Ito Moreno no Café Society: Burburinhos noturnos

Por Mariana Kaoos

Foto: Igor Ramos
Foto: Igor Ramos

É muita loucura da minha cabeça ou vocês também acham que as palavras anarriê e ajayo se assemelham na pronuncia? Digo, quando falamos cada uma delas, ambas se parecem. Dá até para fazer um trocadilho como ajaiê ou anayô e, a partir dessa junção, criar novas expressões, palavras e significados para dar nomenclatura a fatos e sensações do cotidiano.

Bom, se por um lado anarriê e ajayô se parecem de alguma forma, por outro suas diferenças são gritantes. Anarriê é uma palavra de origem francesa e quer dizer algo como para todos voltarem aos seus lugares. Se nesse exato momento você está tentando se lembrar de onde ouviu a expressão, eu lhe mato essa charada: quadrilhas juninas.

Foto: Igor Ramos
Foto: Igor Ramos

Já ajayô, creio eu, ser de origem africana. A palavra significa “sopro de saudação a Oxalá” e é muito utilizada dentro de religiões como umbanda e o candomblé. Mas não só. Dentro da construção da axé music e do carnaval baiano, ajayô pode ser encontrada em músicas de Luis Caldas, na passagem dos Filhos de Gandhy, em falas de Carlinhos Brown e por aí vai.

Foto: Igor Ramos
Foto: Igor Ramos

O certo é que é comprovado, registrado em cartório e tudo o mais, que o brasileiro, principalmente o baiano, já gosta de uma festa.  Mal saímos do período “ajayô” e já entramos com tudo numa onda “anarriê”. Digo isso, porque na noite dessa última quinta feira, 18, fui conferir de perto o mais novo show de Ito Moreno, lá no Café Society.

Foto: Igor Ramos
Foto: Igor Ramos

E Ito cantou o que? Cantou o que? Cantou o que? Isso mesmo! Ito cantou forró, xote, baião e até xaxado. Acompanhado de outros músicos que, inusitadamente, são todos seus parentes (pelo menos grande parte deles) e mandam muito bem no que fazem, Ito ofereceu um ar diferenciado ao Café. Digo isso porque para quem frequenta o ambiente com afinco sabe que lá o carro chefe sonoro transita por outros gêneros musicais como o rock, jazz, blues e, vez ou outra, bossa nova e mpb no geral. O forró, apesar de possuir excelentíssima qualidade, quase não é escutado. E sendo assim, assim sendo, o show de Ito voltado para esse segmento não poderia resultar em outra coisa que não surpresa e satisfação.

Foto: Igor Ramos
Foto: Igor Ramos

Primeiro que retiraram algumas mesas que ficavam em frente ao mini palco e deixaram o espaço vazio para que os amantes do forró pudessem dançar. Segundo que o repertório permeou por clássicos deliciosos como Assum Preto, Ói Eu Aqui De Novo, Neném Mulher e Preciso do Teu Sorriso. E terceiro que, ao contrário do que muitos possam imaginar, o som conseguiu dialogar com o espaço, com as bebidas e comidas do Café. Se a proposta do ambiente é oferecer cultura de qualidade ao público, então ela, essa mesma proposta, foi muito bem atendida na noite de ontem.

A perspectiva é que a apresentação de Ito com o forró aconteça regularmente no Café Society.



Cultura, Destaques, Vitória da Conquista

Comentário(s)