Burburinhos culturais conquistenses: Solenidade na Câmara de Vereadores e o que vem por aí

Por Mariana Kaoos

E de que lado você samba, de que lado você vai sambar?

Queridos, houve uma falha de comunicação entre a assessoria da Câmara de Vereadores com a Prefeitura Municipal, comigo e com vocês. Apesar do Dia Municipal da Cultura ter sido mesmo ontem, 14 de março, a solenidade só ocorrerá na manhã dessa quarta-feira, 16, a partir das 8:30h, lá na própria Câmara. A sessão contará com um café da manhã, além de apresentações performáticas e musicais. Outra coisa bacana e que, até então, eu sequer desconfiava da existência, é que há aqui em Vitória da Conquista uma premiação destinada a figuras ou grupos artísticos que produzem e fomentam a cultura na cidade. Mais conhecido como Troféu Glauber, o prêmio homenageará esse ano Esmon Primo e a companhia de teatro Operakata.

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Bom, a solenidade é aberta para todo mundo e é preciso, necessário, urgente, inadiável, imprescindível, improrrogável, fundamental, emergente, iminente e impreterível que todos nós, produtores, distribuidores, consumidores e questionadores da cultura local ocupemos esse espaço. Na ocasião, a Prefeitura Municipal entregará o projeto que prevê o Sistema Municipal de Cultura. Ele deve levar cerca de pouco mais de um mês para aprovação, isso é, a depender da pressão e cobrança da sociedade civil. Então, queridos, esse é o momento da disputa e nós precisamos nos colocar na linha de frente, a fim de lutar pelo projeto político cultural que acreditamos. Tenho para mim que o Sistema Municipal de Cultura pode ser uma das possíveis soluções para os entraves culturais do município e, sendo assim, temos que mostrar esses nossos rostinhos faceiros amanhã e deixar claro ao poder público que a nossa sociedade está carente de cultura e que queremos uma mudança nesse sentido sim.

Patrick’s Day no Café Society:

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Moçada, olhem só como o hibridismo cultural da nossa pós modernidade é interessante: Lá na Irlanda, país que está a quiloooooooooometros de distancia da gente, na data de 17 de março comemora-se o dia do santo padroeiro de lá, ou seja, São Patrício. É um dia de festas religiosas e pagãs, que caem justamente no período da quaresma.

Na Irlanda, o dia de São Patrício se dá mais ou menos assim: pela manhã há uma missa católica solene, voltada para a vida e conquistas do santo. Já na parte da tarde, os irlandeses festejam de maneira pagã, indo às ruas, dançando, comendo e bebendo. É uma das maiores tradições de todo o país, mas não só. Outros lugares como os Estados Unidos, Japão, Singapura, Rússia, Argentina e Canadá também comemoram o 17 de março.

Algumas curiosidades são bacanérrimas de se desvendar, por exemplo, o trevo da sorte que é um dos símbolos da Irlanda e desse dia. Dizem as lendas que São Patrício usava um como metáfora para a santíssima trindade. Ou fato interessante é a questão dos duendes. Bom, eles provavelmente vieram como uma herança do folclore celta, repleto de fadas, sacerdotisas, druidas e assim por diante. Dentro da Irlanda e do Patrick’s Day, o duende é conhecido como um homenzinho pequeno, espevitado, de paletó e chapéu verde e longa barba ruiva. Ele é traiçoeiro e faz de tudo para  proteger o seu tesouro, que é um pote cheio de ouro guardado atrás do arco íris.

Bom, você está ai se perguntando o que nós temos a ver com isso? Nós temos muitíssimo a ver com isso. Temos muitíssimo a ver com isso porque aqui em Vitória da Conquista o dia de São Patrício já é comemorado por alguns bares e restaurantes. Um deles é o Café Society, que nessa quinta-feira, dia 17, fará uma programação especial todinha voltada para a cultura irlandesa.

