Conquista: Saiba como foi o sábado do ‘Dia de Feira’ no Villa Music

Por Mariana Kaoos

Foto: Amanda Nascto
Foto: Amanda Nascto

Olá olá queridos, mais um dia se inicia em todo os cantos dessas nossas terras calorosas do sertão. Nesse domingo anil a palavra do dia é alegria. Digo, vocês sabiam que foi um bispo católico, mais conhecido como Constantino, O Grande, que estipulou o domingo como o “dia do sol”? Isso mesmo. Acredito eu que tenha sido a partir desse momento que todos nós, amantes das belezas da existência, das artes mil e das diversas formas de transcendência passamos a domingar com mais fervor. Porque já dizia Torquato Neto: “É domingo no meu coração. Domingou, meu amor!”.

Foto: Amanda Nascto
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E, em sendo hoje o dia mais bonito de todos os dias, os programas para ele não podem perpassar por outras palavras que não
exaltação, surpresas, paixão, fervor, satisfação, cultura, poesia e encontros. Encontros. Definitivamente encontros. E vocês sabem um lugar divino, maravilhoso para que eles aconteçam? Na feira, com cheiro de povo, música alta, produtos mil a precinho de banana, comida, bebida e algazarra. Uma boa opção é a feirinha do Bairro Brasil e até mesmo a da Patagônia. Lá comporta gente de todas as cores, sabores, tamanhos e intenções. Ainda que você não queira consumir nada na feira, só de ir para observar as narrativas, as histórias e causos contados por lá já valem a pena. Já valem a pena porque é lá o centro da cultura popular, onde a vida dessas gentes do sertão pulsa firme e se justifica como existências fortes, intensas e cheias de sabedoria.

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Foto: Amanda Nascto

Eu mesma adoro uma feira. Devo admitir que a minha preferida é a do Ceasa, no centro da cidade. Lá tem a barraca de Dona Maria, senhorinha muito simpática que vende todo tipo de ervas que você possa imaginar para banhos, ebós, proteções mil. Para quem curte uma cachacinha temperada, lá no Ceasa tem os melhores sabores por uma pechincha. É só chegar nos botecos e pedir uma dose do seu sabor preferido que os senhorinhos, donos dos estabelecimentos, servem com muita educação. A cerveja é a mais gelada possível. As frutas, da melhor qualidade. E a comida, bom, quem nunca experimentou o sarapatel e a maxixada da feirinha do Ceasa não sabe o que está perdendo.

Foto: Amanda Nascto
Foto: Amanda Nascto

Amante fiel de feiras mil, fui conferir na tarde de ontem, sábado, 16 de julho de 2016, a quinta edição da proposta gastronômica etílico cultural do projeto mais conhecido como Dia de Feira. Para quem nunca ouviu falar, a ideia, gerida pelos produtores Juliana Guedes e Cadu Góes, teve início nos dias 16 e 17 de janeiro desse ano. O objetivo inicial era produzir um espaço que reunisse as seguintes coisas: expositores, pessoas que mexem com gastronomia, bebida e artesanato em Vitória da Conquista, músicos, artistas, bandas da cidade que constroem a cena da cultura local e público, de diferentes idades, que pudessem se encontrar, bater papo, comer, beber, dançar, enfim, se divertir com extrema qualidade.

Foto: Amanda Nascto
Foto: Amanda Nascto

Inicialmente a ideia era de ocupar todos os possíveis lugares da cidade. Praças espalhadas de norte a sul, de leste a oeste e, com isso, agregar a população conquistense como um todo e, de quebra, fazer com que o poder municipal se atentasse para a manutenção e conservação dos nossos espaços públicos. Sendo assim, a primeira edição do Dia de Feira aconteceu na Olivia Flores, na Praça do Cai 1. A segunda foi lá para o Bairro Brasil. A terceira foi na Pracinha do Gil. Até aí tudo bem. Chegamos, no mês de junho, na quarta edição que, ao contrário do que pensávamos, ocorreu novamente na Pracinha do Gil. Essa quinta, por sua vez, está sendo no Vila Music, localizado na estrada da Uesb, no fim da Olívia Flores.

Bom, até então nunca tinha ido ao Vila Music, mas agora posso afirmar com precisão que o espaço é bacanérrimo. A estrutura é de altíssimo nível, o que ofereceu um ar digamos que mais limpo, organizado e sofisticado ao Dia de Feira. Os expositores também não fizeram por menos. Comidas cheirosas, deliciosas e sedutoras a qualquer olhar. A Praça da Cerveja Artesanal, novidade dessa edição, também se configurou como um reconhecimento aos nossos produtores, muitos bons, por sinal, de cervejas da região (um alô especial para a Brutos Beer, que sempre oferece os melhores chops!). Os artesanatos lindíssimos como sempre. E os preços não se alteraram: Tudo varia entre cinco e vinte reais.

Certamente que o Dia de Feira já foi incorporado como um evento da cidade e que vale a pena frequentá-lo. Contudo, no entanto, todavia, alguns questionamentos da quarta edição para cá começaram a surgir:

– O Dia de Feira se afirma como uma proposta itinerante de ocupação da cidade. Já tivemos cinco edições, sendo quatro ocupadas em lugares ditos “nobres” da cidade e uma em um espaço mais “popular”. Quando a feira vai voltar, de fato, a consumir Vitória da Conquista como um todo e migrar para praças do Alto Maron, Vila Serrana, Jurema e assim por diante?

– Ainda há interesse da produção de contribuir com o desenvolvimento da cidade e alertar o poder municipal a cuidar dos espaços públicos? Ou essa ideia foi abolida?

– O Dia de Feira já escolheu e estipulou o público que quer alcançar? Ou a ideia continua sendo de que toda e qualquer pessoa possa frequentar o espaço? Porque nessa quinta edição, por exemplo, o que foi possível observar na tarde sábado foram pessoas mais velhas, famílias, visivelmente dotadas de um poder aquisitivo maior. Muitos carrões parados na entrada do Vila Music e, diferente das outras vezes, pouquíssimos jovens.

– Em relação a dar visibilidade às pessoas que mexem com gastronomia e artesanato na cidade. Da terceira edição para cá é possível observar uma repetição de expositores. Sobre a qualidade do produto deles não há o que colocar em cheque. Contudo, se estão sendo sempre os mesmos, a produção pensa em alargar o projeto para dar oportunidade de novas pessoas se inserirem ou pretende permanecer com os já conhecidos, garantidos e aprovados pelo público?

Quem avalia a proposta do Dia de Feira não pode negar que foi uma aquisição muito boa em diversos eixos para Vitória da Conquista. Através da visibilidade da produção, os expositores puderam ampliar seus negócios, os grupos artísticos se tornaram ainda mais bem quistos e conhecidos pelo público e os consumidores abriram seu leque de opções de entretenimento. É preciso, contudo, até para que a proposta cresça de maneira honesta, levantar questionamentos, tecer criticas construtivas sobre o espaço para que ele continue sendo um aditivo para a cidade e não apenas um empreendimento lucrativo. De fato, espera-se que nas próximas edições o Dia de Feira se reaproxime da população como um todo fazendo com que ela se reconheça e queira estar nesse lugar. No mais, fica aqui o convite, aberto a todos, para irem conferir de perto a delicias que rolarão por lá nessa tarde, ao som dos djs Rafha e Paulinha Chernobyl e da banda On The Rocks.



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