Sétima Arte em Destaque: Terapia de Risco

Por Gabriel José – Estudante de Cinema da Uesb

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Uma noticia ruim para os cinéfilos, ainda não é oficial mas Terapia de Risco pode ser o último longa de Steven Soderbergh feito para os cinemas. Mas se este for o caso, o cineasta terá se aposentado com um ótimo trabalho, que reúne vários elementos marcantes de sua filmografia. Conta com um grande elenco com nomes famosos (Rooney Mara, Channing Tatum, Jude Law e Catherine Zeta-Jones) e com uma fotografia bem característica, mas outro ponto em comum com os outros filmes do diretor está no fato de não ter muito em comum com outros filmes do diretor.

Por mais que nem sempre acerte, Soderbergh é um verdadeiro camaleão do cinema, caminhando por diversos gêneros e também por diferentes tamanhos de produção. É capaz de fazer um grande longa hollywoodiano e ainda um discreto filme . o cineasta realiza um thriller intenso, com doses de romance, cinema investigativo e até filmes de tribunal. Terapia de Risco conta a história de Emily Taylor (Mara), uma jovem que passou os últimos anos lutando por sua família enquanto o marido Martin (Tatum) estava preso por um crime de colarinho branco.

Após a saída dele da prisão, o casal tenta reconstruir sua história, mas ela acaba atingida por uma crise de depressão e tenta suicídio. Emily acaba no hospital e começa a se consultar com o psiquiatra Jonathan Banks (Law). Por mais que consulte a médica que cuidou de Emily no passado (Zeta-Jones), Banks tem dificuldades em tratar dela, decidindo então lhe passar um novo medicamento, que trará consequências inesperadas para todos os envolvidos.


O longa prende a atenção do espectador por seus 106 minutos de duração e tem como mérito principal o fato de não oferecer vilões ou heróis. Nenhum dos personagens assume o papel de vítima por tempo o suficiente para o público sentir pena dele, o que não interfere no envolvimento do espectador, que ao passo que vai recebendo informação é compelido a finalizar este quebra-cabeças. Após se destacar em A Rede Social e, principalmente, Millennium – Os Homens Que Não Amavam as Mulheres, Mara surge mais uma vez bem em cena. Ela oferece uma delicadeza e um encanto à personagem, ao mesmo tempo que surge como uma figura enigmática e misteriosa em outros momentos. enquanto que Jude Law mostra toda aquela inquietude que o marca como grande ator. Zeta-Jones é quem tem menos espaço em cena, mas ainda assim se sai bem quando exigida.

O prazer ao fim de Terapia de Risco então é ver que Soderbergh, nesse prometido final de carreira, recusa a grandiloqüência de um filme-denúncia.  Um discurso sobre o estado das coisas que a primeira metade sugeria – e encontra um agradável equilíbrio entre o cinema comercial, de gênero, de seus maiores sucessos de bilheteria, e o cinema de autor dos seus filmes-de-festival. Se ele parar mesmo de filmar, Terapia de Risco servirá como fiel testamento dessa versatilidade, pela qual Soderbergh sempre foi conhecido.



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