Cultura conquistense: Os erros e acertos do ‘Por isso é que eu Canto’ 2015

fainor

Por Mariana Kaoos

Foto: Maiêeh Sousa
Foto: Maiêeh Sousa

A Praça Nove de Novembro talvez seja uma das principais de Vitória da Conquista. Ela fica localizada bem no centro da cidade e aglomera em seu entorno diversas lojas comerciais com seus mais variados produtos. Nela também estão concentradas algumas opções gastronômicas como espetinho de carne, frango e calabresa, pastel frito na hora, cachorro quente e acarajé.  É também lá que os hippies da cidade expõem sua arte, seja em brinco, seja em colar, seja em flor. As pessoas transitam pela praça o tempo inteiro. Apesar de conter alguns bancos, na Nove de Novembro os encontros ocorrem de maneira frívola e ligeira, com transeuntes apressados, sempre atrasados para os seus inimagináveis compromissos.

Foto: Maiêeh Sousa
Foto: Maiêeh Sousa

Todo fim de ano, a praça recebe uma série de programações especiais. Tem Papai Noel e sua casinha, tem sorteio de carro, moto e outros brindes pela CDL, tem espaço de saúde e prevenção, enfim, quando chega dezembro e seus festejos, a praça é ocupada por uma gama de iniciativas e produtos culturais. Para mim, o mais importante deles é o concurso Por Isso É Que Eu Canto, promovido pela Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista.

Esse ano foi a décima primeira edição do evento que contou com 45 participantes, 17 finalistas e três vencedores: Bruno Leone, Gabriela Maia e Chico Ramalho. Diferente dos anteriores, o Por Isso É Que Eu Canto desse ano tomou um novo formato: foi tipo um intensivão. Ele aconteceu todinho em uma só semana. Ou seja, o concurso começou na segunda-feira , 07 de dezembro, e terminou na sexta feira, 11 de dezembro. Não sei se foi algo proposital, pensado anteriormente pela Secretaria de Cultura, ou se por falta de tempo nas programações natalinas, mas o fato é que a jornada foi exaustiva. Exaustiva para os artistas que mal tiveram tempo de respirar e se preparar para a semi final e a final. Exaustiva para o júri que teve que processar muito rápido todas as informações, acredito que pouco parando para pensar sobre os participantes. Exaustiva para o público que se deslocou até lá cinco dias seguidos e teve que ficar em pé para assistir às apresentações.

Foto: Maiêeh Sousa
Foto: Maiêeh Sousa

Agora é o momento exato em que criticas acerca do concurso entram no texto: O público ultrapassa o número de cadeiras disponibilizadas pela organização e, por vezes, fica espremido aqui e ali para tentar assistir os competidores em palco. Tudo bem, não é todo mundo que vai para se sentar. Uma das coisas maravilhosas que espaços como esse proporcionam é o encontro e muita gente vai apenas por e para ele. Contudo, de qualquer maneira, seria bacana se a produção repensasse a estrutura física do concurso e pudesse amplia-la e oferecer mais conforto aos frequentadores.

Foto: Maiêeh Sousa
Foto: Maiêeh Sousa

Outro ponto horroroso é o atraso. Poxa, anunciam que o Por Isso É Que Eu Canto vai começar às 18 horas, certo? Certo! Aí você chega lá nesse horário e o som ainda está sendo montado. Dá 18:30h e neca de pitibiribas. O céu escurece, a praça vai lotando e nada de começar. Você fica em pé, transitando aqui e ali, esperando, esperando, esperando ad infinitum. É só a partir das 19 horas (na final foi a partir das 19h45min) que as coisas começam a acontecer. E nessa de “as coisas começam a acontecer” o que também acontece é o estresse, a impaciência e aquela sensação de inconformismo, sabe? Pelo menos eu enquanto público me sinto assim em ter que esperar mais de uma hora pelo início de determinado produto cultural.

E por fim, o problema mais grave, o piorzinho de todos:  NÃO HÁ BANHEIRO NA PRAÇA. Creia nisso! Não há banheiro na praça normalmente e durante o Por Isso É Que Eu Canto muito menos. Agora eu pergunto: como é que num evento como esse, que deve reunir em torno de 150 a 200 pessoas por noite não disponibiliza banheiro para o público? Sabe qual é o resultado disso? É, o resultado é um cheiro de mijo insuportável nas esquinas da Nove de Novembro. Porque se tem uma coisa que ninguém é obrigado é a segurar xixi e, na falta de um lugar propício, o pessoal (e não me tiro fora dessa) vai com tudo atrás dos carros, nos postes, no passeio público. Se expõem, se arriscam, agem da maneira mais mal educada possível, é verdade, mas a produção, em partes não é também responsável por isso?

Bom, por outro lado, existe a porção maravilhosa da coisa. Esse ano os participantes foram extremamente heterogêneos. Jovens, adultos, senhoras de meia idade, repentistas e tudo o mais que você imaginar. É realmente uma iniciativa louvável e valorização dos talentos locais promover um concurso como esse que, além da premiação em dinheiro, oferece um espaço no paco principal para que os ganhadores se apresentem. Outra coisa legal de se observar é que a prefeitura como um todo veste a camisa e ocupa o espaço.

Quem estava lá todos os dias foi o nosso secretario de cultura, Nagib Barroso, o coordenador de cultura, Carlos Moreno, e toda a equipe da secretaria. Mas não só. Ontem, na final do concurso, mais de dez secretários marcaram presença. Até mesmo o prefeito, Guilherme Menezes, e sua esposa, Josete Menezes, estiveram por lá, vibrando com as apresentações, torcendo, mostrando o quanto respeitam e contribuem para o fomento cultural do município. Isso é bacana porque não fica aquela coisa distante entre público e representantes da prefeitura, sabe como é que é? Muito pelo contrário. Durante o Por Isso É Que Eu Canto, bem como o restante da programação de natal, público e autoridades unem-se nos mesmos espaços, curtem juntos, dançam, brincam, batem palmas para os artistas daqui.

A partir dessa próxima semana, a Nove de Novembro ganha um novo colorido: mais apresentações culturais ocorrerão por lá. Artistas como Luiza Audaz, Trio Curimã, Lys Alexandrina, Larissa Caldeira, dentre outros estão previstos para se apresentarem durante a tarde e início da noite. A perspectiva é de um público volumoso e ávido por cultura. Espera-se que as falhas aqui explicitadas sejam corrigidas pela prefeitura para que se tenha muito mais urbanismo, higiene e civilidade no Natal de Vitoria da Conquista.



Artigos, Cultura, Vitória da Conquista

Comentário(s)