Sétima Arte em Destaque: Cavalo de Guerra

Por Gabriel José – Estudante de Cinema da Uesb

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Demorei um pouco pra publicar minha opinião sobre este filme, que no meu ponto de vista, junto com O Artista, esta entre os melhores lançados este ano,fiz ate um breve comentário no meu perfil na época do Oscar quando ainda não tínhamos este maravilhoso grupo de discussão que é o Arte in Sanes.  Confesso que fiz um amplo estudo sobre filme, porque ele me fascinou desde quando o vi a primeira vez no cinema, comprei o blu ray assisti todos os extras, revi o filme e aqui esta minha opinião, que so quis descrever depois de um conhecimento detalhado dessa produção, que pra quem ainda não viu  com certeza ficará com vontade de ver . Então vamos lá.

Steven Spielberg é um homem sentimental. Seus filmes às vezes beiraram a pieguice e, em um mundo marcado por cinismo, isso pode ser considerado um defeito para muitos. Mas, ao nos mostrar um conto de coragem e amizade que, mesmo se passando no mundo “real”, apresenta-se mais como uma parábola do que como qualquer outra coisa, ser piegas pode ser uma coisa boa. Em “Cavalo de Guerra”, ele se utiliza dos olhos do animal do título para nos mostrar as virtudes de uma vida simples e os horrores de uma das mais sujas das guerras, sempre com o lado emocional em evidência.

A trama do filme segue as jornadas de Joey, cavalo de uma família rural  humilde que forja uma incrível amizade com Albert (Jeremy Irvine), filho do seu dono, Ted (Peter Mullan), e responsável por treiná-lo. Juntos, eles tentarão salvar a fazenda das mãos do ganancioso Lyons (David Twellis), arrendatário das terras onde a família vive. Quando estoura a Primeira Guerra Mundial, Albert e Joey são separados, com o cavalo sendo vendido para o exército inglês e começando sua estadia nos campos de batalha europeus.

Na parte inicial da projeção, Spielberg faz uma ode a um estilo de vida mais simples, com o tom da trama se tornando cada vez mais sombrio à medida que a guerra avança e o “romantismo” do combate clássico dá lugar às impiedosas máquinas de guerra, que destroçam tudo o que vêem pela frente. Joey leva o público consigo em diversos momentos do conflito, nos mostrando o sofrimento de soldados e civis. O impacto da brutalidade dos confrontos se torna maior graças ao contraste com o clima rural idílico proposto inicialmente, ilustrando muito bem outra grande luta da Primeira Guerra: o natural contra o maquinário.

Os cavalos que “vivem” Joey durante a película, mostra-se a grande capacidade de expressão, não só através grandes olhos, mas por todo o corpo, os animais demonstram emoções de um modo surpreendente, tornando fácil a conexão com o público. Ora, até mesmo o relacionamento de Joey com um cavalo “rival” é retratado com maestria graças ao talento dos intérpretes equinos.

Apesar de sangue jamais ser mostrado na tela, não há como negar que “Cavalo de Guerra” é um filme violento. Adepto da máxima “menos é mais”, o diretor jamais depende da violência gráfica para ilustrar os horrores pelos quais os personagens passam, deixando-os sempre implícitos e utilizando inteligentes saídas para evitar mostrá-los diretamente para o público.

Visualmente falando, trata-se de um dos trabalhos mais bonitos de Spielberg. Muito graças ao design de produção belíssimo (e historicamente acurado) de Rick Carter, mas mais ainda devido à genialidade de sempre do veterano cinematógrafo Janusz Kaminski. Ele e Spielberg buscaram inspiração nos antigos épicos da velha Hollywood, como “…E o Vento Levou” e nos westerns de John Ford, resultando em uma verdadeira carta de amor ao cinema.

Os planos abertos do filme, cheio de cores vivas e vibrantes, são tão impressionantes quanto seus planos fechados, sombrios e quase claustrofóbicos, mostrando o alcance do talento de Kaminski. Claro que também não atrapalha em nada tais cenas serem embaladas pela magistral trilha do maestro John Williams, que se mostra completamente à vontade aqui.

Meu conselho para quem for se aventurar por “Cavalo de Guerra” é que embarque com corações, olhos e ouvidos abertos para este sincero e inocente épico da sétima arte. A recompensa vale a pena.



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