Tome Nota: Burburinhos culturais e o que vem por aí no calendário conquistense

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Por Mariana Kaoos

Debaixo dos caracóis dos seus cabelos, uma história pra contar:

Queridos, gravem esse nome: Lys Alexandrina. Gravem esse nome porque ele pode vir a representar o que de mais cultural, requintado e valioso será produzido aqui nessa cidade de Vitória da Conquista ao longo desse ano de 2016. Nessa ultima sexta-feira, 04, eu fui, junto com a fotógrafa Amanda Nascto, conferir de perto um show de Lys, lá no Café Society.

Foto: Amanda Nascto
Foto: Amanda Nascto

Intitulada Sambalanço, a apresentação contou com clássicos da bossa nova e do samba popular. E vou te contar que os olhos já não podem ver coisas que só o coração pode entender. Foi o mel do melhor. Lys tem voz serena, bonita, suave. Sua presença em palco é certeira, precisa. Ela é minimalista e segura de si.

E bom, depois de ler isso aqui, feche os olhos e imagine comigo: Noite quente, cheia de estrelas no céu. Vento sul que bagunça os cabelos e torna o instante mais ameno. Sorrisos e papos mil. Cerveja gelada, puro malte. O local é um café. Espaço aconchegante. Meia luz. Pequeno palco com cortinas vermelhas atrás. No palco um piano, bateria e baixo. Músicos compenetrados com seus instrumentos. Ao centro, uma cantora. Vestido longo, listrado em branco e preto. Anéis nos dedos e nos dedos uma taça. Vinho tinto seco. Cantora bem branquinha, cheia de pintas no corpo. Cabelos cacheados na altura das orelhas. Uma luz azul incide sobre a cantora e, do piano, vem as primeiras notas da próxima canção: Vinicius de Moraes, Berimbau.

Foto: Amanda Nascto
Foto: Amanda Nascto

Aí a cantora começa a cantar e sua voz ecoa pelos quatro cantos do Café e até mesmo dentro de você. Você fecha os olhos, fica inerte por alguns segundos, só ouvindo aquela música que, por si só, já lhe preenche e se faz suficiente. Depois você abre os olhos e se depara com o ambiente, com o público, com as fotografias nas paredes, com o palco, com os músicos, com a cantora. Aquele conjunto de elementos torna-se algo tão forte, mas tão forte, que nada, realmente nada poderia ser mais profundo, mais poético e mais intenso que aquele momento. Você sabe qual o nome disso, meu amigo? Arte. Pura arte, beleza pura, bruta flor do querer. Foi exatamente dessa maneira que ocorreu a apresentação de Lys, na sexta-feira, e é com gosto de quero mais que nós, público e amantes da cultura, estamos seguindo esses nossos dias. E ai, Lys, quando haverá um repeteco?

É domingo no meu coração. Domingou, meu amor:

Se o fim de semana começou delícia com o show de Lys na sexta, ele finalizou mais delícia ainda com o Bingo que rolou na Casa Dois de Julho, no domingo. Porque tiveram prêmios espertos, feijoada cremosa, cerveja gelada, samba raiz e até mesmo rapadura que estava doce, mas não era mole não.

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E foi bem assim: pessoas ligadas a movimentos sociais e pessoas que nada possuíam de vinculo com eles, mas que marcaram presença a fim de se divertir. Eu devo admitir que, embora não tenha participado, a ideia do bingo foi algo mesmo genial. Genial porque esse tipo de brincadeira promove a interação e os sorrisos são leves, sabe? Você relaxa, não precisa carregar o mundo nas costas naquele momento, porque aquele momento é puro e inocente e belo.

Dizem por aí que a felicidade está nas coisas simples, né? Pois é. Acredito que nesse domingo, estava todo mundo feliz na Casa Dois de Julho, porque o tanto de gargalhada que eu escutei, não está no gibi. Quem passou por lá foram alguns nomes conhecidos da cidade como o nosso secretário de comunicação, Ernesto Marques, o vereador Florisvaldo e o Coordenador de Políticas de Promoção de Direitos Humanos LGBT, Danillo Bittencourt.

Para além dele, representantes da Marcha Mundial das Mulheres e integrantes da Consulta Popular, Levante Popular da Juventude e Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores  por Direitos também ocuparam o espaço, conversando, descontraindo e fazendo a maior algazarra em comemoração ao um ano da Casa Dois de Julho.

A perspectiva é que mais espaços assim ocorram durante o ano. Para além disso, acredito que muito em breve a Casa vai realizar alguns cursos nas áreas de direitos humanos e militância social. Delícia não é mesmo?

Chego e constato: Teatro não se explica, teatro é ato:

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Alô alô amantes da balbúrdia. Admitam para Kaoosinha aqui: vocês estavam morrendo de saudades de assistir uma peça teatral, não é verdade? Pois então, eu também. Desde que o nosso querido e amado Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima fechou para reforma, há mais de dois anos, que andamos carentes, melancólicos, tristonhos pela falta que o teatro faz na nossa existência.

Contudo, agora, para a nossa alegria, essa semana vai rolar peça das boas. Sim, concordo contigo que essa é a melhor notícia que poderia surgir nos últimos tempos e espero (esperamos, eu sei) que ela seja apenas a primeira de muitas que estão por vir.

Então, falando do que importa, nessa quarta e quinta feira, dias 9 e 10 de março, o monólogo Calango Deu! Os Causos De Dona Zaninha estará em cartaz no Teatro Municipal Carlos Jehovah. Escrito e interpretado pela atriz Suzana Nascimento, o espetáculo conta a história de Dona Zaninha e suas mais variadas memórias de vida. Pelo que li aqui e ali, lá e acolá, Calango Deu tem como proposta, além da óbvia diversão, trazer um pouco do universo sertanejo e da cultura popular, mãe oficial dos repentes, causos e desse jeito tão particular de estética lúdica do sertão.

