Tome Nota – Um giro pela cena cultura conquistense e o que vem por aí…

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Por Mariana Kaoos

Declare guerra a quem finge te amar:

Hoje o papo aqui é reto e a mensagem unilateral: Queridos, sejamos coerentes! Sejamos coerentes porque já somos egocêntricos, prepotentes, vaidosos, orgulhosos, egoístas e julgadores. Somos sim. No fundo no fundo a gente bem sabe que na vida tudo possui dois pesos e duas medidas e que isso varia quando as ações ou os discursos febris são praticados por “nós” ou por “eles”. Sejamos coerentes para assumir os nossos erros e as nossas limitações. Sejamos coerentes e saibamos aceitar as críticas e os questionamentos alheios sem acreditarmos na falsa ilusão de que eles, as criticas e os questionamentos alheios, ocorrem pela mais pura e profunda inveja. Sejamos coerentes com o alinhamento do que falamos e fazemos por aí, porque nada, nadinha mesmo passa despercebido, e tem um mundo inteiro que está observando os nossos passos, pronto para nos dar uma rasteira pela nossa hipocrisia cotidiana. Sejamos coerentes e tenhamos muito cuidado para não virarmos opressores, censuradores. Sejamos coerentes e saibamos admitir e respeitar o posicionamento do outro, ainda que ele contradiga o nosso. Sejamos coerentes e honestos para com o nosso trabalho. Os nossos relacionamentos. As nossas amizades. A nossa vida em sociedade. Sejamos coerentes porque estamos passando por uma ruptura, uma quebra de valores, uma nova imposição moral, um entrave ético e politico, um abismo cultural, enfim, estamos num momento delicadissimo em diversas instancias individuais e coletivas. E sendo assim, o mínimo que podemos ser é coerentes. Existe em nós a utopia de mudar as coisas? De uma sociedade mais justa e igualitária? Talvez o passo inicial para a sua construção se dê pela palavra coerência!

Eu quero velhos panos, cores mil, porque pra cima de “moi” só confecções:

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A notícia aqui é das boas. Começa amanhã, terça feira, quinze de dezembro de 2015, a programação cultural da Praça Nove Novembro. E quem inicia a jornada é ninguém mais ninguém menos que a linda da Lys Alexandrina. Não sabe quem é ela? Calma aí que eu te situo: Lys é cantora, daquelas que parece passarinho de voz linda que tem. Lys também compõe a Marcha Mundial das Mulheres de Vitória da Conquista, ou seja, é mulher forte, empoderada, que sabe das coisas e tem desejo de mudança. Além disso, ela é baiana, brasileira e se vê como tal. Seu show amanhã fará uma releitura da obra dos Novos Baianos. Intitulado Tinindo, Trincando, a apresentação contará com outros músicos envolvidos, dentre eles Euri Meira, Ronaldo Costa, Jéssica Oliveira e Kayque Donato. Só a galera da pesada, de responsa e de muita qualidade, diga aí? Vai ser a partir das 17 horas e, o melhor, é gratuito. O clima na cidade já vai estar mais fresco e, nessa onda de fim de ano, todo mundo quer se reunir para bater papo, ouvir musica boa e ser feliz. Pela lei natural dos encontros, meio que não existe desculpa para não ir. Eu já sou figurinha garantida na frente do palco. Você também? Vamos cantar em uníssono Brasil Pandeiro? E Acabou Chorare? Sim?! Que maravilha então. Amanhã todos lá, vestidos de lunetas.

Literato Cantabile:

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Agora não se fala mais

Toda palavra

Guarda uma cilada

E qualquer gesto pode ser o fim

Do seu início

Agora não se fala nada

E tudo é transparente em cada forma

Qualquer palavra é um gesto

E em minha orla

Os pássaros de sempre cantam assim,

Do precipício:

 

A guerra acabou

Quem perdeu agradeça

A quem ganhou.

Não se fala. Não é permitido.

Mudar de ideia. É proibido.

Não se permite nunca mais olhares

Tensões de cismas crises e outros tempos

Está vetado qualquer movimento

Do corpo ou onde quer que alhures.

