COM UM RETRATO NA MÃO
Mozart Tanajura Júnior (Presidente da Academia Conquistense de Letras)
No morro caminha um menino de fé;
traz consigo um velho retrato de mulher.
A passos lentos contempla sem vertigem
os olhos ternos da santa virgem.
Vai, menino, leva o consolo dela
a quem se encontra preso na cela.
No fim do morro alguém o arrasta.
Ameaça-o se distanciar-se da casta.
Prossegue seu itinerário com alento;
de vez em quando um olhar atento.
A rua sufoca-o: ӎ um qualquer
que vem do desprezível morro do Malmequer!”
O sinal vermelho interrompe seu passo.
Agora pensa, resolve não voltar ao seu regaço.
Vai, menino, continua na missão de paz.
Leva o ícone da mãe ao jovem rapaz.
A cor verde reacende sua invicta esperança
Parte com imensa alegria de quem dança.
Em frente à cruz da catedral do Senhor,
recebe na oração do Pai o seu favor.
Alimentado, chega enfim ao lugar
Pede, implora, chora, até entrar.
Lá dentro, os olhos simples vêem uma luz
A serena lembrança da oração diante da cruz.
Prossegue, menino! Entrega-o a prece
Pois és tu um nobre operário da messe.
Mãos trêmulas tocam o santo retrato.
Depois, olha o menino e diz: “Muito grato!”