Alternativas para melhoria da saúde em Vitória da Conquista

Por Wolmar Carregozi*

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A cidade de Vitória da Conquista, localizada no sudoeste baiano, apresenta muitos contrastes em termos gerais, seja na educação, na segurança, na saúde e em quaisquer outros aspectos a que nos propusermos analisar.
Na educação, consegue ser o melhor e o pior município em termos de ensino. O desempenho da cidade já ganhou notoriedade na imprensa como desastroso no que se refere à educação pública, mas, o ensino particular se sobressai como um dos melhores praticados no estado.

A segurança cumpre o seu papel, mas, no momento, atravessa um vale sombrio de críticas por conta da quantidade de homicídios ocorridos nos últimos tempos.

Porém, o que podemos observar é que a grande maioria destes crimes não tem nada a ver com o quesito segurança pública, já que são relacionados ao tráfico de entorpecentes, sendo assim, crimes de mando, que nenhuma polícia do mundo é capaz de controlar.

Certamente, a polícia local também seria alvo de críticas se fosse interceptar todos os motoqueiros que estivessem com alguém na garupa, para fazer revista.

Mas, no momento, o que eu gostaria de destacar é a situação da saúde que há anos se arrasta num mar de métodos arcaicos e, o mais irritante, é a insistência dos gestores em incorrerem sempre nos mesmos erros. E o resultado disso é o caos que se abate também sobre a saúde brasileira de um modo geral.

Dessa forma vão se avolumando as filas nos postos de saúde, nos hospitais, macas nos corredores, mau atendimento pelo excesso de demanda, incompatível com a quantidade de profissionais disponíveis, medicamentos e material de consumo hospitalar ou ambulatorial.

À medida que a população cresce, tem que ser feita uma previsão de construções de novas escolas, novos hospitais, novos presídios, novos cemitérios, ampliação e implemento de novos serviços em todas as áreas.

A Regulação Médica hoje padece com a falta de leitos para atenderem aos municípios pactuados, e, devido a isso, não é rara a perda de vidas preciosas. Às vezes acontece de ter a vaga, mas, não ter o profissional médico especialista para atender essa demanda.

Muito se poderia economizar em matéria de dinheiro, tempo, transporte, mobilidade urbana e ocupação de profissionais de diversas categorias, se fosse, por exemplo, instituído um serviço de telemedicina municipal, onde radiologistas e cardiologistas ficariam numa central, atendendo aos hospitais da cidade e região.

Ampliando este conceito, poderia ser criada a Consultoria Médica Municipal. Que seria uma junta médica para dar suporte remoto aos médicos da cidade e regiões pactuadas.

Os hospitais e serviços médicos da região deveriam, obviamente adquirir aparelhos de raios x digitais, eletrocardiogramas e tomógrafos, onde os técnicos operariam e passariam as imagens via e-mail para a central de radiologia emitir o laudo.

A aquisição destes aparelhos seria muito menos dispendiosa que o gasto, ao longo do tempo, com transporte, mobilização de profissionais, etc. Os médicos plantonistas das cidades do interior teriam diagnósticos mais precisos para informar à Regulação Médica.

A telemedicina municipal poderia também estar fazendo consultoria para os médicos das UPAs, postos de saúde e prontos-socorros. O que aumentaria a credibilidade dos atendimentos médicos.
Todos sairiam ganhando, profissionais e principalmente, os pacientes. Já que também serviria de suporte para os médicos recém-formados, ainda sem muita experiência clínica.

A cidade já carece de um hospital pediátrico e uma maternidade com alojamento conjunto (mãe e bebê). Neste caso, o Hospital Esaú Matos, ficaria com a única função de cuidar dos casos de risco, tanto para a mãe quanto para o bebê.

Também se faz necessária a construção de clínicas de especialidades (policlínicas municipais), que poderiam se localizar em três pontos estratégicos da cidade. Da mesma forma, a criação de mais UPAs (unidades de pronto atendimento, viria a desafogar os prontos-socorros da cidade).

Outra melhoria na saúde de Vitória da Conquista seria dar um maior dimensionamento à estratégia ID (internação domiciliar, sistema home care, com médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, nutricionistas, fisioterapeutas, assistentes sociais, psicólogos) que atualmente é feito de maneira modesta.

Este sistema humaniza as internações que podem ser feitas na própria residência do paciente, que tem maior conforto em termos de acomodação, assistência nutricional, assistência profissional, sem falar na ausência de risco de infecção hospitalar.
Na saúde coletiva, poderiam ser criados terminais fixos de hiperdia (controle de hipertensão arterial e diabetes) em pontos estratégicos da cidade, tais como terminais rodoviários, aeroporto, shoppings centers, hipermercados, galerias, etc. Técnicos em enfermagem fariam a aferição de pressão sanguínea e glicemia capilar. Os casos de alteração seriam direcionados para os postos de saúde para atenção subsequente.

Agendamento com hora marcada full time nos postos de saúde evitaria filas e a permanência por horas a fio nas madrugadas frias da cidade, à espera da marcação de uma consulta médica.

Equipes de enfermeiras e técnicos em enfermagem poderiam ser formadas com o objetivo de atender a um serviço de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, uso de drogas (entorpecentes, hormônios anabolizantes), aborto e outros temas, fazendo abordagens através de palestras e material audiovisual.

Os alvos desse grupo seriam escolas, igrejas, centros comunitários, empresas e outros grupos de interesse.

A obesidade, nos dias atuais, já é um problema de saúde pública, pois, esta condição física desencadeia uma série de outras comorbidades como é o caso da hipertensão arterial e da diabetes. Para atuar neste segmento poderia ser criado um núcleo de controle da obesidade, que seria formado por nutricionistas e psicólogos.

Assim, existem várias formas de se atender melhor à cidade no que concerne à saúde.

Espero que neste processo sucessivo que ora se estabelece, possamos experimentar um desenvolvimento significativo no sistema de atenção à saúde do nosso município.

*Wolmar Carregozi é médico ginecologista, obstetra, clínico geral, médico do trabalho, auditor de saúde e segurança do trabalho, auditor de planos de saúde de autogestão.



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