Da série : Piolho foi o Pelé do Sudoeste baiano

Por Fábio Silva

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História da vida esportiva de Antonio Jesuíno da Silva (Piolho)

Antônio Jesuíno da Silva é seu nome de batismo e Piolho o carinhoso apelido. Nasceu em 1948 numa família de 18 irmãos. Ídolo de Vitória da Conquista começou a jogar bola e pegou o estranho apelido por perturbar o pessoal que ia treinar no Estádio Edvaldo Flores, quando ainda era menino. Começou sua carreira no Humaitá; depois jogou no Comerciário (ainda no futebol amador) e estreou no profissional no Conquista de Zé Maria, que o havia revelado. Em seguida foi para o Vitória em 1973 e para o Bahia em 1974.

O jogador teve ainda uma passagem pelo Atlético de Alagoinhas, Fluminense de Feira e Leônico, encerrando sua carreira em 1976 no clube que o lançou: Humaitá. Piolho, com suas arrancadas e seus gols, encantava a torcida de sua cidade natal e de outros clubes, como o Cruzeiro de Belo horizonte, que uma vez mandou um representante buscar o jogador em Vitória da Conquista, num jatinho fretado. Mas o jatinho ficou cinco horas parado no aeroporto, para depois voltar sem o passageiro pretendido; atendendo aos apelos de sua mãe Piolho decidiu não abandonar Vitória da Conquista. E, a partir daí, veio a fase ruim. Duas operações para extrair meniscos e várias contusões.

Finalmente, foi emprestado ao Vitória de Salvador para o Campeonato Baiano de 73, mas jogou poucas vezes. Depois passou para o Bahia, substituindo Picolé, que foi dispensado pelo clube por ser muito dispendioso. Piolho foi titular até se machucar e o time contratou Mickey, que ficou no seu lugar. Mas na final quem se machucou foi Mickey e Piolho entrou para ganhar o campeonato, marcando o gol do título.

O gol “escrito”

Tal foi a façanha e alegria daquele gol, que até hoje a torcida e muitos de seus amigos ainda têm os lances bem nítidos em suas lembranças. Os amigos da “Taberna da História”, de Vitória da Conquista, sabem descrever os lances com perfeição neste relato:

“No dia 18 de dezembro de 1974 no Estádio da Fonte Nova mais um Ba-Vi decisivo. De um lado o Bahia, que lutava pelo bicampeonato, e do outro o Vitória, tentando retomar a hegemonia do futebol da Bahia, além de ter um time mais forte tecnicamente, com uma linha de ataque com Osni, André Catimba e Mário Sérgio. Do lado tricolor tinha Sapatão, o polivalente e xodó da torcida Baiaco, Fito, Douglas, Piolho e um jovem e promissor talento: Alberto Leguelé, que defendeu a Seleção Brasileira no Pré-Olimpico de 1976 e jogou no Flamengo. O Bahia entrou em campo naquela tarde sabendo que o jogo seria difícil e que o Vitória era o favorito.

“Mas em clássico não reza esta cartilha de favoritismo. O jogo começou quente: logo aos 2 minutos, numa arrancada de Jorge Valença o Vitória quase abre o placar com André cabeceando para defesa de Zé Luis. Na cobrança de escanteio a bola sobra para Gibira, que mandou para a meta e Zé Luis novamente espalma para escanteio. Isso já aos 5 minutos de jogo. Gibira vai para a cobrança do escanteio; a zaga do Bahia afasta e a bola sobra para Fito, que se livra de Washington e lança Thirson, que parte para cima de Jorge Valença e é driblado; Denilson chega para ajudar e também é driblado; Valter sai no desespero e Thirson já está na grande área, dribla o zagueiro; Vavá sai ao seu encontro e Joel Mendes fecha o ângulo, mas Thirson rola para Piolho que ainda domina a bola que se ergue com o toque do atacante antes dela quicar no gramado ele emenda para as redes: é o gol do Bahia.

“Piolho, aos 6 minutos do primeiro tempo, faz o único gol da partida e dá o título de bicampeão ao Bahia em 1974, e o Leão da Barra, como é chamado o Vitória, saiu com a cabeleira coçando, porque deu Piolho na juba do leão. Foi um só, mas fez um estrago muito grande na cabeça do torcedor e no time do Vitória, que o vira jogar no seu clube no ano anterior”.

Homenagem merecida do Comité Olímpico Brasileiro.

Em 2016 Piolho foi um dos representante da cidade na condução da tocha olímpica, milhares de pessoas saldavam o nosso grande Pelé conquistense.foi uma declaração de amor ao ídolo eterno.

Atualmente em Vitória da Conquista, trabalha com escolinhas de base e administra com competência o melhor complexo poli esportivo do interior da Bahia o estadio, Edvaldo Flores, local onde perdeu as contas de quantas vezes jogou, desde menino.



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