Divagando & Katilografando: Oremos


haras

Por Francisco Silva Filho

franciscoLivrai-nos ó Pai dessa Província… Senhor, escutai a nossa prece! Pelas falhas que cometemos e não voltamos para corrigi-las… Senhor, escutai a… Preces, orações, rezas; rezas simples, rezas brabas. Ao que parece tudo isso como forma de desterro desse mal que nos acomete será insuficiente para que um dia, nós, estes bravos e sofredores conquistenses que somos, sejamos libertos desses males, desses alienígenas.

Para os meus amigos Ezequiel Sena, Zé Maria Caires, Dr. Afrânio Leite Garcez e também outros, eu havia prometido não mais escrever crônicas, artigos ou ensaios que desnudassem a realidade política, cultural, sócio-econômica de nossa cidade; ponderei que ia criar receitas de comidas e lanches saudáveis. Em parte, acho que estou cumprindo com a minha promessa, gosto de cozinhar também.

Mas, nada me impede de Orar. E comigo, convoco a todos os cansados e oprimidos que exerçam uma profissão de fé e com o poder simples da oração invocar a proteção máxima contra toda ordem de desmandos e embromação que lançam mão aqueles que deveriam fazer, e não fazem; e quando fazem, gastam o dinheiro público para fazer mal feito ou porcaria.

Semana passada, fui procurado pelo Anderson que, segundo ele, eu não estava disponível no momento para atendê-lo – minha sogra lhe disse que eu estava recolhido; já estava dormindo. Com efeito, estava mesmo. O Anderson queria me levar no dia seguinte para o ato público a que veio o digníssimo governador Jacques Wagner em nossa cidade para assinar a ORDEM DE SERVIÇO do novo Aeroporto.

Se mal não cometo, é de se ponderar e ao final perguntar: antigamente quando um gestor público dava como autorizada uma construção de qualquer equipamento público, fosse um hospital, uma escola, uma creche, uma estação rodoviária, etc., esse gestor vinha in loco lançar a pedra fundamental – acompanhado é claro da empresa construtora com suas máquinas e equipamentos e seu corpo de engenheiros e técnicos para dar início ao que foi autorizado. Pergunta que não quer calar: essa ORDEM DE SERVIÇO que veio o senhor governador Jacques Wagner com uma comitiva que não deve ter sido pequena, assinar, não poderia ter sido feita e assinada lá mesmo em Cidade do Salvador, uma vez que no local a ser construído o aeroporto lá não se fez presente?

Ainda bem Anderson, que no momento do seu telefonema eu estava recolhido em meus aposentos, acho que ainda estava orando, e por isso mesmo, me vi livre dessa… Prá dizer a verdade, eu estava totalmente alheio a isso tudo nem sabia que isso ia acontecer. O Senhor escutou a minha prece!

Em sua profissão de fé o incansável Zé Maria está apostando todas as suas fichas nessa ORDEM DE SERVIÇO que, já tem dia determinado para o seu cumprimento – essa tal Ordem não deveria ser imediata? Se é piada ou não, estou vendendo o peixe pelo preço que comprei, a data será dia 1º de abril – deve ser deste ano.

Então o Zé Maria com o seu movimento – de voar mais alto, é claro – está se vendo confrontado por outros segmentos representativos que invocam para si a autoria da luta por um novo aeroporto – não vou usar aqui um termo criado por mim em momento infeliz que inaugurou essa polêmica de quem seria o PdC do novo aeroporto. Vou sim reafirmar que com dinheiro público ninguém é pai de ninguém; se alguém quiser ser pai de alguém que se deite deleite e relaxe em parceria com a cara ou barata metade e em nove meses vem o resultado; se quiser ser o pai de algo ou alguma coisa, meta a mão em seu próprio bolso e tire o rico e disputado dinheirinho para bancar tal paternidade. Pelo visto, Zé Maria, você vai ter que ORAR muito, para que o… Senhor, escutai a prece do ZÉ!

Quanto mais rezo mais protegido fico, parafraseando um velho adágio: “quem boa oração faz sua em sua casa fica em paz”. Todavia, algumas atitudes da província teimam em se perpetuar e me azucrinar. A briga, a luta por um novo aeroporto sempre teve como pano de fundo o perigoso motivo de o atual estar incrustado, dentro da cidade. Ora, (não se trata de oração) se esse motivo foi determinante, uma perguntinha cabe aqui: quando se decidiu pelo local atual do novo aeroporto, algumas pessoas (especuladores) com informação privilegiadíssima adquiriram propriedades na cercania do futuro aeroporto, não é verdade? Até aí nada que deva tirar o sono dos justos. Mas, qual é o verdadeiro interesse desses especuladores? Alguém sabe me responder..? Koizas de Konqista.

Ainda sem resposta, devo dizer que no projeto do novo aeroporto há uma irrisória área de restrição às construções. Pasmem! Cento e cinqüenta metros além das cercanias do sítio aeroportuário. Tem mais: as construções nessa distância não poderão exceder a 3m de altura. Parece piada. Em Vitória da Conquista nenhuma casa tem o seu pé direito inferior a 2,80m. Acima da laje ou forração segue um telhado e uma cumeeira que deve chegar a 1,20m de altura no mínimo, desse modo, a casa, fora alicerce e área de isolamento devem elevar em mais 1m a construção – é de lei – assim, o projeto dos provincianos mais uma vez vai colocar o novo aeroporto a curtíssimo prazo entre uma indesejada povoação.

Ah! Tem mais, e quanto mais distante – distância irrisória também – vai ficando das cercanias do aeroporto, vai dobrando a altura das construções. Ao Zé Maria, pelo que sei, ele não está muito focado nessa coisa de construir ou não construir, alto ou baixo. Ele quer mesmo é ver os “valorosos pássaros de prata” pousando e decolando aqui em Conquista, isso é o que realmente interessa ao Zé. A propósito, “valorosos pássaros de prata” foi um termo criado na década de setenta por Amorim Filho da Rádio Bandeirantes de São Paulo – antigamente os aviões não tinham as cores como hoje têm, saiam da fábrica com as placas de alumínio brilhando à sapólio radium, e as companhias aéreas estampavam seus nomes: VARIG, VASP E CRUZEIRO; a TRANSBRASIL foi quem inaugurou pintar o avião inteiro, e nos dias atuais só conheço a AMERICAN AIRLINES com essa antiga e prateada cor.

Quanto aos outros segmentos de classes que brigaram por mudança do aeroporto pelo motivo de trazer perigo á população circunvizinha haja vista estar dentro da cidade, agora já tem motivo de sobra para iniciar uma nova luta por um novo aeroporto em lugar realmente distante para que não venha trazer qualquer risco à população, pois este novo, no projeto já nasceu viciado e eivado de más intenções especulatórias imobiliárias.

Oremos… Ó Pai de bondade, pelas boas ações que visem melhorar a vida dos meus conterrâneos, afastando a inveja, a intriga, a disputa comezinha, e também o mau olhado – esses aviões precisam pousar e decolar em segurança… SENHOR, ESCUTAI A NOSSA PRECE!



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Comentário(s)


One response to “Divagando & Katilografando: Oremos

  1. Caro amigo Chico,
    .
    Que cada um que faça sua reflexão. Somos tratados como bois. Pouco importa o que pensamos! O marketing tem que ser feito. Segue-se direção e rumo indicados, sem se avaliar caminhos. Assim é a norma, o ‘sistema’. Veja bem, ele (sistema), além de bruto é hipócrita. Suga o pensar do povo! Como diria Zé Ramalho “É vida de gado, povo marcado. É povo feliz”.

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