Tome Nota: O que vem por aí na cena cultural conquistense

Por Mariana Kaoos

Crianças, apaixonem-se! Apaixonem-se perdidamente e curtam essa paixão. Escrevam canções, sussurrem poesias, suspirem pelos cantos da casa, pelas esquinas do caminho. Achem a vida mais charmosa. Sintam o calor que brota dentro da gente, ainda que estejamos no outono. Transbordem com o azul do céu e com os sorrisos, os detalhes pequenos e profundos e bonitos do cotidiano. Apaixonem-se porque a nossa existência fica mais bonita e mais bela quando estamos apaixonados. Escutem muito Tom Jobim e até mesmo Belchior. Ambos são sábios e sempre nos ensinam algo novo através do seu olhar para o mundo. Apreciem o voo livre dos pássaros. Sintam a magia das borboletas pairando no estômago. Façam loucuras de amor.

Apaixonem-se não necessariamente por um outro. Até porque o outro é sempre consequência, surpresa no meio da estrada. Apaixonem-se por vocês mesmos. E pelas palavras e pela arte. Apaixonem-se pelo nosso país e cuidem dele. Apaixonem-se pelas flores. Pelo mar. Pelo sertão. Apaixonem-se e invistam no que é bom. Tornem-se criadores e criaturas cheias de graça. Deem crises de riso. Façam cócegas em si mesmos. Apaixonem-se por absolutamente tudo que valha a pena e, acima de qualquer coisa, não liguem para os tolos desapaixonados, porque os tolos nada sabem. Medo aqui não tem vez! A palavra de ordem é: Entrega. Entrega e liberdade.

Eu, nesses últimos tempos ando bem apaixonada. Apaixonada por um beija-flor que encontrei em um jardim bonito dia desses. Só que não apenas. Não sei o que é, mas ultimamente meu coração anda palpitando de encantos mil. Talvez, aliás, certamente que o mais intenso de todos, é aquela palavrinha que, quando eu escuto, me derreto toda: Cultura. Sim, crianças, encontro-me  aqui, nessa segunda-feira poética, com aquela luz da aurora da manhã nos meus olhinhos e louca, ávida pelo que está por vir. As programações para essa semana estão maravilindas e é tempo de aproveitarmos todas elas. A felicidade é mesmo uma arma quente!

“Cortando a faca e facão os desatinos da vida”:

Digam aí, queridões, vocês andam reverberando discursos exaltados por aí? Sim? Não concordam com a nossa atual situação política brasileira? E vocês estão utilizando-se de quais meios de informação? Revistas, jornais, internet, televisão, o que mesmo, afinal? A preocupação de vocês é real, ou vocês andam alimentando o bafafá apenas pelo calor do momento?

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Bom, independente do motivo, acredito que nos inserirmos no debate político é sempre algo interessante e construtivo. Digo, não dá para ficarmos alheios à nossa atual conjuntura, não é mesmo? Sendo assim, precisamos sair um pouco da nossa zona de conforto e dessa preguicite aguda e começarmos a fazer por onde. Posso dar uma sugestão? Ok, então lá vai: Acho que um primeiro e gostoso passo pode ser a nossa presença em espaços que objetivem, que fomentem um debate sobre os mais distintos temas da nossa esfera política.  Estudar, adquirir conhecimento e trocar com os outros é um ato infinitamente mágico e gratificante.

Portanto, venho aqui convidá-los para, no dia 26, mais precisamente na terça feira, irmos a um debate promovido pela Adusb sobre a questão da reforma agrária. Tipo, essa será a terceira etapa do Curso de Formação Política da Adusb e ocorrerá no campus da Uesb de Vitória da Conquista, a partir das 19 horas, no Auditório II do Módulo Luizão. O sindicato irá disponibilizar transporte, gratuito, para o pessoal dos campi de Jequié e Itapetinga.

A palestra “De Eldorado dos Carajás a Quedas do Iguaçu: um debate sobre reforma agrária” terá como convidados Márcio Zonta (Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e Walcyr Barros (Coordenador do Grupo de Trabalho de Política Agrária, Urbana e Ambiental do ANDES). Acredito que os dois queridos devem ter muita informação bacana para trocar com a gente, viu?  E, sendo assim e assim sendo, não podemos ficar de fora. Vamos juntos, enriquecer nosso lado crítico social?

 

“Depois de nós é nós de novo”:

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Quem assistiu ao show do Complexo Ragga na festa Quem Te Viu, Quem Te Vê, onde eles dividiram o palco com ninguém mais ninguém menos que Karol Conká, pode perceber o peso da batida. Digo, eu acompanho o grupo desde o início de sua formação e, de todos esses anos para cá, a palavra de ordem é sempre maturidade.

Maturidade nas letras e nos sons. O nosso queridíssimo dj Loro Voodoo está, cada vez mais, aprimorando, refinando e apresentando a nós, público apaixonado, o que há de melhor da bass music. Supremo MC e Jhonny Ranks também estão fazendo por onde. As letras das músicas ganharam uma narrativa mais cadenciada e a performance de ambos no palco, meu Deus, delícia cremosa total.

Acredito que quem anda pela cena cultural de Vitória da Conquista já atrela o nome Complexo Ragga a festas e produções de qualidade. Justamente por isso é que, para quem curte um ragga esperto, já pode se preparar para esse sábado, 30, que vai rolar a segunda edição do Baile Barril Dobrado.

Além do Complexo, irão se apresentar Miro MC e Vandal, vindo diretamente da nossa capital baiana. Mas calma que tem mais: as pick ups ficam por conta dos djs Loro Voodoo, Rodrigo Freire, Guerrero e Lucas Santos. Os ingressos estão no valor de 15 reais e podem ser adquiridos na Tribus Surf Shop (nas lojas do Terminal e da rua Francisco Santos). O Baile Barril Dobrado está marcado para começar às 21 horas.

“Quem de dentro de si não sai, vai morrer sem amar ninguém”:

Olha, olha, já que comecei o Tome Nota de hoje com mal traçadas linhas apaixonadas, nada melhor do que termina-lo da mesmíssima maneira. E, sendo assim, não poderia falar de qualquer outra coisa que não o que em mim se traduz como encarnação, significado e profundidade do conceito paixão: Vinicius de Moraes.

Vinicius foi diplomata, poeta, cantor, compositor e contemplador da existência humana. Gravou discos valiosérrimos para a música popular brasileira como Os Afrosambas, em parceria com Baden Powel. Escreveu algumas poesias fervorosas, dentre elas Soneto da Fidelidade, Para Uma Menina Com Uma Flor e Dia da Criação.

Vinicius se casou nove vezes. E, nos seus nove casamentos se apaixonou e amou em devoção as suas companheiras. Amou em devoção as suas companheiras pelo tempo que tinha que durar. Dizem as boas línguas, que quando a paixão minguava, Vinicius ficava cabisbaixo, triste, soturno, sem vontade de assoviar. Era chegado o fim. Aí ele tomava coragem (porque é preciso muita coragem) e seguia em frente, deixando-se encantar por uma flor, por uma praia, pelos acasos do destino.

Entregava seu coração nas mãos do Senhor Tempo e, confiava que ele fosse curar tudo. E estava sempre certo. Aí, aos pouquinhos, a felicidade retornava aos olhos de Vinicius e novas paixões adentravam a sua existência, dando significado a ela. Dizia ele que a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida. Sendo assim, que nos encontremos pois, abertos, rentes e atentos para os mistérios e amores, que sempre hão de pintar por aí:



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