Coração de estudante: Há que se cuidar da vida, Há que se cuidar do mundo

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Por Caíque Santos

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Vida de estudante não é fácil. Mas já foi pior. Imagine se a única forma de entrar em uma faculdade fosse viajando para outro país. Difícil, não? Pois essa foi a realidade para os estudantes brasileiros durante séculos. Portugal e França eram as opções e obter um diploma um luxo reservado a poucos. Mas há exatos 187 anos, no dia 11 de agosto de 1821, o imperador Dom Pedro I assinou um decreto que mudaria, para melhor, a vida de todos os estudantes brasileiros. Foi criado o primeiro curso superior do país, o de Direito, em Olinda (PE) e em São Paulo. Cem anos depois, em 1927, a data de 11 de agosto passou a homenagear todos os estudantes. E assim nasceu o Dia do Estudante. O Brasil oferece hoje mais de 200 cursos superiores subdivididos em licenciatura, bacharelado e tecnólogos.

Mas ser estudante continua sendo um desafio que exige muita determinação, foco e perseverança. “A vida de estudante precisa ser encarada como uma profissão e sustentada por algumas renúncias necessárias”, diz Philipe Novais dos Santos, 17 anos, que se prepara para o ENEM. Abrir mão do conforto e até da convivência familiar é o preço que muitos pagam para alcançar seu sonho. “Há muitos alunos em Vitória da Conquista oriundos de outras cidades, estar longe de seus familiares nem sempre é fácil e constitui um ônus emocional”,  lembra o professor de Literatura João Marcos, o Jomas. Bianca Azevedo, 17anos, representa bem essa parcela de estudantes que merece os parabéns no dia de hoje. “Meu dia é bastante corrido, além de estudar pela manhã, trabalho no período da tarde e moro em uma republica estudantil, dividindo o apartamento com 11 pessoas”, conta a estudante de cursinho pré-vestibular.

Os obstáculos a serem vencidos na maratona da vida acadêmica desses “atletas” são ainda maiores. O professor de Atualidades e Geografia, Adão Albuquerque, lembra que “lidar com um mundo escolar desinteressante, com conteúdos defasados e distantes da realidade deles” e com professores “desmotivados ou descrentes do trabalho que fazem” são fatos que contribuem para dificultar ainda mais a vida do estudante.

Apesar de tudo, há o que comemorar. A cada etapa vencida, em cada pequena conquista, uma lição é aprendida e uma certeza permanece: vale a pena. “Todo conhecimento é válido, enaltece o individuo e colabora para a construção do seu futuro, o conhecimento pode ser compartilhado, mas ninguém pode usurpá-lo”, pondera Cristiane Renovato, coordenadora do Opção Pré-Vestibular. “Ser estudante tem data de início, mas não há um fim para esse ato tão imprescindível”, lembra o professor João Marcos que atua na área há 15 anos. Para o professor Adão Albuquerque, todos devemos comemorar o dia de hoje. “Estudantes nunca deixaremos de ser, afinal, é a vida nossa maior escola, então: Parabéns para todos nós!”.



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One response to “Coração de estudante: Há que se cuidar da vida, Há que se cuidar do mundo

  1. Faz-se necessário uma retificação da data, pois em 1821 o Brasil ainda era uma Colônia de Portugal e D. Pedro não era imperador. A primeira tentativa de instauração do ensino jurídico no Brasil – especificamente em São Paulo e Olinda – deu-se com o Projeto de Lei da Comissão de Instrução Pública, lido na sessão da Assembleia Geral Constituinte de 18 de agosto de 1823. No entanto, o fracasso constituinte desencadeou o fracasso da primeira tentativa de criação dos cursos jurídicos no Brasil.
    A Constituição de 1824 também dispunha sobre a criação de “Colégios e Universidades aonde serão ensinados os elementos das Ciências, belas Letras, e Artes”. Apesar do dispositivo constitucional, bem como do Decreto do Imperador de 09 de janeiro de 1825 que tratava sobre a criação, provisória, de uma escola de Direito na cidade do Rio de Janeiro, o país não presenciou, tão cedo, a criação dos cursos jurídicos.
    A questão foi retomada pelo Parlamento em 1826. Um projeto de nove artigos, assinado por José Cardoso Pereira de Melo, Januário da Cunha Barbosa e Antônio Ferreira França, que receberia várias emendas, transformou-se na Lei de 11 de agosto de 1827. Portanto, somente em 1827 foram instituídos os cursos jurídicos de “Ciências Jurídicas e Sociais ”.

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