gelo.

A temperatura dos vinhos fortificados, é parecida com os vinhos brancos tranquilos. Devem ter entre 6C° e 10C°. Isso mesmo, independente do estilo, ele deve ser servido gelado e taça com bojo mais largo. Os vinhos fortificados também precisam respirar, para que seja extraído todo o seu aroma e paladar por quem aprecia.

E mais uma curiosidade que poucos sabem, é que os vinhos do Porto L.B.V e Vintage devem ser decantados, assim como os nossos vinhos tranquilos reservas devem ser. A diferença é que basta serem despejados no decanter para respirar, não precisam ser agitados.

*Aline Oliveira é sommeliere em formação pela Faculdade Ruy Barbosa DeVry Universiy, em Salvador, e enófila eterna. Apaixonada por vinhos e todos os seus mistérios e sabores.



Artigos, Destaques, Vitória da Conquista

Comentário(s)