A começar pelo grupo musical, intitulado Duendes Por Cerveja. Composto por Gilbertinho, Euri Meira, Fernando Bernardino e Don Octavius, o repertório é todo voltado para o folk rock, música celta e irish songs. Já imaginou que loucura? Bom, tem mais: A comida ficará por conta do Sexto Sentido Goumert e a casa disponibilizará uma carta com alguns chops bem bacanas como o Belgian Blond Ale, da Adamentine e Stout, da Ersten. A entrada fica a dez reais por pessoa e a garantia é de muita diversão.

Hotel Mambembe e o show autoral:

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Quem anda pelo mitiê cultural de Vitória da Conquista conhece muitíssimo bem esses dois nomes que vou falar agora: Euri Meira e Alexandrina Santana. Digo, conhece bem porque eles são sinônimos de qualidade, criatividade e inovação. Ora, quem não se lembra das quartas autorais no Aquarius Goumert com Euri? Ou do show Belchior Elétrico no Teatro Municipal Carlos Jehovah e no Café Society? E quem foi esse que compareceu ao Na Cadência do Samba, no Canto do Sabiá, e conseguiu ficar parado?

Não, não teve um que saísse de alguma das apresentações de Euri e Alexandrina sem gostar ou de cara amarrada. Seja fazendo releituras de alguns clássicos do rock, jazz, bossa nova e mpb no geral, ou seja interpretando músicas autorais, a dupla dinâmica possui um alto comprometimento com a produção e difusão de cultura em Vitória da Conquista.

Também pudera. Euri, que passou quinze anos de sua vida contribuindo com a cena cultural local de Nova York, cidade em que residia, hoje integra o hall dos artistas conquistenses mais competentes e gabaritados. Já Alexandrina, transita por diversas vertentes artísticas: Ela é atriz, cantora, compositora e interprete. Sim, ela pinta o sete dentro da nossa cena cultural.

Juntos, eles possuem um projeto musical intitulado Hotel Mambembe, onde exploram a estética e criação artística. No Hotel Mambembe cabe samba, chorinho, rock n roll, blues, jazz, som regional e o que mais Euri e Alexandrina considerarem de qualidade. A novidade do momento, é que agora, no dia 24 de março, a dupla estará apresentando, pela primeira vez, um show só com músicas autorais. É isso mesmo, Hotel Mambembe Autoral e Fatal terá, de início, apenas uma única exibição no Teatro Carlos Jehovah, a partir das 19:30h. Ou seja, quem não for vai perder.

Dos últimos dois anos para cá, a profusão de shows voltados para a releitura de outros nomes nacionais tem se tornado enorme em Vitória da Conquista. Se por um lado esse é um filão que atrai e agrada ao público, por outro ele acaba restringindo os próprios artistas locais de apresentarem a sua vertente autoral. E se ela não for bem recebida? E se os shows forem vazios por não levantar interesse nas pessoas? Vários questionamentos surgem e acabam provocando medo e ruptura nessas iniciativas próprias.

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Contudo, se faz cada vez mais necessário investir na proposta autoral. Já sabemos que os nossos artistas possuem uma enorme qualidade. Agora está na hora deles criarem. Foi pensando nisso que Euri e Alexandrina decidiram se arriscar com o Hotel Mambembe Autoral e Fatal. “A produção musical é de extrema importância para toda a sociedade, especialmente quando vivemos em tempos conturbados e confusos principalmente no ramo musical! Os produtores independentes como eu e vários outros artistas na cidade tem o dever de movimentar a cena com eventos de qualidade e conteúdo. Eu encaro isso como uma missão em levar cultura , tradição e coisa novas ao público em geral! Há muita gente querendo aprender coisas legais todos os dia! O mundo ainda não acabou!”. Comentou Euri.

Bom, acredito que só pela coragem e inciativa de ambos, já vale a pena conferir de perto a apresentação do Hotel Mambembe no dia 24. Outros artistas farão participação especial, dentre eles Ítalo Silva e Marlua. Os músicos que acompanharão Euri e Alexandrina também são da pesada: Gerson Broggini, Ronaldo Costa, Igor Barros, Fábio Sharel e Jorge França. Os ingressos já estão sendo vendidos, num valor de doze reais a meia e seis reais a inteira.



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