Firmeza, resistência e confiança política na capacidade de luta do Povo Brasileiro

Por Cláudio Carvalho e Alexandre Xandó*

Claudio Carvalho é Professor de Direito da UESB; Alexandre Xandó é Mestrando em Memória da UESB. Ambos são militantes da Consulta Popular, advogados populares e integrantes do NAJA – Núcleo de Assessoria Jurídica Alternativa e do GPDS - Grupo de Pesquisa Direito e Sociedade da UESB
Claudio Carvalho é Professor de Direito da UESB; Alexandre Xandó é Mestrando em Memória da UESB. Ambos são militantes da Consulta Popular, advogados populares e integrantes do NAJA – Núcleo de Assessoria Jurídica Alternativa e do GPDS – Grupo de Pesquisa Direito e Sociedade da UESB

Estamos vivendo um importante momento no Brasil. O atual estágio da crise política, econômica, social, ambiental e de valores exige serenidade para responder a altura o que a realidade nos apresenta.

Temos que evitar a histeria promovida pelo espetáculo midiático na política promovido pela Rede Globo que tem se colocado como importante condutora de processos não democráticos. A atuação da direita se dá de forma aparentemente dispersa, o que facilita ainda mais o papel da mídia e da Rede Globo como polo unificador e organizador.

Ao mesmo tempo, termos a clareza de que existe uma polarização política da sociedade brasileira, contudo, ainda em uma correlação de forças desfavorável aos trabalhadores e trabalhadoras. A burguesia brasileira ainda está dividida nesse processo. Frações do capital financeiro e das transnacionais aderiram ao golpe e defendem uma saída que restaure o programa neoliberal. Já a burguesia interna segue dividida, parte aderindo ao golpismo, parte sem apontar outros caminhos.

Mas o fato é que avançam as articulações no sentido de unificar as frações da burguesia para o movimento golpista avançar.

Uma certa burocracia do Estado instalada em setores do judiciário e na polícia federal têm sido agentes políticos fundamentais dos interesses neoliberais, utilizando o cerne do estado para a luta política e como substituto da política.

O núcleo central da operação Lava jato têm objetivos claramente golpistas, afrontando e colocando em risco garantias constitucionais fundantes da democracia. O fato é que os partidos políticos vão perdendo capacidade de atuar, com baixa capacidade de convocatória, dissolvidos numa geleia, sob medo de serem eles próprios e seus integrantes postos sob o fogo da Lava Jato e da Polícia Federal.

As últimas mobilizações de massas demonstraram que a polarização tende a se aprofundar nas ruas. De um lado, a mídia vem jogando todas as forças para ampliar a mobilização dos setores médios mais conservadores, uma parte deles de corte nitidamente fascista e que foge ao controle das forças de direita tradicionais. De outro, quem ocupou as ruas nos dias 18/03 e 24/03, foi a esquerda organizada e setores progressistas da sociedade que foram decisivos nas eleições de 2014 e com uma demonstração de força capaz de pautar a resistência.

É importante afirmar que qualquer que seja o desenlace das lutas que estão sendo travadas, as graves contradições da sociedade brasileira e a grave crise econômica mundial, não serão resolvidas.

A crise em curso não é simplesmente uma crise de governabilidade. Trata-se de uma crise das Instituições da Republica. Portanto, seu desfecho não será rápido e tampouco conseguirá resolver as contradições que se intensificarão em todas as dimensões da crise. Mesmo que no curto prazo os inimigos do povo consigam golpear a democracia pela via do impeachment da presidenta Dilma, qualquer que seja a composição de um novo governo que logrem realizar, se dará na manutenção da instabilidade política, já que a crise econômica e política seguirão existindo. Esta situação poderá nos jogar numa imprevisível crise social.

O momento exige firmeza e confiança política na capacidade de luta e resistência do Povo Brasileiro.

 

* Claudio Carvalho é Professor de Direito da UESB; Alexandre Xandó é Mestrando em Memória da UESB. Ambos são militantes da Consulta Popular, advogados populares e integrantes do NAJA – Núcleo de Assessoria Jurídica Alternativa e do GPDS – Grupo de Pesquisa Direito e Sociedade da UESB.



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