Termina mais uma edição da Mostra Cinema Conquista

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Nesta sexta-feira (06) a Mostra Cinema Conquista – Ano 9 chegou ao seu sexto dia de programação e encerrou com sucesso as atividades da Uesb, Centro de Cultura e praças. A partir do dia 9, até o dia 18 de setembro, a programação segue em dez distritos de Vitória da Conquista, levando o cinema também para zona rural.

Pela manhã, na Uesb, aconteceu a Conferência “De pedra a vidraça – o crítico de cinema que virou cineasta”, com o escritor, crítico de cinema e cineasta, Celso Sabadin. Pela segunda vez na Mostra, Celso veio para contar sobre sua incrível experiência de realizar um filme depois de muitos anos trabalhando como crítico. Na oportunidade do evento, o primeiro longa-metragem dirigido por Sabadin, o documentário Mazzaropi, foi exibido na programação do Centro de Cultura. Além disso, ele também participou do Papo de Cinema junto com Joel Pizzini, onde pôde contar mais sobre o processo de criação do longa, e sobre como lidar com os personagens em filmes de perfis biográficos.

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Sobre a Mostra, Celso Sabadin comenta: “uma mostra é feita de filmes, mas os filmes você acaba vendo mais cedo ou mais tarde. O contato com as pessoas é que faz  a alma da mostra, isso que é gratificante. A Mostra de Conquista é importantíssima no sentido que envolve os estudantes, tem uma função social de formação de plateia. Quanto mais conseguir envolver estudantes e a população, mais vai ter vida longa e sucesso. Muitas mostras que acontecem pelo Brasil se preocupam só com a a comunidade cinematográfica, isso não pode acontecer aqui, com a estrutura da universidade, sempre que eu voltar, quero ver as salas cheias de estudantes, de debates, pois apesar de se chamar mostra, ela não é feita só para mostrar, ela é feita para debater ideias e, acima de tudo, pensar o cinema.”

À tarde, foi a vez do último Papo de Cinema, no Centro de Cultura. Com duas mesas mediadas pelo curador da Mostra, João Carlos Sampaio, os bate-papos giraram em torno de dois temas: a primeira mesa, formada pelos cineastas Rodrigo Grota, Kiko Mollica e Antonio Carrilho, discutiu sobre a realização em curta-metragem. E a segunda mesa, com o jornalista Gil Brito e o professor do curso de História da Uesb, José Dias, inspirada pela tríade de filmes exibidos na Mostra, O Dia Que Durou 21 Anos; Dossiê Jango; e A Memória Que Me Contam, debateu sobre a Ditadura e o cinema: as utopias de juventude diante do cerceamento das liberdades individuais.  

Antonio Carrilho, que sempre quis vir a Conquista por ser fã de Glauber Rocha, e pesquisador do Cinema Novo, comenta sobre o Papo: “A projeção do meu curta foi boa, gostei do público, dá para ver que a Mostra aqui, acontecendo já há nove anos, tem um público que gosta de participar. Exibir o filme em mostras e festivais é muito importante para minha formação como diretor de cinema, mas para além da exibição, poder discutir e ouvir opiniões sobre o seu filme, faz parte de uma construção muito maior da minha carreira como realizador. Gostei muito de estar aqui”.

A Sessão Especial A Escola Vai Ao Cinema contou com as presenças de alunos de quatro escolas de Vitória da Conquista: Coeduc, Polivalente, Modelo e Cienb, que lotaram a sala de exibição. Os estudantes puderam assistir ao curta Charllote Rousseau, de Amanda Ilara e Daniel Biurrum, vencedor do IV Prêmio Glauber Rocha, do Colégio Sacramentinas; e ao longa Uma História de Amor e Fúria, de Luiz Bolongnesi. A aluna do Coeduc, Carolaine de Souza, que participou, fala: “amei a sessão, foi muito interessante. Descobri coisas que eu não sabia com o filme Uma História de Amor e Fúria, por exemplo, que Duque de Caxias não era tão bonzinho quanto eu imaginava! Adorei o filme”.

