Sétima Arte em Destaque: Killer Joe – Matador de Aluguel

Por Gabriel José – Estudante de Cinema da Uesb

killer-joe-matador-de-aluguel-4742-600x400

O Filme de Hoje é um filme um pouco controverso, aquele tipo de filme que se assisti a cena final e se pergunta Hã?

William Friedkin nunca teve freios em sua câmera. Seus filmes nunca foram considerados exatamente leves ou acessíveis. Muitos dos seus personagens provocaram revolta e polêmica no público – como Popeye Doyle, o policial racista e violento que atirava pelas costas em Operação França ou mesmo Reagan, a pequena menina que, possuída pelo diabo, blasfemou em tela grande em O Exorcista, eu que o diga rsss .Não satisfeito, anos depois de filmes de menor repercussão, mas de qualidade tão consistente quanto, vem mais um personagem antológico para sua carreira – e que dá inclusive o título para o filme: o absurdo assassino Joe Cooper, um detetive de polícia que, por 25 mil dólares, elimina sem rastros quem você quiser.

Mas claro que nada é tão simples no universo de Friedkin. Já considerado pela critica uma nova perola do humor negro, Killer Joe – Matador de Aluguel foi escrito originalmente para o teatro em 1993 e adaptado agora para o cinema, Absurdo e despudorado, o mote de Killer Joe é rápido e fácil de ser explicado: Chris, um jovem traficante de cocaína metido em apuros por causa da sua mãe, chama Killer Joe para assassinar sua genitora. Com o consentimento de seu pai, da sua madrasta e sua irmã mais nova, Dottie, os três concordam em contratar Joe Cooper para dar cabo dela e receber um gordo montante do seguro de vida. Como eles não têm o dinheiro de imediato, Joe mantém Dottie como “garantia”, ameaçando levá-la caso o dinheiro não apareça.

E é isso aí: não há muita consciência ou pesar entre os personagens decadentes do universo de Friedkin . Ninguém é inocente e Joe surge como um verdadeiro “cobrador”, um anjo da morte ao mesmo tempo elegante e pervertido. Matthew McConaughey, bem longe do terreno da comédia romântica,muito diferente de tudo que andou interpretando nos últimos anos, encarna um personagem sofisticação e ímpeto homicida e libidinoso ocupando um só corpo, um mesmo porte: nunca saberemos do próximo movimento do personagem que surge para reparar as sandices dos outros personagens com sandices maiores ainda.

Tudo no filme é exagerado e caricatural além do limite comum aceitável, com um banho de sangue espirrando na cara do espectador praticamente a cada dez minutos; Friedkin não poupou nem na violência gráfica nem na nudez para compor a diegese do “riso nervoso”: um universo que se ri para não ficar apavorado, onde os indivíduos não passam de um amontoado de bolsas de sangue. A câmera de Friedkin é uma metralhadora giratória que não deixa pedra sobre pedra. Aqui, de novo, ele conseguiu compor uma obra tão característica que nós dá a certeza que só ele saberia trabalhar com um material assim. Um filme literalmente escroto,(desculpe o termo), em um excelente sentido.



Artigos, Cultura, Educação

Comentário(s)