Toda palavra envolve o precipício

E os literatos foram todos para o hospício

E não se sabe nunca mais do mim. Agora o nunca.

Agora não se fala nada, sim. Fim. A guerra

Acabou

E quem perdeu agradeça a quem ganhou

 

(Torquato Neto. 21-10-1971)

Amante da algazarra:

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Ah, se tem uma coisa que existe em cidade pequena é um tal de disse-me-disse, um buchicho para lá, uma fofoca para cá, não é não?! E nesse leva e traz diário, fiquei sabendo que você, vocêzinho mesmo, adora um produto cultural debochado e inteligente. É, você admira o trabalho da turma do desbunde que dá risada na cara do perigo através de críticas pontuais engendradas no riso e na criatividade que eu sei. Ficou com vergonha por que joguei seu segredo na roda? Não imagina como eu descobri? Bom, só lhe digo que você não sabe da missa um terço. Mas digo mais: eu também adoro essa galera que mistura perspicácia e sordidez em seus trabalhos. Um deles é o lindo e maravilhoso do Zéu Britto. Você também adora, né? Então, a notícia cremosa é que nessa quinta e sexta-feira, dias 17 e 18 de dezembro, ele se apresentará aqui na nossa cidade. Seu show, intitulado Tobogã, promete agregar antigos e novos sucessos da sua carreira como cantor e vai acontecer no bar Costinhas Prime, a partir das 21 horas. Olha, dá pra reunir a galera e comprar a mesa, num valor de cem reais. Mas se você preferir ir sozinho, também não tem problema. O ingresso individual fica a 25 reais. Quer garantir logo o seu? Então corre, que ele já está sendo vendido na loja Hey Joe, que fica na rua Alziro Prates, bem em frente ao Nakaya. Quinta e sexta, nos vemos lá?

Na madrugada iremos pra casa cantando:

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Olha fofetes, essa semana não tá mole não. Na terça tem Lys Alexandrina, na quinta e na sexta Zéu Britto e no sábado, sabe o que vai rolar? Cultura em dose dupla. Sábado será dia de irmos novamente à Praça Nove de Novembro, conferir de perto duas apresentações maravilindas que ocorrerão por lá. A primeira é de Larissa Caldeira com o seu Rádio Canção, às 15 horas. Através desse show, Larissa busca rememorar a época de ouro do rádio, onde grandes artistas como Emilinha Borba, Noel Rosa, Dorival Caymmi, Carmem Miranda e assim por diante se consagraram. Já a segunda apresentação, tem uma pegada mais rock n roll. Será da banda Dost, a partir das 17 horas. Os meninos mandam muito bem no que fazem e tem um repertório vasto que compreende desde músicas autorais até novas roupagens para antigos e clássicos sucessos do rock. Os dois shows serão gratuitos e preciosos, porque trazem em si um pouco da qualidade dos nossos artistas locais. Para quem gosta e consome cultura conquistense, certamente que não dá para ficar de fora.

Pessoal Intransferível:

Escute, meu chapa: um poeta não se faz com versos. É o risco, é estar sempre a perigo sem medo, é inventar o perigo e estar sempre recriando dificuldades pelo menos maiores, é destruir a linguagem e explodir com ela. Nada no bolo e nas mãos. Sabendo: perigoso, divino, maravilhoso.

Poetar é simples, como dois e dois são quatro sei que a vida vale a pena etc. difícil é não correr com os versos debaixo do braço. Difícil é não cortar o cabelo quando a barra pesa. Difícil, pra quem não é poeta, é não trair a sua poesia, que, pensando bem, não é nada, se você está sempre pronto a temer tudo; menos o ridículo de declamar versinhos sorridentes. E sair por aí, ainda por cima sorridentes mestre de cerimônias, “herdeiro” da poesia dos que levaram a coisa até o fim e continuam levando, graças a Deus.

E fique sabendo: quem não se arrisca não pode berrar. Citação: leve um homem e um boi ao matadouro. O que berrar mais na hora do perigo é o homem, nem que seja o boi. Adeusão.

(Torquato Neto, 14-09-1971)



Cultura, Vitória da Conquista

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