O associativismo e as práticas farmacêuticas

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Por *Pablo Maciel

unnamed67-227x300A vida associativa é um instrumento de exercício da sociabilidade. Por meio dela você conquista novos amigos, expande seus conhecimentos, exercita a liderança e atua como agente transformador da sociedade. Essa é a definição de associativismo descrita pelo educador Tom Coelho. Pode ser compreendida ainda, como uma forma de organização que tem finalidade de conseguir benefícios comuns para seus associados por meio de ações coletivas.

O associativismo tem como princípios a adesão livre e voluntária, com gestão democrática dos sócios, possuem autonomia e independência política, podendo contribuir para a educação, formação e informação de seus sócios em benefício do desenvolvimento e interesse social.

Mas o que isso tem a ver com a prática profissional? Tem tudo a ver. O cenário de atuação do farmacêutico passa por importante mudança de foco, sobretudo na ótica da demanda social, que têm exigido cada vez mais profissionais tecnicamente bem formados, mas com atuação humanizada.

A Universidade tem papel decisivo nessa formação, mas não existe uma fórmula definida para alcançar este objetivo. É preciso compreender que a formação acadêmica e a passagem pela Universidade são ciclos e que o ciclo mais extenso ocorre no exercício profissional. Neste caso, o aprendizado durante um curso de formação acadêmica é importante, decisivo, mas não garante por si só que um profissional seja permanentemente qualificado, isso porque as práticas cotidianas evoluem, transformam e também passam por ciclos.

É necessário atualizar-se. Aí, temos outro problema. Um dos meios de produção de conhecimento adicional e atualizado poderia ocorrer através das Especializações, idealizadas como mecanismo de aprofundamento de estudos para profissionais capacitarem com maior eficiência a uma determinada área especifica de conhecimento aplicado ao mercado de trabalho. Ocorre que as especializações têm se enveredado para o lado comercial e a benefício do lucro, sobrepõe a lógica existencial. As ofertas são muitas, nos mais variados seguimentos, entretanto, não existe uma regulação de governo que avalie a qualidade e que assegure o propósito inicial de reciclagem e/ou aprofundamento do conhecimento.

E é neste cenário que o associativismo pode exercer seu papel fundamental. As Associações de categorias profissionais podem atuar no sentido de promover diagnósticos situacionais da prática profissional, visando identificar falhas no processo de atuação do profissional advindas da própria evolução da profissão ou mesmo de formação, dando feedback às Universidades, para que estas busquem mecanismo de correção no percurso de formação dos futuros profissionais e oferecendo oportunidade para queos profissionais já formados possam atualizar-se em seu processo de trabalho. Embora não seja o único objetivo, a educação permanente deve ser uma das vertentes importantes de atuação das Associações.

Na profissão farmacêutica, embora não seja tão comum essa forma de organização, temos bons exemplos. Na Bahia, temos registro de uma delas, a ASFARMA – Associação de Farmacêuticos de Vitória da Conquista e Região Sudoeste. Fundada na década de 90, tem como objetivo a agregação de valor à profissão farmacêutica apoiando os associados através de ações que promovam a educação permanente, além da realização de eventos que buscam a integração entres os farmacêuticos. Recentemente, a ASFARMA realizou um evento comemorativo pela passagem do dia do Farmacêutico, que reuniu os profissionais, representantes do Conselho Estadual de Farmácia e autoridades políticas da região.

No evento comemorativo, os membros da ASFARMA divulgaram as próximas ações que incluem realização de atividades voltadas à educação permanente, com a promoção de cursos e atualizações, além da pretensão de angariar recursos e apoio para a construção da sede que ajudará na consolidação definitiva da entidade e melhor oferta de serviços aos associados.

Ações como essas devem expandir não só na profissão farmacêutica, mas também em outros seguimentos profissionais. O associativismo viabiliza maior participação e estreita os laços entre a sociedade organizada, categorias profissionais e o poder público.

*Pablo MacielFarmacêutico e Gestor da Assistência Farmacêutica do Município de Planalto



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