Sétima Arte em Destaque: O lugar onde tudo termina


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Por Gabriel José – Estudante de Cinema da Uesb

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Ryan Gosling é um ator que gosta de firmar parcerias com diretores em ascensão, como aconteceu com Nicolas Winding Refn em Drive e com Derek Cianfrance em Namorados para Sempre. Em ambos os casos, fez questão de repetir a dose já no filme seguinte do diretor. Só que em O Lugar Onde Tudo Termina sua participação foi além de simplesmente atuar, pois coube a Gosling criar o personagem que interpreta. Como? Certo dia, numa conversa descontraída, o diretor lhe perguntou que tipo de cena gostaria de rodar que ainda não tinha feito. “Um assalto a banco”, respondeu. “Como seria?”, replicou o diretor. Deste papo saíram os detalhes básicos de Luke, desde o visual largado até a forma como o personagem comete os crimes. Assim nasceu um filme…

É a partir de Luke que acontece toda a história base do longa-metragem, apesar do personagem nem sempre estar em cena. Tudo começa quando o motoqueiro, que trabalha no globo da morte de um circo itinerante, descobre que um caso de um ano atrás resultou em um filho que ele, até então, desconhecia. Impulsionado pelo senso de responsabilidade por ser pai, ele larga o emprego e busca algum meio de conseguir manter Romina (Eva Mendes) e a criança. Problema nº 1: ela vive com outro cara, que topou assumir a paternidade da criança. Problema nº 2: ele não consegue emprego. A saída? Assaltar bancos.

É claro que a oportunidade cai no colo e ele, empolgado após o primeiro sucesso, vai fundo na nova carreira. A presença magnética de Gosling, mais uma vez compondo um personagem bastante interessante pela dualidade entre o que é e o que deseja ser – suas intenções são nobres, não se esqueça! – , e as belas seqüência de fuga, repletas de muita adrenalina graças às filmagens realistas – com direito a cenas com câmera na mão em plena perseguição – garantem a atenção do espectador. Só que tudo isto, acredite se resume a apenas um terço do filme. É quando Bradley Cooper enfim entra em cena, com já quase uma hora de história, que tudo muda.

A partir de então O Lugar Onde Tudo Termina deixa de lado a trama do homem sem chances que envereda pelo crime para continuar falando de ilegalidade, só que dentro da polícia. O policial Avery Cross (Cooper) torna-se protagonista, estrelando pouco mais da metade da história, e consegue manter o pique graças à atualidade da trama por ele estrelada – por mais que o palco seja os Estados Unidos, corrupção na polícia é universal. O problema maior acontece no terceiro ato do longa-metragem, quando a história foca as conseqüências dos atos de Luke e Avery até então.

No fim das contas, O Lugar Onde Tudo Termina é um bom filme que tem a longa duração como maior pecado. Os 140 minutos soam cansativos e desnecessários, até porque a ligação entre os dois personagens principais já era bastante explícita antes que a terceira história entrasse em cena. Apesar de ambos segurarem bem seus papéis, e o trecho do filme a eles confiado, soa também um certo desperdício ter em mãos Ryan Gosling e Bradley Cooper e não colocá-los atuando juntos por mais tempo. Ainda assim, trata-se de um filme com um roteiro bem amarrado que agrada.



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