Entrevista da Semana: José Maria Caires e a tão falada licitação do novo aeroporto de Conquista

'A sociedade, mais uma vez, terá que pressionar'
‘A sociedade, mais uma vez, terá que pressionar’

Toda semana, sempre às segundas-feiras, o Blog do Rodrigo Ferraz vai contar com alguma personalidade que será entrevistada de forma descontraída e polêmica. O primeiro sabatinado é o empresário e presidente do movimento ‘Conquista Pode Voar Mais Alto’, José Maria Caires. A escolha partiu em virtude da polêmica que tomou conta da cidade após o adiamento da publicação do edital de licitação do novo aeroporto, por ‘tempo indeterminado’. O empresário fala sobre a ‘novela’ da obra, pretensões políticas, prejuízos causados pela falta de um aeroporto de grande porte e muito mais. Boa leitura:

Rodrigo Ferraz – No último fim de semana a cidade foi surpreendida com o adiamento da licitação do novo aeroporto. Fale com sinceridade, Zé, esse aeroporto sai?

José Maria Caires – Primeiro, eu acho que o aeroporto sai. A sociedade ficou estarrecida com essa notícia, pegou todo mundo de surpresa. Houve o aviso de licitação, que foi publicado no dia 18 de junho, no Diário Oficial, e nós até alertamos que todo o anexo do edital deveria estar pronto até dia 05 de junho, mas isso não aconteceu. Isso já é um erro, um vício, no ponto de vista legal, para o edital. Mas, foram colocados os anexos e as empresas que adquiriram esse edital começaram a questionar, se poderia fazer consórcio ou não, que tipo de material era utilizado na especificação, não estava muito claro. Então a gente tem algumas perguntas e respostas do presidente da comissão de licitação do DERBA. A última solicitação foi no dia 18 de julho, onde uma das pessoas perguntou quantas empresas eram possíveis de fazer consórcio. Também não estava claro no edital. Além disso, tinham outras especificações técnicas que deixavam dúvidas no edital. Por isso é que houve o comunicado no dia 29 de julho, publicado no Diário logo depois, de que o edital estava adiado por tempo indeterminado. A primeira coisa que a gente imaginou foi que, coincidentemente, aconteceram dois fatos: primeiro foi que o governo fez um corte de R$250 milhões no orçamento. E, através do Decreto, eliminou vários gastos. Nós imaginamos que o adiamento aconteceu em virtude disso, mas, a resposta do presidente da comissão de licitação, Roberto Barreto, é que a suspensão da licitação ocorreu devido a aspectos técnicos. A sociedade deve continuar cobrando o aeroporto, é uma obra importante.

Rodrigo Ferraz – Existe uma expectativa de quando sai, definitivamente, esse edital?

José Maria Caires – Quando fala indeterminado pode ser 1 dia ou 100 anos (risos). Eu espero que seja o mais rápido possível. Porque os defeitos detectados no edital podem ser corrigidos imediatamente e ser republicado. A sociedade, mais uma vez, tem que pressionar. Vamos buscar nos reunir com o secretário de infraestrutura, se não obtivermos o sucesso esperado, realizaremos outra audiência pública, mobilizando a comunidade. Espero que isso seja uma coisa passageira, não creio que esse adiamento seja em função do corte no orçamento, até porque esse dinheiro é uma captação Federal. Vai ser rápido e esperamos que na próxima semana essa  ‘novela’ chegue ao fim.

Assinatura da licitação do aeroporto em Vitória da Conquista
Assinatura da licitação do aeroporto em Vitória da Conquista

Rodrigo Ferraz – Como você vê essa novela para descobrir quem é o ‘pai’ do aeroporto?

José Maria Caires – Eu já falei várias vezes que o ‘pai’ do aeroporto é a sociedade. Não quero desmerecer ninguém. A população tem a sua participação. Agora que o edital interrompeu vamos juntar os prováveis ‘pais’ e conseguir republicar o edital e ter uma nova data para abrir os envelopes dessa licitação de uma obra muito importante para Vitória da Conquista.

Rodrigo Ferraz – Conquista continua tendo as passagens aéreas mais caras do país?

José Maria Caires – Hoje já não é mais. Conquista já teve a passagem mais cara do mundo. Com a chegada da Azul Linhas Aéreas acabou facilitando muito. Hoje você consegue, daqui para Salvador, passagem de R$ 100 reais. Já vendemos passagem de Conquista para Curitiba por R$250 reais. De ônibus você vai até São Paulo. Melhorou muito, mas essa quantidade de passagens na promoção ainda é pequena, quando comparamos ao número de passageiros que precisam voar. Isso só vai ser resolvido com a construção do novo aeroporto.

Rodrigo Ferraz – Você já foi prefeito na cidade de Dom Basílio e sempre está na mídia devido a questão do aeroporto. José Maria Caires ainda tem pretensões políticas?

José Maria Caires – A política para mim foi uma experiência positiva, aprendi muito, mas é uma coisa do passado. Não sou filiado a nenhum partido político atualmente e não tenho interesse eleitoral. Continuo sendo eleitor de Dom Basílio, porque é a minha Terra e para que não fique parecendo que estou aqui pleiteando qualquer cargo público ou político. A forma que encontrei para lutar politicamente é brigar por coisas que são de benefício comum onde não exista objeção da sociedade. Isso faz com que eu conviva bem com todas as facções políticas.

Rodrigo Ferraz – Que tipo de prejuízos existem na cidade por não ter um aeroporto de grande porte?

José Maria Caires – O primeiro deles é a geração de empregos. As empresas de grande porte que poderiam estar instaladas aqui deixam de vir para cá porque não possuem logística rápida e veloz. Acabamos perdendo muito para cidades que têm essa facilidade de voos, municípios que, por sinal, menores que Conquista. Posso citar um exemplo, o de Petrolina. Muitos investimentos na questão da aviação vão para lá porque existe voo direto para São Paulo. Já perdemos muito. Tudo gira em torno do aeroporto, como saúde, educação. Ainda está em tempo. Vamos recuperar.



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One response to “Entrevista da Semana: José Maria Caires e a tão falada licitação do novo aeroporto de Conquista

  1. Amigo Rodrigo, esse aeroporto de Conquista está parecendo novela americana(seriado tipo Revenge), que se renova a cada temporada e nunca tem um desfecho. Todo ano tem uma novidade. Isto é uma vergonha para uma cidade do porte de Conquista, cujas lideranças petistas vivem se gabando do ‘prestígio’ que imaginam gozar junto ao governo. Será que deixaram para a próxima eleição…? Ou para a outra, quem sabe…

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