Revista Gambiarra entrevista Pablo em Vitória da Conquista: “Arrocha é nada mais, nada menos que uma linha romântica que fala de amor”

cidade verde

Por A.J. Oliveira e Rafael Flores – Revista Gambiarra
Fotos: Rafael Flores

Há aproximadamente 15 anos em Candeias, no interior da Bahia e longe da indústria do Axé, um movimento musical com forte apelo popular  começava a criar forças. Era uma derivação das serestas, denominação utilizada para identificar as músicas românticas que faziam sucesso nas rodas de violão, botecos e puteiros nordeste afora.

O ritmo simples foi invadindo as festas e consequentemente as rádios da região nordeste. Conterrâneo, Pablo foi o responsável por batizar o movimento de “Arrocha”, expressão que o cantor costumava utilizar ainda na sua adolescência, quando fazia parte da banda “Asas Livres”.

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Hoje, Pablo e consequentemente o Arrocha caminham ao lado da Axé Music, ocupando espaço em um das maiores gravadoras e distribuidoras do país. Não é só mais um tecladinho que o acompanha, uma banda bem montada e equilibrada com um forte apelo aos metais e guitarras ajudam Pablo a mostrar suas composições mela-cueca.

Na festa de reveillon de 2013/2014, o cantor integrou a programação oficial da cidade de Salvador ao lado de nomes que há algum tempo lideram as vendas e as referências midiáticas à música baiana, como Ivete Sangalo, Claudia Leitte e Caetano Veloso. A ExpoRastaShow 2014 em Vitória da Conquista mostrou que compreende esta lógica e apostou no nome de Pablo para compor seu line-up junto de atrações grandes como Psirico e Aviões do Forró.

Em breve conversa nos bastidores da festa, Pablo nos contou o quanto se sente responsável pela ascensão midiática do arrocha e explica a diversificação do público a partir disso.

Rafael: Qual é a responsabilidade que você se coloca em ter sido a linha de frente do Arrocha?

Pablo: Bom, como qualquer gênero musical, ou como qualquer trabalho que as pessoas começam de baixo, começam do zero, enfrentam muita dificuldade, né? Então eu me vejo um vencedor, porque a gente batalhou bastante para chegar e levar o nome do Arrocha a um nível de quantidade que tá hoje. Então eu me sinto muito feliz por ter essa chave de responsabilidade de levar o nome do Arrocha pro Brasil inteiro.

Hoje a gente conseguiu quebrar todos os preconceitos da classe A, que criticava o Arrocha e hoje eles têm um conceito totalmente diferente do que tinham 15 anos antes – diziam que o Arrocha era passageiro e que era um estilo de baixo nível. Então eles se deram conta de que o Arrocha é nada mais, nada menos que uma linha romântica que fala de amor, é uma festa em que você chega e não vê uma confusão, não vê uma briga. Você vê pessoas cantando, se emocionando, enfim… Eu sou muito feliz por ser um precursor desse gênero musical que é o Arrocha.

A.J.: O que muda para um artista para você fazendo parte de uma gravadora do porte da Som Livre?

Pablo: A Som Livre veio num momento muito bacana da carreira do Pablo. A partir do momento em que eu parti para a carreira solo a Som Livre fez esse convite para a gente, nós aceitamos, mas a Som Livre tem um selo muito bacana a nível nacional, foi e está sendo um presente para mim ser um produto da gravadora Som Livre.

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Foto: Rafael Flores

A.J: Isso então acaba por diversificar um pouco o público, não?

Olha, a gente tem um público hoje muito amplo. É uma diversidade imensa, hoje a classe A, a classe média,  idosos, de adolescentes, de crianças, enfim, nosso público hoje é uma mistura que a gente não tem como definir, mas é muito grande.

A.J.: Que acontecimentos/momentos você enxerga como os mais cruciais para que você deixasse de ser uma artista de alcance regional para alguém de sucesso nacional?

Pablo: Bom, já faz algum tempo que a gente tem levado o Arrocha a outros mercados. Há mais de 5, 10 anos que a gente tem… Logo no Asas Livres a gente já fazia Maranhão, já fazia São Paulo… Agora o Arrocha veio com mais positividade, veio com mais força de três a quatro anos pra cá, eu parti para fazer carreira solo, a gente tem tido uns parceiros que têm um trabalho com um potencial muito grande no mercado e têm levado a marca do Pablo, têm levado a carreira do Pablo a outros mercados também, a gente tem feito Rio de Janeiro, Brasília, Manaus e em todos os lugares onde a gente chega, graças a Deus a gente é bem aceito e, enfim, o Arrocha tá aí para somar no mercado e graças a Deus está dando certo.



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