Bahia: Em audiência na Assembleia, profissionais da saúde rechaçam formação à distância

Representantes dos conselhos profissionais de saúde da Bahia participaram ontem, 20, de uma audiência pública na Assembleia Legislativa na qual rechaçaram a possibilidade de formação profissional na área através dos cursos de graduação à distância, a chamada EAD. O evento proposto pelo deputado Fabrício Falcão (PCdoB) reuniu representantes dos conselhos profissionais de Enfermagem, Farmácia, Fonoaudiologia, Odontologia, Nutrição e Psicologia.

Todos os representantes presentes foram unânimes em afirmar que não aceitam esta modalidade de ensino para a formação dos profissionais pelas particularidades e especificidades da área de saúde no trato com o ser humano e com os animais. Em nota conjunta eles argumentaram que “o ensino a distância caminha em sentido oposto ao projeto de humanização da educação, promove o distanciamento, tendo como consequência o enfraquecimento do diálogo entre os profissionais e destes com a comunidade”.

No final da audiência, tanto os representantes quanto  Fabrício Falcão afirmaram que vão procurar o Ministério Público Federal (MPF) para que instituição ingresse com uma ação contra a portaria do Ministério da Educação (MEC) que permite a graduação à distância. O deputado também se comprometeu a procurar o governador Rui Costa para discutir o assunto. A mobilização dos profissionais de saúde contra a portaria está acontecendo também em outros estados.

RISCO

Para o presidente do Conselho Regional de Farmácia da Bahia, Altamiro José dos Santos, formar profissionais de saúde em cursos à distância representa um grande risco para a sociedade. “Eu não faria um tratamento de canal com um dentista formado virtualmente. Na medicina veterinária é a mesma coisa: como exercer a atividade sem nunca ter tido contato com um animal antes?”, argumentou.

Para ele, o momento agora é de todas as categorias da área de saúde se mobilizarem contra a possibilidade de profissionais serem formados através da EAD. Na área farmacêutica, explicou ele, além de ser um risco e retrocesso para quem depende dos serviços, significará a precarização da profissão, que já sofre com os baixos salários.

“Aceitar esse retrocesso é jogar a profissão ao limbo”, acredita. Um grande número de estudantes participou da audiência de ontem, o que dá ideia do grau de mobilização na área de saúde. No final do evento, Fabrício Falcão defendeu o argumento de que áreas como a da saúde e de engenharia não podem ter profissionais formados à distância. “Na minha formação acadêmica pude constatar o quanto é importante o contato direto com o professor, o debate com os colegas, as atividades práticas. Essa necessidade aumenta muito mais quando se trata dos cursos na área de saúde”, afirmou.



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