Burburinhos Culturais de Conquista: Semana Santa, Sistema Municipal de Cultura e o que vem por aí

Por Mariana Kaoos

Notícias do lado de cá: Essa semana tem Hotel Mambembe Autoral e Fatal e decididamente não dá, não dá para perder. Acredito que será a primeira vez que artistas nossos farão uma apresentação totalmente centrada nas suas produções autorais e isso é super importante porque revela que Vitória da Conquista não é apenas um polo distribuidor e consumidor de cultura, mas também criador. Olha que maravilha isso?

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Imagina comigo: Você vai para o show do Hotel Mambembe e se apaixona por uma música em especial, aí fica cantando cantando cantando sem parar durante horas, dias, meses, até que algum feriado bem bacana, bem gostoso chega e você decide viajar. Aí nessa viagem, no meio das experiências vívidas e dos encontros reais, você canta a bendita música e alguém, lá de outro estado do país, escuta e se apaixona por essa coisa antes jamais ouvida, mas forte e bonita e intensa como poucas novas canções do nosso cenário musical brasileiro. Além de você ter a oportunidade de bater um papo cremoso com uma nova pessoa, esse mesmo alguém vai passar a ter Vitória da Conquista como um polo de produção cultural. Isso é uma beleza ou não é?

Bom, deixemos essa fértil e romantizada imaginação de lado e vamos ao que interessa: O show do Hotel Mambembe Autoral e Fatal será nessa quinta feira, 24 de março, véspera de feriado, lá no nosso elegantérrimo Teatro Municipal Carlos Jehovah. Ele está marcado para começar às 19:30h e os ingressos ficam no valor de doze reais a inteira e seis reais a meia entrada para estudante. Os músicos que compõem o projeto são Euri Meira, Alexandrina Santana, Jorge França, Fabio Sharel, Gerson Broggini e Igor Barros. Ah, também vão rolar umas participações especiais, dentre elas Ítalo Silva e Marlua. Vai ser autoral, fatal e quem não for vai dar mole total.

Você já parou para pensar como existem pessoas, figuras, mitos, personagens engendrados na nossa existência desde quando estávamos na barriga de nossas mamães e que, provavelmente, irão nos acompanhar até o dia do nosso desencarno? E que esse personagens são tão fortes no imaginário e na composição estrutural de uma sociedade que eles, inclusive, ditam regras, padrões morais e até mesmo feriados?!

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Sim, eu estou falando dessa sexta-feira santa, feriado nacional, que marca o dia da crucificação de Jesus Cristo. Eu fui católica por alguns anos de minha vida e cheguei até mesmo a fazer catequese. Independente das doutrinas religiosas que sigo atualmente, Jesus Cristo, ou JC, como gosto de chama-lo, é um dos personagens a quem ainda dou credibilidade e oro todas as noites.

Contudo, porém, entretanto, todavia, gosto de mudar alguns detalhes da história de JC para que eles correspondam com a minha percepção acerca desse mito, consagrado em todo o mundo, por mais de dois mil anos.

Bom, tenho em mim JC como um grande líder revolucionário socialista que pregou a igualdade entre os indivíduos e, principalmente, o amor coletivo e unificado (e aqui me refiro a um amor que ultrapassa e acaba com a divisão de classe social e, mais ainda, com as diferenças identitárias). Seus pais, proletários, muito humildes e residentes da periferia, atuaram na formação de JC com extremo zelo e atenção, para que o menino crescesse e se tornasse um homem íntegro, coeso e lúcido sobre o seu papel social.

E bom, na minha visão, JC cresceu e não só adquiriu todos esses valores, como os ultrapassou. Ele se tornou um líder revolucionário das grandes massas e, os seus ensinamentos, permearam questões como ética, política, moral e convívio social, cultura, filosofia, dentre mais alguns outros pontos. Como todo líder de uma frente de massas, JC pisou no calo, desagradou e amedrontou os poderosos da época até que, em um momento de descuido e traição, foi deposto, caiu feio e o resultado disso foi a sua própria morte.

