Réus do mensalão vão para cadeia: ficção ou realidade?


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Por Luan Vinicius Ferreira – Estudante de Jornalismo da Uesb

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Em 15 de novembro de 1889 a história do Brasil foi transformada, um marco histórico transformou a realidade desta nação. Nesta data, foi posto o fim da soberania do Imperador D. Pedro II, derrubada a monarquia constitucional parlamentarista do Império do Brasil e instaurada a Republica Federativa Presidencialista.

Exatos 124 anos da proclamação da republica, o Brasil tem fincado, novamente, mais um grande marco histórico. No último dia 15 de novembro foram expedidos 12 mandados de prisão imediatos para os condenados no maior escândalo político do país: o Mensalão.

Os mandados fazem com que os condenados há um ano na ação penal 470, cumpram as penas dos crimes pelos quais não cabe recurso. Em 2012, sete anos após o escândalo estourar, 25 réus foram condenados pelo STF – Supremo Tribunal Federal. De lá pra cá, período em que os réus apresentaram recursos contra as decisões. O STF julgou: aceitando alguns e rejeitando outros recursos.

Na última semana, mais precisamente dia 13, quarta-feira, o tribunal decidiu que já era possível fazer cumprir as penas definitivas. Foram mais de 7 horas de debates e os ministros entenderam que 22 dos 25 condenados deverão cumprir as penas pelos crimes que não recorreram por meio dos embargos infringentes.

Os primeiros a se apresentarem à polícia federal foram os Josés: Genoino e Dirceu. O ex-presidente do PT e deputado federal licenciado e o ex-ministro da casa civil, respectivamente, se entregaram em São Paulo. Genoino, enquanto os recursos não forem julgados, cumprirá a pena de 4 anos e 8 meses por corrupção ativa em regime semiaberto. Dirceu também cumprirá em regime semiaberto pelo mesmo crime, mas sua pena é maior: 7 anos e 11 meses.

Apesar das penas não permitirem à maioria dos condenados a prisão em regime fechado, abre-se um novo período da história brasileira e, a justiça demonstra que poderosos também cumprem penas por seus crimes. Principalmente pelo fato de que, hoje, os brasileiros vêem se cumprir aquilo que tanto celebraram a cerca de um ano.

Apesar de toda essa história, das frases de efeito mencionadas pelos ministros do STF relacionadas à aprovação da proposta de execução das prisões, percebo que o sentimento em algumas pessoas é de “alma meio lavada”. Ao que parece, pelo histórico desta nação, o povo brasileiro ainda acha que todo este estardalhaço criado com a prisão dos réus, não passe apenas de pura encenação.

Primeiro que, apesar de serem expedidos 12 mandados de prisão para serem executados quase que imediatamente, apenas 11 condenados seguiram para Brasília, onde um juiz decidirá nesta segunda-feira (18) em que penitenciaria cada um irá cumprir a pena. O ex-diretor do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, simplesmente se mandou para a Itália, fugindo da pena. Justo ele que foi condenado por unanimidade pelos ministros do STF.

Se não fosse a dupla nacionalidade de Pizzolato (brasileiro e italiano), poderíamos bradar aos quatros ventos: “Extradite!” e tudo estaria resolvido. Mas, neste caso, devemos arrumar algo menos frustrante para nos apegar, vez que, enquanto expomos indignação, Henrique Pizzolato neste momento pode estar tranquilamente passeando de barco, tomando um bom vinho e comendo uma deliciosa massa italiana.

Segundo que, o Brasil, sinceramente, não é um país onde o combate a corrupção é algo levado a serio. Além do mensalão, além do PT, são incontáveis os casos que, durante o tempo foram se postergando até não poderem mais ser julgados: O metrô; o patrimônio histórico cultural arquitetônico das nossas cidades; os programas de desenvolvimento urbano e rural; os Sarneys; os Malufes. Parece que, com tanta impunidade imperando, a sincera punição de culpados seja mero teatro.

“Dirceu, guerreiro do povo brasileiro” e “Genoino é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo” foram os gritos de cerca de 20 militantes do PT. Com um carro de som, eles se posicionaram na portaria da superintendência da Polícia Federal (PF), em Brasília, e reivindicaram contra a prisão de seus aliados.

Neste momento, vale lembrar que nos últimos 6 meses o povo brasileiro demonstrou sua força. Mostrou aos que têm poder na caneta que, realmente, a transformação da nação advém de ações serias e que os governantes devem gestar para o povo, não para si. A pressão popular nas ruas fez com leis fossem reprovadas e ações, antes esquecidas fossem tomadas como urgente. Redescobrimos neste período que: a alegria e a força dos maus está no silêncio dos bons.

Talvez para os “maus”, as palavras que mais doeram nos últimos tempos e feriram seus egos tenham sido as do ministro Luis Roberto Barroso, ao dizer: “Um dia o processo acaba e a decisão precisa ser cumprida. Penso que em relação a este processo esse dia chegou” e do ministro Joaquim Barbosa: “Voto para que sejam lançados os nomes dos réus no rol dos culpados e que sejam expedidos mandados de prisão para fins de cumprimento das penas privativas de liberdade”. Assim, creio que a decisão tenha causado mais dor que a própria pena.

Outros 7 réus devem ter suas prisões decretadas pelo Supremo. Mas, algo importante é preciso observar: enquanto cerca de 20 pessoas que fortemente bradam fazerem valer suas vontades, a nação de 180 milhões nunca sairá da inércia e, no fim, consequentemente, tudo acabará em pizza.



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