Quem está a frente da empreitada é a FMB Produções, na figura da maravilhosa Ana Claudite. Os ingressos estão num valor de dez reais a meia e cinco reais a inteira e o horário fica por volta das 20horas. Não vale chegar atrasado. Vamos todos, eu e você, vocês e eu juntinhos, consumir cultura popular de altíssima qualidade?

Dorival é tudo que estiver no tom:

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Quem foi o grande poeta, sensível e profundo, que mais falou de mar e de amor e de vida como ninguém? Quem foi, quem foi, quem foi? É claro, óbvio e evidente que foi Dorival Caimmy. A maneira como Dorival criava suas narrativas, a cadência do seu samba foi algo revolucionário desde a sua concepção, na metade do século passado, até os dias atuais. Pelo menos para mim, ele é um dos grandes e mais valiosos nomes da nossa cultura popular. Escutar e compreender a obra de Caimmy é o mesmo que falar da nossa constituição identitária, baiana, de povo.

E bom, nada mais justo, nada mais belo do que manter a sua obra viva e apresenta-la para quem ainda não a conhece, não é mesmo? Quem vai fazer justamente isso é Marlua. E para Marlua, a gente pode sempre oferecer os melhores adjetivos: Linda, profissional ao extremo, canta e faz chover, criativa, sensível, questionadora, preocupada com a produção e disseminação de cultura de qualidade.

Intitulado Bahia de Caymmi, a apresentação será nesse sábado, às 20 horas, no Teatro Municipal Carlos Jehovah. Aqui, farei um adendo, a fim de reconhecer que as melhores e mais incríveis produções tem sido feitas no Carlos Jehovah e que o público gosta dessa cultura de espetáculos no teatro sim. Se liguem nisso, empresariado! Enfim, voltando ao cerne da questão, os ingressos estão no valor de dez reais a inteira e cinco a meia. Davi Prates, Fábio Sharel, Heackel França, Rafael Gomes e Ronaldo Costa acompanharão Marlua. Só fera, diga aí?

Bom, é Caimmy e é Marlua, então, tenho mais do que certeza de que não dá para ficar de fora. Então, como sei que já é mais que certo o nosso encontro, tratem logo de colocar a sandália de prata e vir pro samba, sambar.

Rapidinho é mais gostoso:

Programações do oito de março:

Ê mulherada, se preparem porque amanhã tem programações quentes, empoderadoras e culturais para nós pensarmos e repensarmos sobre o nosso papel na sociedade. Mas calma ai, você não sabe tudo o que vai rolar? Então saca só:

– 8 de março Mulheres em Luta: Promovido pela Marcha Mundial das Mulheres, Consulta e Levante Popular da Juventude, MST e demais organizações, na terça feira pela manhã haverá uma mesa de debate englobando diversos temas sobre a mulher. À tarde, um ato público que sairá do Ginásio de Esportes Raul Ferraz, em direção à Câmara Municipal de Vereadores: https://www.facebook.com/events/163121694073115/

– Cine Debate Feminista: Organizado pelo Coletivo Classista Ana Montenegro, o cine debate será na Praça da Juventude, a partir das 19 horas e contará com a exibição do filme Mucamas (2015), produzido pelo Coletivo Nós, Madalenas: https://www.facebook.com/events/1542302032733894/

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– Mulher, uma construção social: Ação promovida pelo Sindicato dos Bancários com palestra com a advogada Luciana Santos e um coquetel com apresentação de Marlua. Às 19 horas, na sede do Sindicato.

– 8 de março, Dia Internacional da Mulher – Ação promovida pela OAB de Vitória da Conquista. Das 9h às 17h serviços de escovista, corte de cabelo, massagem relaxante, depilação facial, etc. A partir das 19h palestras com a promotora de justiça, Solange Anatório (A mulher nas carreiras jurídicas) e com a professora Graziele Novato (o percurso da mulher na história)

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– O Que Fazem as Mulheres no Buteco? : Espaço proposto pelo bar Canto do Sabiá.  Roda de conversa com Lídia Rodrigues, da UMVC/UMB e apresentação musical com Marlua. A partir das 20 horas. Entrada franca.

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– O papel da internet para o feminismo: Olha que iniciativa bacana: A jornalista, blogueira, publicitária, mulher linda e empoderada, Michele do Carmo, resolveu produzir um espaço de debate feminista on line. Isso mesmo. Na verdade a discussão vai girar não apenas em torno do feminismo, mas mais ainda em como ele se tornou popular e ganhou força através da internet. Amanha, ao vivo, a partir das 20 horas, através do periscope. A participação é livre e quem quiser pode enviar perguntas e comentários. Para participar é só baixar o aplicativo e se conectar através do twitter.

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Programação exposição: O mês mal começou e você já está confuso, não sabe qual programação fazer? Então prepara que tem mais: Exposição Nacional do Agronegócio de Vitória da Conquista. Sim, sim, sim, o evento, por muitos, mais esperado do mês de março. Além da estrutura com 400 expositores de vários segmentos, tem a parte delícia cultural. Dia 12 tem apresentação de Evandro Correia e Tom Lemos e banda. Dia 17 quem passa por lá é Tina Rocha e o projeto Elas Cantam (anos 80). Quem fecha a programação com tudo no dia 20 é Manno di Souza e, ninguém mais ninguém menos, que Geraldo Azevedo. E aí, vai ficar de fora?



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