Às 18h, a sessão contou com a presença de três realizadores, Edson Bastos, Henrique Filho e Taciano Valério, que bateram papo com o público ao final da exibição, com mediação de João Carlos Sampaio, e puderam apresentar mais a fundo as suas obras, esclarecer possíveis dúvidas e explanar sobre o processo criativo de cada filme. Os curtas exibidos foram: Cine Éden, de Edson Bastos e Henrique Filho; Através, de Amina Jorge; e o longa Ferrolho, de Taciano Valério.

Taciano Valério, que teve uma ótima recepção do público com o longa Ferrolho, comenta: “Sempre que vamos mostrar um filme é uma grande expectativa e o resultado da exibição sempre causa uma angústia, pois sabemos que a recepção provocada por um cinema como esse, que causa mudança na nossa dimensão de ver as coisas, não é a mesma dos ‘filmes e pioca’. Aqui é filme e provocação, filme e pensamento, filme de ruptura, filme de deslocamento. Essa recepção aconteceu aqui, com a temática e o universo que trabalhamos, sabemos que as pessoas ficam envergonhadas, acham asqueroso, mas no fundo, há uma dimensão humana em tudo isso. E cinema não é só assistir, é discutir, fazer correlação, isso me alimenta. Essa mostra tem um papel fundante na formação e constituição do pensamento das pessoas, ainda mais falando de uma cidade de interior, ela cumpre um papel singular.”

A sessão de encerramento da Mostra aconteceu às 21h, ocasião em que foram exibidos os curtas Versão Francesa, de Maya Da Rin; Veraneio, de Leon Sampaio; e o longa Doce Amianto, de Guto Parente e Uirá dos Reis, que segundo João Sampaio, “é o filme que fecha a mostra com a proposta de provocação e ousadia: de fazer-nos abrir a cabeça para o cinema autoral, experimental, de receber a subjetividade do outro com o olhar mais aberto”. O coordenador geral da Mostra, Esmon Primo também proferiu algumas palavras de agradecimento ao público para encerrar a Mostra.

Foram homenageados ao final, os dois professores que vieram da Escuela de Cuba, como convidados especiais da Mostra, Eduardo Eimil, que ministrou a oficina de Direção de Atores, e Yolanda Barrasa, que ministrou a oficina de Webséries. Ambosm receberam um troféu simbólico. Yolanda disse ao público do prazer de ter participado do evento, e ambos esperam que a parceria da Uesb com a EICTV só esteja começando, para que possam vir mais vezes ao Brasil.

Esmon Primo diz que o público pode esperar um evento de celebração para 2014, ano em que a Mostra Cinema Conquista completa 10 anos. “Mais uma vez a Mostra cumpriu o papel de trazer uma quantidade grande de filmes, que demonstra o potencial do nosso cinema atual, especialmente no nordeste. Também de promover a formação pelo cinema, com a programação acadêmica. Trouxemos muitos realizadores, pesquisadores, grandes nomes da cinematografia nacional passaram por Conquista. Nas praças e bairros fizemos um ótimo trabalho. Além disso, tivemos  a novidade da sessão especial A Escola Vai ao Cinema, que deve permanecer para as próximas edições, pois foi sucesso de público, não tivemos menos de 100 alunos em cada sessão.”

Para o ano que vem, ele promete: “Vamos pensar na Mostra de um a maneira especial em 2014 e fazer uma retrospectiva do que vivenciamos até aqui. Pensamos em fazer uma enquete com o público para selecionar os dez melhores filmes dos últimos nove anos, e reviver essa experiência na décima edição. Também vamos certamente exibir dois filmes feitos aqui em Conquista. Enfim, temos muitas coisas para desenvolver.” João Sampaio complementa: “Não tem como não estar satisfeito e feliz com o resultado da Mostra. Já estou pensando na próxima edição”. Texto e fotos: Ascom – Mostra Cinema Conquista



Cultura, Vitória da Conquista

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