Tome Nota – Um giro pela cena cultural conquistense e o que vem por aí!!

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Por Mariana Kaoos

Fragmentos Tropikais 2:

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Tudo aconteceu numa quarta-feira de Oyá. Lá do céu, Iansã rainha mandava raios e trovões violentos para os habitantes do sertão. Todos queriam se esconder em suas casas. Todos menos ela. Ela tinha olhos de cigana (assim como os de Capitu, em Machado) e, exatamente nessa quarta-feira acordou com desejo de beber tempestade. Se encheu de perfume, que mais tinha cheiro de café, passou um batom rouge carmim nos lábios e saiu, com seus passos leves, com seu jeito ávido. Seu corpo trazia marcas de caveiras que se encontravam com rosas vermelhas e intensas. Seu sorriso continha um quê de excitação para o próximo momento.

Era noite e nas esquinas e no asfalto havia cheiro de chuva. Como quem tivesse nascido no vento, ela brincava com ele e deixava seus cabelos bagunçarem dentro do sopro frio. Aí depois, cansada de tanto brincar, ela finalmente chegou. Na quarta feira de Oyá ela chegou onde tinha que chegar e, nesse exato momento, nesse precioso momento, tudo parou, tudo morreu e tudo renasceu. Novos desejos. Novas inspirações. Novas histórias. Novos segredos. Tudo isso. Tudo isso e mais um pouco passou a surgir no instante em que ela fincou seus pés no local certeiro e olhou para todos de maneira lasciva, como se estivesse devorando os mais íntimos desejos de cada um. Em lampejos de segundo, os raios e trovões pararam. Na verdade era ela a tempestade. Era ela a tempestade instalada em corações alheios. Era ela a tempestade indefinida. Era ela a tempestade que não se sabe por quanto tempo vai ficar, mas que agora estando é intensa, é voraz e é precisa.

Naquele toque Beattle, I wanna hold your hand:

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Plano sequência. Sem cortes. Zoom ampliado: Foi nesse ultimo sábado delícia, 28, que rolou a segunda edição da Varanda da Hey Joe. E mais uma vez, tudo aconteceu do jeitinho que era pra ser: Divino, maravilhoso. Tinha muita gente bonita, interessante, com uns papos diferentes sobre cultura, futebol e amor. Aí cê me pergunta qual o conceito de gente bonita e interessante e eu respondo logo na lata: gente bonita e interessante são aquelas pessoas espertas que sabem que a cena cultural de Vitória da Conquista anda acontecendo e ocupam ela com afinco e com vigor. Gente bonita e interessante é Junior, dono da Hey Joe, que resolveu promover esse espaço bacana para que os encontros possam se dar em meio de rua, no passeio público.

Gente bonita e interessante é o querido que estava vendendo chope artesanal por lá. Tudo bem, de inicio, logo no primeiro gole, o chope era bem estranhozinho. Contudo, depois o paladar se aguçava e era quase que impossível não gostar daquela bebida. Mas continuando no papo central, gente bonita e interessante é Fernando Bernardino que se apresentou, ao lado de Neto Fernandes, na tarde de sábado. Fernando tocou Beatles, Oasis, REM e mais um tanto de música de um tanto de banda legal. Por fim, gente bonita e interessante foi o vendedor de algodão doce (tinha de três cores: rosa, azul e verde claro na onda do “um é três e dois é cinco”) que, através do algodão, ajudou e muito nas paqueras que estavam rolando por lá. Porque era assim: Fernando tocava umas canções bem maravilindas, a gente comprava o algodão doce, dava para a pessoa em questão. A pessoa em questão sorria e o flerte começava.

E olha que coisa mais gostosa isso tudo? Pois é. Eu fui e me diverti. Outro tanto de gente também foi e parece que saiu de lá com a mesma sensação que eu. O saldo dessa história? Positivíssimo, é logico. Então assim, vamos ficar alertas, em espera, para uma próxima edição da Varanda da Hey Joe. Vamos também ser cada vez mais gente bonita e interessante e consumir ao máximo essas iniciativas culturais que vem rolando por aqui.

Ciranda da bailarina:

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Sabe quando a gente acorda em plena segura feira dando risada para a vida e com olhos de encanto? E no meio dessa sensação, sabe aquela outra de querer voltar no tempo e viver para sempre num fim de semana lindo e cheio de surpresas? Pois é. Acordei assim hoje e um dos motivos disso foi um espetáculo que rolou no iniciozinho da noite de ontem, 29, lá no auditório do Cemae. Intitulado O Circo, a peça, ou melhor dizendo, a apresentação foi de dança, mais especificamente promovida pela Escola de Ballet da Edi Natação.

