Sétima Arte em Destaque: Se beber não case 3

Por Gabriel José – Estudante de Cinema da Uesb

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Não há meio termo com Se Beber, Não Case!, Franquia que chega a seu capítulo final. Muitos gostam do humor politicamente incorreto e divertem-se com os reveses do Bando de Lobos. No outro extremo estão os que não veem a menor graça e acham os filmes perda de tempo. Se faz parte deste último time, nem perca seu tempo. Se, no entanto, saiu do cinema de astral renovado após ver os dois primeiros longas, não vai se decepcionar com este. No meu caso faço parte do time que ama essa franquia , pra mim é o maior destaque dos últimos anos referente ao seu gênero

São raras, raríssimas, as séries que ousam mudar de rumo quando não há um forte motivo para tanto – leia-se queda brusca de bilheteria. Não era este o caso de Se Beber, Não Case!, visto que o segundo filme faturou US$ 586 milhões nas bilheterias ao redor do planeta, cerca de US$ 120 milhões a mais que o original. Entretanto, diante das críticas recebidas de que a sequência nada mais era do que a repetição do primeiro em outro local – sai Las Vegas, entra a Tailândia -, o diretor Todd Phillips resolveu radicalizar. Se Beber, Não Case! Parte III deixa de lado boa parte do tom cômico dos filmes anteriores, que beirava o absurdo e abusava bastante do politicamente incorreto, para contar uma história que tem por função seguir em frente na trajetória dos personagens. Ou melhor, de dois deles: Alan (Zach Galifianakis) e Chow (Ken Jeong), que movem basicamente tudo o que acontece nesta nova continuação.


O tal “final épico” anunciado no cartaz é exagero. Caberia melhor a palavra “diferente”. Desta vez não há um casamento-chave para o desenrolar da trama nem ressacas homéricas seguidas de amnésia. O filme segue por outro caminho, o que pode causar estranhamento aos fãs a princípio, mas que mostra-se uma decisão acertada do diretor e roteirista Todd Phillips . Na certa, Phillips anteviu o desgaste da fórmula. E isto já havia ficado claro no segundo longa da franquia, ambientado na Tailândia, que parecia mais uma refilmagem do que sequência. Se Beber, Não Case! A parte 3 vai por outro caminho e traz mudanças que agradam e divertem. A história começa dando destaque a Chow, mostrando como ele conseguiu escapar de uma prisão tailandesa. Pano rápido para Alan, que enfrenta problemas em casa. Aos 42 anos e ainda dependendo dos pais, ele se recusa a tomar a medicação receitada e, com isso, está mais descontrolado do que nunca.

A súbita morte do pai, seu melhor amigo, complica ainda mais as coisas, trazendo uma raiva incontida que se manifesta através de birras típicas de criança quando quer chamar a atenção. Preocupado com o cunhado, Doug (Justin Bartha) chama seus velhos amigos Phil (Bradley Cooper) e Stu (Ed Helms) para ajudá-lo no plano de levar Alan a uma clínica médica, onde possa se tratar. Não demora muito para que o quarteto pegue a estrada, mas logo é incomodado pela gangue liderada por Marshall (John Goodman), que está atrás de… Chow!

A presença do vilão da história se dá a partir de uma boa sacada dos roteiristas, aproveitando um diálogo sem muita relevância do primeiro filme da série. Tem início então o grande duelo do terceiro filme, que coloca de um lado o bando de lobos formado por Alan, Phil e Stu e do outro o próprio Chow. Se nos filmes anteriores o personagem de Ken Jeong sempre teve destacado o lado bizarro, seja pelo comportamento ou o perfil politicamente incorreto, aqui ele é lembrado pelo que realmente é: uma pessoa perigosa e ameaçadora. Esta é a primeira grande surpresa do filme, já que existem diversas sequências que exploram a tensão decorrente da simples presença de Chow. É claro que suas características marcantes não foram esquecidas – a risada típica do personagem está lá – e ele até faz rir em certos momentos, mas sua participação na história possui um tom bem mais pesado que o habitual.
Mais pesada é também a história como um todo, bem mais dramática do que nos demais filmes da série. Não apenas pela nova ameaça, muito mais séria do que um apagão sofrido após uma noite de bebedeira e drogas, mas também pela presença da violência. Além de um Chow até então inédito, o filme traz um tom sério decorrente do processo de amadurecimento de Alan, que acontece ao longo de toda a trama, e também da inevitável tensão decorrente das ameaças de Marshall e, é claro, Chow. Ou seja, o filme até tem momentos cômicos, mas possui também um lado dramático e de suspense que surpreende não propriamente pelo que acontece, mas por sua presença em uma série cujo humor politicamente incorreto sempre foi sua marca registrada.
O mais curioso desta mudança de rumo é que, já na reta final, Se Beber, Não Case! Parte III oferece ao espectador uma sequência que é a cara dos filmes anteriores, como se perguntasse a todos se preferiam algo neste estilo ou a proposta oferecida por este terceiro filme. Soa como uma espécie de provocação de Todd Phillips, no sentido de provar aos detratores que poderia fazer algo diferente mas que isto não seria, necessariamente, melhor. Uma demonstração de ousadia e uma certa petulância, que surpreende também pela Warner Bros ter topado embarcar numa franquia de sucesso com uma proposta tão diferente do que vinha sendo feito até então.
Apesar de ser bem diferente dos demais filmes da série, Se Beber, Não Case! Parte III não é ruim. Pelo contrário, chama a atenção justamente pela ousadia e a aposta no diferente. O primeiro Se Beber, não Case! foi uma boa e divertida surpresa. O segundo, nada mais que uma cópia bem menos engraçada e nada criativa. Este terceiro e último filme – o diretor jura de pé junto que não haverá um quarto – não brilha nem muito menos tem nada de épico, mas vale como agradável revival das aventuras e desventuras passadas do carismático Bando de Lobos.
Ah, já ia me esquecendo, ao termino do filme aguarde alguns segundos não levante da cadeira , tem uma boa surpresa.



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