Setembro Amarelo: a sociedade em que vivemos é a sociedade que queremos viver?

* Por  Anne Persou e Ellen Lima – Militantes do Levante Popular da Juventude e estudantes de psicologia da UFBA (Vitória da Conquista).

Anne Persou e Ellen Lima são estudantes de psicologia da UFBA, campus de Vitória da Conquista
Anne Persou e Ellen Lima são estudantes de psicologia da UFBA, campus de Vitória da Conquista

“Quais os possíveis motivos que podem levar alguém a cometer suicídio?” Essa é uma pergunta que, ao ser feita, provoca um certo desconforto ao se pensar numa resposta — mas esta não tarda a aparecer. Reconhecemos o quão desafiador é falar sobre suicídio, mas se os motivos que levam alguém a cometê-lo podem ser pensados e estudados, acreditamos que eles também possam ser prevenidos.

Alguns argumentos filosóficos costumam colocar o suicídio como algo que foge à natureza, mas se motivos como Sexualidade, Relações Sociais/Pessoais, Abuso/Estupro, Cobranças Sociais, Ditadura da Beleza, Opressões, se firmam como possíveis causadores de morte por suicídio, então concordamos com Karl Marx quando em seu livro “Sobre o suicídio” ele escreve: “O suicídio não é, de modo algum, antinatural, pois diariamente somos suas testemunhas. O que é contra a natureza não acontece. Ao contrário, está na natureza de nossa sociedade gerar muitos suicídios”.

Nesse sentido, compreendemos que essa sociedade, que é capitalista, patriarcal e racista, produz o sofrimento psíquico que adoece os que nela estão inseridos. Esta, que tem como base estruturante a violência e a divisão sexual e racial do trabalho e, a partir de uma lógica produtivista de mercado, sobrevive da  exploração do trabalho e da dominação dos nossos corpos e vidas, é também a responsável pelo distanciamento e a exclusão de todas as pessoas que não se enquadram na “normatividade” vigente.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio é a 2ª maior causa de mortes no mundo, a cada 40 segundos uma pessoa morre por suicídio e a cada 3 segundos alguém tenta tirar a própria vida. Esses são dados alarmantes sobre o saúde mental do nosso povo e nos traz a reflexão se é esse modelo de sociedade que desejamos…

A campanha do Setembro Amarelo enquanto prevenção do suicídio precisa trazer esses questionamentos. Afinal, a sociedade em que vivemos é a sociedade que queremos viver? Para nós, a resposta é não. E por isso, defendemos um Projeto Popular para o Brasil! Que seja um projeto de vida e não de morte!



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