Sétima Arte em Destaque: Amor


cidade verde

Por Gabriel José – Estudante de Cinema da Uesb

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Amor, obra dramática que começou por vencer a Palma de Ouro no Festival de 2012, mas que desde então veio  a acumular prêmios atrás de prêmios que provaram suas  a indicações  de melhor filme diretor, atriz e filme estrangeiro no Oscar do ano passado, levando pra casa a estatueta de filme estrangeiro.  Uma vez mais, a inegável qualidade de Michael Haneke, um genial cineasta austríaco que não sabe fazer maus filmes. A história deste soberbo drama aborda a dinâmica romântica e familiar de Georges e Anne (Jean-Louis Trintignant e Emmanuelle Riva ), dois professores de música reformados que estão casados há muitos anos. A sua filha, igualmente música, vive no estrangeiro com a sua família, mas a distancia não a impede de visitar os seus pais sempre que pode e sempre que o seu excêntrico marido lhe permite. Um dia, Anne é vítima de um acidente vascular cerebral que distorce para sempre a dinâmica e a felicidade deste casal octogenário bastante coeso, que agora terá que recorrer a todo o amor que os une para tentar superar esta crise.

Este belo e fascinante “Amor” é porventura um dos trabalhos mais intimistas e emotivos de Michael Haneke, mas não há dúvidas que é um bom filme e que toca bem no fundo dos nossos corações. O seu título faz referência ao forte sentimento que une os dois intervenientes centrais, que se vê a braços com um enorme desafio à sua estabilidade emocional, mental e romântica. Os dois são dedicados e devotos um ao outro, sendo precisamente por isto que um deles não abdica das promessas que fez ao outro nem da sua presença, mesmo num estado pouco normal que o afeta gravemente, quer psicologicamente quer fisicamente. É esta devoção misturada com um romance eterno e um debilitante estado de necessidade que mexe com as nossas mentes e sentimentos, porque nos faz pensar como seriam as coisas se fossemos nós a estar na situação deste casal.

O que faríamos? O que sentiríamos? O intimista Michael Haneke leva-nos numa profunda viagem melodramática pelos meandros da emoção e da morte, sendo esta poderosa jornada pautada por uma forte carga romântica que não abusa dos clichés ou da nossa boa vontade, muito pelo contrário, é tão simples e perceptível, é  caso para dizer que “Amor” é todo ele emocionalmente e intelectualmente cativante, mas convém salientar que não é um filme fácil e muito menos comercial, até porque obedece a um estilo muito estático e concentrado que não agradará aos mais impacientes. “Amor” é portanto uma soberba produção com certificado de qualidade que se destaca por tudo e mais alguma coisa, uma verdadeira obra prima do cinema contemporâneo.



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