E aí agora, imagine só: Inúmeras pequerruchas das mais variadas idades, com sapatilha, meia calça coque no cabelo e fantasia?! É isso mesmo, suspiros e caretas de fofura a todo instante. Os pais, babões, tiravam fotos, filmavam, aplaudiam, levantam, davam risada e se comoviam a cada passo feito por elas. Elas, por sua vez, compenetradas, dando o melhor de si em cima do palco. E as roupas, com os todos os temas imagináveis. Tinham as baleiras, as pombinhas da paz, as mágicas, as palhacinhas atrapalhadas e até equilibristas. Quem ficou à frente do espetáculo foi a professora e bailarina Joanne Oliveira que, pelo resultado de ontem, muito provavelmente manda bem e sabe o que faz.

Agora uma crítica a ser feita, não necessariamente ao espetáculo: É ótimo que as crianças tenham contado com a dança, com qualquer expressão cultural desde muito pequenas. Eu mesma fiz ballet clássico durante três anos e posso afirmar que isso contribuiu bastante para a construção do meu universo lúdico, bem como da minha disciplina e do meu auto conhecimento corporal. E é justamente por isso que não podemos depender apenas da iniciativa privada das escolas de ballet. Cadê a cultura da dança sendo fomentada aqui na cidade? Cadê os veículos de comunicação falando sobre? E os produtores culturais trazendo espetáculos para cá? Cadê o apoio e incentivo da Prefeitura Municipal? Cadê a conclusão da reforma do Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima para que as apresentações possam ser feitas por lá? Cadê a cobrança de nós, público, pela vinda de espetáculos também de fora? Cadê os professores de dança pensando em algum projeto social gratuito para crianças sem condições financeiras de pagar por isso?

Ontem foi muito lindo e seria bacana se mais espetáculos de dança rolassem por aqui e não só no fim do ano. E então, eu, você que já gosta de uma cultura que eu sei, o poder público, os produtores e empresários da cidade, vamos fazer um acordo aqui agora? O que proponho é o seguinte: Vamos pensar nesse setor da cultura local? E após pensar, vamos criar demandas para que ele seja difundido com mais afinco? E vamos também cobrar por melhores estruturas de teatros? Ah, e aulas para crianças de baixa condição financeira, quem topa escrever num projetinho e tentar conseguir uma verba da prefeitura ou de qualquer outro edital? Você topa? Que maravilha, porque eu também. Agora, isso não é nem para o ano que vem e nem para amanhã, isso precisa ser pra ontem. Então, todos engajados?

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PS: Gostaria de parabenizar em especial Lucas Oliveira Dantas, que não é pequerrucho e nem bailarino, mas arrasou um milhão de vezes ao dançar duas coreografias de jazz, ao som de um pop coreano!

O festival dos festivais:

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Agora uma notícia das quentes: Para tudo que você está fazendo e presta atenção no que eu vou falar. Esse fim de semana agora, dias cinco e seis de dezembro de 2015, vai rolar aqui na cidade o Festival Gambiarra. E digo mais, o festival é de cunho musical e só com bandas autorais. Então não preciso nem dizer o porquê de ser uma notícia quente. Preciso? Então eu digo sem problemas: isso aqui é uma notícia quente porque são mais pessoas que estão se reconectando, produzindo, construindo uma nova roupagem para a cultura local de Vitória da Conquista.

A Gambiarra é uma revista on line pertencente aos jornalistas Rafael Flores e Ana Paula Marques. Agora no fim ano ela completa dois anos de existência e, por conta disso, os meninos pensaram na produção de um festival que contemplasse a música local, bem como os artistas. Após idealizar algumas propostas, finalmente a mais legal saiu.

O Festival vai rolar no Bar Ice Drink e contará com apresentações de Luiza Audaz e Trio Curimã, as bandas Handevu, Dost, Tabuleiro Musiquim, Grão Bordô, Social Freak, Dona Iracema e os djs Paulinha Chernobyl e Rafha. O ingresso individual custa apenas quinze reais e o passaporte para os dois dias fica num valor de vinte e cinco reais. Quem quiser comprar logo o seu pode adquirir lá na Banca Central, que fica aqui no centro da cidade, na Praça Barão do Rio Branco.

Vamos marcar presença sim ou com certeza?



Cultura, Vitória da Conquista

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