Vlad III, Drácula de Bram Stroker, Michel Temmer e o Samba do Conde Drácula

Por Mariana Kaoos

Referências, meus amigos. Ou, como dizia Lavoisier, “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Digo, as coisas são relocadas, saem de um contexto inicial para poderem, mais tarde, contextualizar e exemplificar outro. Já perceberam isso? Partindo desse principio é que venho lhes falar dos três Condes Dráculas que andam habitando em nossa sombria e fértil imaginação.

Foto: Amanda Nascto
Foto: Amanda Nascto

O primeiro, como vocês já devem imaginar faz referência ao príncipe da Valáquia, Vlad III. Segundo relatos, ele foi um governador sanguinário na época da Idade Média e tomou conta do território que atualmente conhecemos como Romênia. Vlad, magnífico, magnânimo e cruel fez uma grande miséria por lá: assim como Valesca, desejava a todos os inimigos vida longa, só que diferente dela, não era para que eles vissem a cada dia a sua vitória, e sim para que sofressem com sua absurda perversidade.

Foto: Amanda Nascto
Foto: Amanda Nascto

O pai de Vladinho, Seu Vladão (mais conhecido como Vlad II) era membro de uma sociedade cristã romana chamada Ordem do Dragão, que tinha como objetivo defender o território da invasão dos turcos otomanos. Ele era conhecido como Dracul (dragão). Por consequência, Vladinho passou a se chamar Draculea (filho do dragão). Acontece que a palavra dracul também trazia como significado o conceito de “diabo”, esse, por sua vez, aplicado à família dos Vladões, pelos seus inimigos e camponeses supersticiosos.

Foto: Amanda Nascto
Foto: Amanda Nascto

Bom, o importante aqui é frisar que, embora de carne e osso, Vlad III exibia uma brutalidade, uma crueldade tão intensa que ela passou a alimentar o imaginário popular e este, por sua vez, relegou a Vlad III a identidade, a representação de um vampiro.

Vlad III assumiu a representação de um vampiro que influenciou diretamente na construção do nosso segundo Conde Drácula. Talvez o mais importante (ou popular) de todos, esse Drácula provém da literatura, mais especificamente de um livro fictício de Bram Stroker escrito no ano de 1987. Bram foi um romancista, poeta e contista irlandês, autor de uma boa e vasta obra. Contudo, seu grande sucesso, que perdura até os dias atuais, é a criação do Conde Drácula que, por sua vez, veio a inspirar diversos produtos de arte na literatura e no cinema.

No livro em questão, o protagonista se chama Vlad Tepes (Drácula) que, após defender a igreja cristã na Romênia contra os turcos, retorna ao seu lar e percebe que sua noiva, Elizabeth, fora enganada e, por conta disso, se suicidara num rio chamado Princesa. Angustiado com a perda da amada, Vlad renega a Deus e a igreja, jurando se alimentar apenas de sangue a partir daquele momento, condenando-se à sede eterna, ou seja, ao vampirismo.

A história vai se desenrolando e muita coisa acontece (tem que ler para saber tudo, ou assistir ao filme Drácula de Bram Stroker, do ano de 1992, dirigido por Fracis Ford Coppola). Contudo, apesar do Conde Drácula trazer a maldade em si, fica claro que sua motivação maior sempre foi o amor, a fixação pela sua amada.

Finalizando essa conversa vampiresca e amedrontadora, o terceiro Conde Drácula (e, talvez, para nós, o mais importante nesse momento) faz referência direta ao presidente em exercício, Michel Temer. A associação surgiu através de uma comparação física de Temer com os famosos personagens do cinema, mas não só. Devido à sua postura, posicionamentos e discursos, Temer passou a ser chamado pela mídia (ao menos uma parte dela) como “sugador”, “vampiro”, “Conde Drácula”. Até mesmo José Simão, colunista do jornal Folha de São Paulo se refere ao presidente dessa maneira.

Bom, tentando ser o mais imparcial possível (pelo menos dessa vez), aqui, vou deixar que as coisas falem por si só. Nessa última quarta feira, 08, aconteceu a primeira exibição da mais nova música (e videoclipe) do Hotel Mambembe. Intitulada Samba do Conde Drácula, a canção é uma espécie de manifesto, irônico, sarcástico e direto, sobre o nosso atual momento político. A composição é de Euri Meira, a direção do clipe ficou por conta de George Neri e o apoio do Aquarius Gourmet.

Segue abaixo o vídeo, para que vocês tirem suas próprias conclusões:

Ah, só para lembrar: Nessa sexta-feira haverá, em todo o Brasil, um ato popular intitulado Fora Temer. O objetivo é denunciar as arbitrariedades do governo do Conde Drácula. Aqui em Vitória da Conquista a concentração está marcada para as 17 horas, na Praça Vitor Brito. Paralelo ao ato “oficial”, os artistas da cidade estão se mobilizando em atividades desde as 9horas na Praça Barão do Rio Branco. Quem quiser pode chegar!

 



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