Sua ideologia, ainda que muito deturpada, permanece viva até hoje porque ela é pura, convicta e certeira: Eu acredito de modo veemente que os ensinamentos de JC são o segredo, o ingrediente especial para causarmos uma revolução mundial. E é justamente por isso que gosto de tê-lo perto, como se fosse um grande amigo meu. Não tenho essa sexta-feira como o dia em que ele foi crucificado (olha que maneira terrível de se lembrar dum amigo?), pelo contrário, tenho essa sexta-feira como um dia de reflexão sobre a vida e legado do nosso primeiro grande líder e, mais ainda, sobre a sua influência e o seu papel na nossa sociedade contemporânea.

Deixo aqui, uma máxima de JC que muito gosto e que, talvez, bem talvez, seja propícia para refletirmos sobre as nossas práticas políticas e sociais dessas duas últimas semanas:

“Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós”. Matheus 7: 1- 2

OBS: O google não oferece nenhuma outra ilustração de JC em que ele não seja branco de olhos claros. Essa é uma visão padrão hegemônica eurocêntrica acerca de como seria a fisionomia de Jesus Cristo que pode e deve ser questionada. O meu JC em nada se assemelha com esse padrão.

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– Como promessa feita é promessa cumprida, essa semana saiu a segunda edição da Revista Mega, uma parceria entre a Mega Rádio e a Revista Gambiarra. Nessa edição, que estará nas bancas a partir de quarta-feira, 23 de março de 2016, nossos jornalistas de plantão deram um giro nos temas mais certeiros do momento e produziram reportagem atrás de reportagem sobre a microcefalia, representação de Glauber Rocha em Vitória da Conquista, o feminismo contemporâneo como instrumento de empoderamento, dentre mais várias outras surpresas que só garantindo a sua revista para conferir. Ainda não li essa edição, mas acredito que pegarei a minha ainda hoje e, em breve, brevinho, passo minhas impressões para vocês. Ooooou, vocês já podem fazer fila na Banca Central a partir dessa quarta, comprarem e me passarem as SUAS impressões da revista desse mês. O que acham da ideia?

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Olha só, precisamos nos manter informados sobre o Sistema Municipal de Cultura, viu? Não dá para lavar as mãos e deixar que ele já chegue pronto diante de nós, porque não é assim que as coisas funcionam. Temos que cobrar, ficar no pé, procurar saber em que processo ele está, conversar aqui e ali e já nos programarmos para sermos agentes atuantes em pró da cultura do nosso município.

E bom, andei conversando com Gilmar Dantas, técnico em assuntos culturais da Secretaria Municipal de Cultura, e ele me informou que já houve a leitura do projeto nessa última sexta-feira e que a partir de agora, o projeto será avaliado pela comissão responsável e, muito provavelmente, nesse fim de semana, já deve ter alguma matéria no site da Câmara dando mais informações e disponibilizando a leitura do Sistema Municipal de Cultura on line para todo mundo.

Segue aqui o link do site da Câmara: http://www.camaravc.ba.gov.br/v2/. Vamos ficar na vigília a partir de sexta feira?

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 – Comemoramos nessa segunda feira, 21 de março, o Dia Mundial da Poesia (o Dia Nacional da Poesia é no 31 de outubro, aniversário de Carlos Drummond de Andrade) e poxa, como descrever em palavras todo o amor, respeito, admiração e gratidão que eu tenho pelo universo da poesia? Acho que só escolhendo a dedo alguma bem bonita, para finalizar o Burburinhos Culturais de hoje. E bom, “ganhei” esse poema de presente de uma pessoa muito especial na noite dessa segunda-feira,21. Ele é do Pablo Neruda e se chama Esperemos. Acho que traduz um pouco desse momento em que todos, ou grande parte de nós, estamos passando e lá vai:

Há outros dias que não

Têm chegado ainda,

Que estão fazendo-se

Como o pão ou as

Cadeiras ou o produto

Das farmácias ou das

Oficinas – há fábricas de

Dias que virão-

Existem artesãos da alma

Que levantam e pensam e

Preparam

Certos dias amargos ou

Preciosos

Que de repente chegam à

Porta

Para premiar-nos

Com uma laranja

Ou assassinar-nos

De imediato.



Cultura, Destaques, Vitória da Conquista

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