Telemedicina facilita acesso ao diagnóstico


cidade verde

O uso da tecnologia em atendimentos médicos do Sistema Único de Saúde (SUS) pode ser uma saída para problemas como a falta de médicos em zonas rurais do país e para reduzir a mortalidade infantil em comunidades carentes de serviços básicos.

Para reduzir a dificuldade de acesso ao atendimento, uma das principais causas da mortalidade infantil, a Cisco Systems, empresa de tecnologia da informação, em parceria com a Universidade Federal de Sergipe (UFS), lançou o programa Crianças Saudáveis Conectadas, na última terça-feira, em Aracaju. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2013, para cada mil crianças nascidas naquele estado, 19,86 morreram antes de completar 2 anos de idade. Em todo o Nordeste, o número é mais preocupante, foram 43,14 crianças, de até 1 ano, mortas para cada mil nascidas.

O projeto  pioneiro no país conecta médicos de Clínicas de Saúde da Família da zona rural a especialistas do Hospital Universitário de Aracaju. “É como se fosse uma videoconferência, só que com alta resolução de imagem e som e capacidade de aproximação de imagem. Todo o equipamento está conectado a uma rede de inteligência, que pode, inclusive, gravar o atendimento para análises posteriores”, explica o arquiteto de soluções Daniel Vincentini.

Inicialmente, serão realizados 80 atendimentos virtuais por mês, nas áreas de alergia, imunopatologia e gastroenterologia pediátrica. As consultas podem ser realizadas nas clínicas Dra. Zilda Arns, em Tobias Barreto  (a 132 km da capital), e Dr. David, em Lagarto (a 82 km).

O primeiro atendimento foi realizado em Lagarto. O clínico-geral Yoel Arano, cubano do programa do governo federal Mais Médicos, foi orientado pela alergologista e imunologista Silvia Simões, que, por meio das imagens transmitidas no equipamento de telepresença, conseguiu diagnosticar e receitar o medicamento adequado à paciente Bruna dos Santos, 10. “Ela tinha asma. Não é preciso realizar exames para conseguir esse diagnóstico. Por meio de perguntas feitas à mãe e do auxílio do médico clínico, foi possível constatar, e até mostrar à paciente como usar o medicamento”, diz.

Segundo a médica,  a telepresença é um ótimo aliado para constatar doenças, cujo diagnóstico é clínico. O limite, segundo ela, é a ausência de tato e do laço afetivo entre o profissional e o paciente. Doenças metabólicas e endocrinológicas também não podem ser constatadas apenas por meio da telepresença.

Expansão

A expectativa, conforme Rodrigo Dienstmann, presidente da Cisco, é expandir o programa para outros estados. “É que nem casamento, precisa haver interesse dos dois lados [iniciativa privada e instituição pública”, afirmou. O atendimento  será objeto de pesquisa pelos estudantes da UFS. Os resultados dos  impactos do programa na vida das crianças serão divulgados a partir do segundo semestre deste ano, conforme Ângelo Antoniolli, reitor da UFS.

“De início, é possível dizer que a iniciativa representará redução de custo e de tempo. A população gasta, em média, R$ 100 com passagens para a capital” , diz o reitor. Em locais muito distantes, as famílias chegam a viajar um dia inteiro em busca de atendimento na capital, o uso da tecnologia pode salvar vidas. (A Tarde)



Bahia, Saúde

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